O CHAMADO II

Cinco anos se passaram, depois dos últimos acontecimentos, aquela noite, que jamais consegui esquecer, tinha as marcas em seu corpo e sua alma, e pagou o preço por isso, fui exilado do convívio dos monges daquele mosteiro onde morava, eles temiam que eu me tornasse como a fera que o havia atacado, mas isso não aconteceu, nem eu mesmo sei porque.

Hoje volto a essa cidade, não sei bem o porque, havia prometido a mim mesmo, não mais retornar, começar em outro local, onde não soubessem de nada, tentei,.. mas não consegui me manter afastado daqui.

Voltei a esse vilarejo, e tudo me parece tão diferente, por um momento pude notar os ipê floridos, os pássaros, o cheiro da relva, tudo parecia diferente.

Agora estou em frente ao Castelo daquela que me marcou, tudo tão silencioso, será que ela ainda está aqui? Pensei... não sei era dia e talvez ela estivesse adormecida em alguma torre desse castelo, decido voltar mais tarde, ao anoitecer.

O dia demorou a passar, passei horas naquela clareira, onde me entreguei ao desejo dela, parecia tudo tão diferente. Mesmo sem querer meus pensamentos sempre e voltavam aquele ser, durante todos esses anos jamais consegui esquece-la. Durante todos aqueles anos distante, nunca havia de esquecido da Condessa Emini Drakon, seu sono jamais foi o mesmo, a imagem dela percorria minha mente, estaria eu enlouquecendo? Pois á não sei o que é real ou fantasia.

Tinha tanto a perguntar, tanto a questionar... mas como seria nosso reencontro? Não sei...

Ao anoitecer escutei aquela voz, que me chamava novamente para o Castelo, eu sabia que estava nos domínios dela, e ela também sabia de minha presença, podia sentir isso. Voltei ao Castelo, ainda estava silencioso, mas dessa vez, pude vislumbrar um vulto, sob as sombras do quarto, era ela tinha certeza disso, e novamente senti-a em mim.

Por mais uma vez, encontrei-me com um de seus vassalos, cuidando dos animais, quando me aproximei, mas dessa vez foi diferente, ele simplesmente me disse:

- Bem vindo Milorde, nossa senhora o espera!

Senti o coração gelar, não pensei estar sendo esperado novamente naquelas terras. Simplesmente assenti com a cabeça, e o acompanhei em silêncio.

Dessa vez, pude adentrar no Castelo, era encantador, tudo tão perfeito, tão organizado, ele levou-me até uma enorme sala, e pediu-me para aguardar, pois sua senhora já chegaria.

Observava tudo atentamente, estava só naquela sala, mas podia sentir que alguém me observava, então tentei relaxar... precisava me acalmar.... queria vê-la novamente, precisava disso, mesmo se isso custasse minha miserável vida.

De repente a porta se abre, era ela... encantadora como sempre, linda em seu vestido vermelho... deu-me apenas um sorriso e disse:

- Bem vindo novamente a minhas terras Milorde!

Levantei-me prontamente e saudei-a... não sabia exatamente o que fazer, queria me aproximar, sentir novamente o cheiro de sua pele fria, beijar-lhe, mas esperei.

Nesse momento sua serva entra e deixa uma bandeja com uma garrafa de vinho e duas taças, então ela diz:

- Aceitaria uma taça de vinho Milorde ?

Ela era realmente um mistério, sem emoções, sem sentimentos, realmente não entendia como ela poderia se manter tão calma, enquanto meu coração estava aos saltos, dentro do meu peito.

- Certamente minha senhora, seria uma honra beber em sua companhia.

Nesse momento eu mesmo, servi o vinho e entreguei uma taça a ela, nesse momento pude notar seu olhar prateado, tão lindo quanto a lua cheia, e senti a alma gelar mais uma vez, teria eu novamente traído pelos meus desejos de tê-la novamente tão próxima, por um segundo me arrependi de ter voltado a esse lugar, tentava manter minha calma e ela parecia se divertir com isso.

Simplesmente nos observávamos mutuamente, nem uma palavra, isso estava me deixando louco, porque essa tortura, ela então sorriu docemente e disse:

- Sente-se, sejamos civilizados, e diga-me porque voltou.

Tudo naquela fêmea era encantador, sua voz era doce, e tive de me concentrar para poder responde-la mais uma vez.

- Vim porque precisava falar-lhe minha senhora, desde aquela noite, não tenho mais paz, ... queria saber o porque...

- Primeiramente Milorde, acalme esse seu coração, não pretendo ferir você, esperava sua volta.

- E por que?

- Porque... – ela silenciou por alguns segundos, então continuou. – Porque sabia que voltaria ... apenas isso.

O silêncio que pairava era terrível, como se ela estivesse lendo cada letra de meus pensamentos, senti-me envergonhado naquele momento, porque tudo o que mais desejava naquele momento era beijá-la... tocá-la novamente, e fazê-la minha mesmo que seja por uma única noite, mesmo que isso custasse minha vida.

Ela simplesmente sorriu e sorveu o vinho silenciosamente.

- Condessa... porque não me matou naquela noite? Poderia ter feito isso, estava a sua disposição e sem testemunhas, me pergunto isso todas as noites, depois de sua partida.

- Milorde... não poderia fazer isso... não se lembra de quem és não é?

- Não minha senhora, não lembro... mas gostaria muito de lembrar... para poder solucionar as duvidas que invadem minha alma nesse momento, queria resposta pra todas as perguntas que levo na alma, porque sinto-me tão ligado a senhora?

Nesse momento ela se aproxima, pude sentir teu perfume novamente, queria tocá-la, mas... não desejava enfurece-la, estava tão linda... tão delicada... diferente da fera que encotrei naquela noite

Eu queria respostas naquela noite, sobre tudo o que havia acontecido.

Ao se levantar deixou a taça sobre a mesa ao lado da minha, seus movimentos eram de uma Deusa em um ritual , pensei comigo.... é uma fera... uma caçadora, que desejava ser domada ao mesmo tempo... seu cheiro... sua pele.... podia senti-la pulsando.

De repente senti minha boca seca novamente, meu coração disparado e ela ao meu lado sussurrando em minha mente.

- Meu amado, você finalmente voltou pra mim!

As taças de vinho estavam sobre a mesa viraram, molhando os dois seres, por um segundo ela olhou pra elas, e irritou-se por isso.

Nesse momento, não pude mais resistir, pude sentir seu hálito gélido tão próximo e ao mesmo tempo tão quente, beijei-lhe com todo o desejo de minha alma e para meu espanto, ela não relutou, entregou-se aquele beijo oferecido.

Ela afastou-se de mim, sentia seu coração... descompassado, junto ao meu. Ela simplesmente disse.. venha comigo.

Como que enfeitiçado a acompanhei, até o escritório, na área leste do Castelo, era aconchegante, e ao mesmo tempo sóbrio, só então lembrei-me, eu já estive lá antes, não sei quando... mas já estive lá...lembrava de cada detalhe daquela sala, de cada móvel, de cada livro, impressionante isso, ela sorria-me, estava linda... tão calma... tão atraente.

Ela tocou meu rosto, suas mãos eram frias, mas docemente macias, descobri que a amava mais que a minha própria vida, desejava-a ainda mais.

Enlacei-a em meus braços, dessa vez meus beijos foram ainda mais ávidos, desejava-a mais que tudo, então deixei o desejo falar mais alto.

Ela retribui-o o beijo, sentia seu corpo estremecer junto ao meu, então afastei-me por um instante, ela era realmente encantadora, amava aquela vampira, e não iria mais negar esse sentimento.

Naquele momento esqueci-me de tudo, desejava apenas ela em meus braços, beijei-a novamente e ela retribuiu aquele beijo, como se o esperasse a muito tempo, podia sentir suas mãos frias em meu corpo, era mágico.

Aos poucos fomos nos entregando aquela paixão, despindo-nos de nossas roupas, e entregando-nos aquela paixão avassaladora que invadia nossa alma.

Quando tudo se acalmou e nossas almas, estavam mais leves, ela notou mais uma vez e marca minha carne e disse:

- Perdoa-me minha vida... não desejava feri-lo, foi mais forte que eu... queria que se lembrasse de nós... só isso.

Uma lágrima surgiu naquela face... beijei-a com carinho.... e simplesmente disse.

- Jamais me esqueci de você minha Rainha, esperei você tempo demais, e finalmente você voltou.

- AMO-TE.

E assim permaneceram, um nos braços do outro... desejando que esse sonho jamais terminasse.

Condessa Drakon
Enviado por Condessa Drakon em 02/09/2011
Reeditado em 01/06/2013
Código do texto: T3196358
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