O saco dos desejos
Caminhava aborrecido. De longe avistou um saco jogado na beira da estrada. Aproximou-se com seu passo cansado.
Era um saco velho, não era branco não era preto, não tinha cor definida para nossos olhos. Não era grande e nem era pequeno. Cutucou com o pé. Parecia que tinha só vento dentro do saco. Armou um chute. Deu bem no meio. O saco rolou uns dez metros. Ele aproximou-se do saco novamente. Abaixou-se e abriu a boca do saco, enfiou a mão e tirou uma bola de dentro.
Seguiu seu caminho agora levando o saco. Teve sede. Sentiu que o saco pesava em suas mãos. Quando abriu viu que dentro tinha uma garrafa com água. Bebeu, bebeu, matou a sede e a garrafa ainda ficou cheia. Continuou caminhando. Teve fome. O saco se agitou. Parou e olhou novamente dentro do saco e encontrou um lanche. Tirou um frango assado. Tirou um bolo. Tirou café. Comeu e bebeu.
Chegando a uma descida, cansado da caminhada e com os pés doendo, sentiu o saco chacoalhando. Ao enfiar a mão tirou de dentro um par de patins. Calçou e desembestou pela estrada abaixo. Rodou uns cinqüenta metros e caiu. Ralou-se todo. Enfiou a mão dentro do saco e tirou medicamentos, faixas e esparadrapos.
Continuou caminhando, agora cansado e dolorido. Pôs o saco em uma sombra. Abriu a boca do saco, entrou e desapareceu.