A Cachoeira
Pelas frestas da janela do seu quarto, apareciam raios de sol que iluminavam seus braços marcados pelos seus feitios. Todas suas ações estavam cravadas com palavras negras e bem evidentes.
A primeira vez foi a duas semana atrás, ele roubara um chiclete num estojo e à tarde, emergiu “CHICLETE” em seu antebraço. Para tirar, tomou um banho bem quente, pouco teve que esfregar daquela vez.
No outro dia, xingou um menino, sem necessidade. Sentiu-se mal por isso e depois as palavras que dissera foram escritas nos dois braço. Teve que tomar um banho mais forte. Sua mãe estranhou o barulho forte do chuveiro: “meu filho, seu chuveiro deve estar te queimando! O barulho está muito forte”. Lá dentro, toda sua pele estava vermelha vivo e seu sangue queria sopitar, ao esfregar a bucha fortemente pelos braços, sua pele saiu em pedaços.
Escondeu-se em seu quarto o resto do dia, estava ardendo, mesmo depois de ter ligado o chuveiro em excesso em água fria, quase numa temperatura glacial.
Mais uma vez, seus membros superiores estavam tatuados naturalmente e não sabia como suceder. Seu quarto semi-iluminado o resguardava em meios a uma angustia nostálgica. Havia contado um segredo de um grande amigo para meninos que não deveriam saber disso. Por um lado, não havia se importado em ter contado, era tão individualista, egoísta e nem pensava em seu futuro, por outro, apenas queria se lavar.
Ligou o chuveiro.
Deixou na temperatura mais quente. Abriu o registro ao Maximo do chuveiro. O vapor d’água começara a preencher o banheiro. Arrebentou o registro e saiu mais água. Sue pele começou a se esfacelar. Abriu mais e o chuveiro quebrou, a água saia em excesso pela parede, abriu mais, a parede cedeu e formou uma cachoeira particular escaldante. Seu banheiro se abarrotou completamente e ele se afogou.
As palavras estavam desprendidas e flutuavam na água ao seu lado.