ANALOGIA DO TODO

A N A L O G I A D O T O D O

(Ser)

Tenho por mania, de à medida que vou lendo qualquer tipo de escrita (somente em português), vou sublinhando, circulando, fazendo anotações no rodapé da página ou até mesmo transcrevendo as palavras desconhecidas e os tópicos interessantes para uma folha de papel à parte. Independente do assunto, de mais a mais, leio de tudo: romances, contos, biografias, poesias, pornografias, bula de remédio, psicologia, filosofia, política, religião, livros didáticos e para didáticos, mas gosto mais mesmo é de FICÇÃO CIENTÍFICA (escritor preferido ISAC ASIMOV).

Do pouco que já li sobre psicologia, religião e filosofia; tirei o que se segue abaixo.

Introdução

É impossível saber se tudo o que existe foi criado ou existe eternamente, embora a experiência humana sugira que tudo o que conhecemos nasce e morre, em um regime de contínua transformação.

Assim sendo, a individualidade não passa de um agregado dinâmico e transitório de átomos, células, lembranças, sentimentos, resultando na ilusão de uma entidade autônoma a que chamamos de eu.

Somos uma continuidade transformada de tudo que fomos. Nossa identidade é nossa história pessoal, preservada em nossa memória. E esta, embora fidedigna sob certos aspectos, é modificada pelo presente, segundo as necessidades deste.

Rarissimamente observamos as coisas com atenção. O presente é quase sempre vivido de maneira superficial e fortemente contaminado por nossa subjetividade. Como podemos lembrar com fidelidade aquilo que foi vivido desatentamente?

A memória não é um ato de fidelidade ao que foi, mas um processo de recriação e reinterpretação para atender as necessidades do presente e manter a ilusão de nossa continuidade psicológica no tempo.

A memória se enfraquece pela mesmice, pela rotina. Somente o querer é capaz de revitalizar a memória, estabelecendo novas associações e desenvolvendo a criatividade. O perigo da repetitividade é nos aprisionarmos em circuito fechado.

O corpo é nosso ancoradouro no mundo.

A angústia existencial do homem é querer perpetuar o que ele é, acreditando na sobrevivência, quando não na reencarnação. Ou ainda na remissão dos erros e na conjunção com o Deus (SER).

Mas o que é o SER?

A visão dos filósofos

ARISTÓTELES: O Ser é transcendente e não imanente ao universo. Deus não é todo, é limitado, porém puro intelecto.

DESCARTES: O Ser é tudo no todo. Com duas substâncias: pensante e material. Deus cria tudo por decreto arbitrário.

DIONÍSIO: O Ser é a superunidade, e está presente em tudo.

ESPINOSA: O Ser é a causa do mundo, apesar de imanente.

FICHTE: O Ser é consciência.

HERÁCLITO: O Ser é devir.

HUMBERTO ROHDEN: O Ser é imanência e transcendência.

LEIBNIZ: O Ser é criação continua, ele existe em todos as coisas, como possibilidade de Deus. (A mônada suprema).

MELISSO DE SAMOS: O Ser é infinito.

PARMÊNIDES: O Ser é Uno, imutável e imóvel, onde mudança e movimento não passam de aparências. Nada existe além do ser.

PIETRO UBALDI: O Ser é relativo, não é absoluto.

PLOTINO: O Ser é Uno e absoluto, não sendo Deus.

SANTO AGOSTINHO: O Ser está imanente em todos os homens.

SCHOPENHAUER: O Ser é a vontade.

TOMÁS DE AQUINO: O Ser é semelhante e não idêntico à criatura, Também é: unicidade, incorporeidade, perfeição, infinidade, eternidade, imutabilidade, bondade, inteligência e vontade.

XENÓFANES: O Ser move tudo, apesar de imóvel e imutável. E age pelo pensamento.

A visão das religiões

CRISTIANISMO: O SER é dotado dos atributos de onisciência, onipresença e onipotência. Para o qual existe a dor, o mal e a morte, resultantes do pecado e da queda.

ESPIRITISMO: O SER é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom.

JANAISMO: Os SERes são constituídos de mônadas e eternos, porém sem a existência de Deus.

VEDISMO: O SER se manifesta em tríplice aspecto: Brahma (o criador), Vishnu (o conservador) e Shiva (o destruidor).

Visão geral

Para os espiritualistas tudo é Deus, tudo sai e volta a Deus.

Para os materialistas tudo é matéria, tudo sai e volta a matéria.

Se trocarmos as palavras Deus e matéria pelo vocábulo TODO, tudo sai do todo e volta ao todo.

Dos princípios

DA UNIDADE: Tudo é um e a multiplicidade não passa de aparência. Todo é tudo e tudo e todo.

DO MENTALISMO: O todo é mental e tudo que existe tem mente.

DA CORRESPONDÊNCIA: O macrocosmo é a imagem do microcosmo. Tudo é a imagem do todo.

DO MOVIMENTO: Tudo se movimenta pela alternância dos opostos, fluxo e refluxo. Tudo é cíclico e se renova.

DE CAUSA E EFEITO: Não há ação sem reação correspondente.

DA POLARIDADE: Tudo é duplo e tem seu oposto (yang e yin).

DA INTERCONEXÃO: O todo afeta as partes e o que afeta as partes afeta o todo.

DO TRANSFORMISMO: Tudo se transforma e constitui a essência da alquimia.

DA UNIVERSALIDADE: Tudo é vivo.

DA HIERARQUIA: Na natureza (tudo) está organizado hierarquicamente.

Portanto o TODO é e não é intelecto, nem vontade, nem bondade, nem justiça. Esses atributos conferidos ao TODO, mesmo que em seu mais alto grau, não passam de mero antropomorfismo. O TODO está além da compreensão de suas mais elevadas individualizações.

(junho/2004)

Aleixenko
Enviado por Aleixenko em 06/06/2011
Reeditado em 03/07/2012
Código do texto: T3017116
Classificação de conteúdo: seguro