SÁBIAS COLOCAÇÕES DE UM SANTO PADRE DIANTE DO VELÓRIO DE UM TEMÍVEL CRIMINOSO

“Marcos e Marcondes eram irmãos gêmeos em todos os sentidos.

Eram de uma maldade fora do comum. Matavam, roubavam e praticavam todo tipo de atrocidade . O pior é que todos daquela redondeza morriam de medo dos dois, pois matavam gente ligada à justiça, inclusive dois juízes, um promotor de justiça e três advogados que se negaram a defendê-los, num período de dois meses. Matavam também por encomenda, por um preço irrisório. (Não que a morte tenha preço).

Era caso pra estudo. Todo mundo sabia que eram eles os autores das mortes, mas, bastava alguém sugerir... no outro dia aparecia morto e ninguém tinha pistas. (?)

Mas... como um dia é da caça ou das caças e outro, do caçador...

numa bela tarde ao anoitecer a cidade estava em polvorosa!!!

_ MATARAM “MARCOS”.

Aglomerados em todas as esquinas, porém, na casa de MARCOS, apenas MARCONDES e pouquíssimos familiares. (As boas pessoas de sua família não os toleravam.)

MARCONDES vendo a escassez de gente pra velar um corpo do irmão, pegou o carro de som, de um rapaz muito religioso, forçou-o a sair pela cidade anunciando que MARCONDES não se responsabilizaria pela vida daquele que não fosse para o velório do irmão e que verificaria no livro de visitas os comparecimentos. Caso alguém não pudesse ir, ele levaria o livro em domicílio para o faltoso assinar e se explicar!...

Bem alto gritou: AGUARDEM-ME.

_ Vou buscar nosso QUERIDO PADRE para recomendar o corpo. Acho que ele não soube, senão já teria vindo!!!...

Da Casa Paroquial o padre ouviu tudo, e logo entrou em oração.

Pediu luz ao Divino Espírito Santo.

Não demorou.

Ouviu uma voz grossa gritando seu nome.

O padre abriu-lhe a porta, fez-se de desentendido e perguntou o que ele desejava.

MARCONDES levantou um pouco a camisa e fez aparecer o cabo de um revolver que até Lampião temeria. (Disse)

_ Padre Fulano de Tal! Veja que injustiça. Mataram meu único irmão. Vou fazer justiça ainda hoje. Gostaria que o senhor fosse prestar-lhe a última homenagem e dizer a todos, que MARCOS, meu irmão gêmeo, não merecia isso, porque “ELE ERA UM SANTO”!

Quero lhe dizer, padre, que, se o senhor não fizer isso, será a próxima vítima.

O padre confirmou que faria tudo nos conformes.

Ao chegar à casa de MARCONDES, o padre se aproxima do féretro e solenemente reza.

Enquanto isso MARCONDES fixa o olhar para o padre e faz um certo manejo com a mão direita, demonstrando que faltam os elogios ao morto.

O padre, com voz trêmula diz:

_ Custa-me recomendar o corpo de um homem tão jovem. Sei da intensidade dessa dor. Meus filhos, aqui presentes, rebanho que Cristo me confiou. Preciso dizer a vocês que: ”MARCOS, em comparação com MARCONDES, era um santo”!i!

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(Adaptação. As “aspas” são minha defesa e minha condenação.)

Geneci Almeida

23/06/11