Alucinação
A noite surgi no silêncio, que as vezes era quebrado pelos andarilhos da noite, convidada surgi a solidão em meus pensamentos, com os olhos vendado pela escuridão de meu quarto, tento me desafogar do pesadelo enquanto dormia por culpa do cansaço, então acordo, podia ouvir meu coração bater, o ar ofegante de meus pulmões exalavam pavor, me levantei sobre a escuridão, procurei um interruptor de luz, no qual não encontrei, pude notar uma luz forte que atravessava uma janela, ao abri-la, senti o vento sussurrar no meu ouvido, o céu me chamou a atenção pela a enorme quantidade de estrelas brilhantes, de repente veio uma lembrança como uma flecha que dilacera um coração, a lembrança do pesadelo que me tirou o sono, olhando para o relento, em direção as estrelas, começo a me lembrar daquele sonho, onde ela partia sem explicação, então eu gritava sem ar e sem voz, pude sentir a espinha gelar e o corpo padecer, por pensar que eu a tinha perdido, mais na verdade eu sabia que nunca a tinha encontrado, nem mesmo sabia se existia.
Ali estava o corpo travado, pupilas dilatadas e o pensamento ao vento, novamente o vento passou por mim, só que mais frio, consigo vinha a duvida, que me impôs ao pensamento a existência daquele ser com quem eu tinha sonhado, um ser como ela deveria existir, mais sua beleza era surreal, sobre um impulso comecei a procurar algo para vestir, me pus a calçar um chinelo qualquer, e me joguei sobre a noite escura, a procura da resposta, ainda havia um pouco de luz pálida da lua, que me orientava até as luzes fracas da cidade, as luzes não eram o suficiente para iluminar os cantos e becos sombrios da cidade, onde o medo e o perigo habitavam, enquanto caminhava pelas ruas úmidas e escuras, pude escutar uma voz que me chamou a atenção, percebi que vinha de um beco escuro, “venha que lhe direi a resposta”, disse a voz oculta, curioso e tremulo perante tal situação, perguntei de quem era aquela voz? A voz me respondeu sem pressa, “sou o perigo que habita os lugares sombrios”, a voz era chamativa, lenta como se estivesse sentindo muita dor, de repente surgi um sussurro em meu ouvido, como se esgueira-se pelos meus ombros, então perguntei quem era o tal sussurro?
— Sou o medo, aquele que afeta tua respiração, faz teu corpo parar e teu sangue pulsar.
— O que queres? — Perguntei como se minha voz estivesse se definhando.
— Peço que não escute o perigo, pois sei bem o que queres — Falou o medo sussurrando em meu ouvido.
— Oras se tu queres a resposta terá que cruzar este beco vindo até a mim, você não vai dar ouvidos a um mentiroso como o medo.
A razão se pôs contra o sentimento, e o medo apoiava a razão, mais não foi o suficiente o bastante, o sentimento era mais forte, o medo seqüestrou meus pensamentos, fez meus batimentos aumentarem, meu corpo estava tremulo, a falta de ar me sufocava, passos em meio a escuridão caminho no beco úmido e escuro sem saber para onde estava indo, mais eu sabia que iria chegar em algum lugar. De repente, sinto um ar gelado, arrepiando todo o meu corpo, até minha alma pode sentir, uma voz triste e sem vida surgi em meio a escuridão, a sensação era que a vida acabará ali.
— O que queres cruzando o meu caminho? Perguntou-me a voz sem vida, imponente a escuridão.
— Sou o homem cujo busca a resposta sobre o meu verdadeiro ser, aquela que me completa e me faz viver, quem e você que procura saber?
— Sou a morte, aquela que captura almas quando chega a hora, não sou de conversa e nem de prosa, chego sem avisar e levo sem perguntar.
Retiro os últimos suspiros de vida, meu corpo padeceu, pensei que havia chegado meu fim, naquele momento toda a minha vida passou rapidamente como um filme sem final feliz, este era meu fim, a sensação da morte era amarga, meus olhos era os únicos a falar.
— Perdas o medo e se recupere, vá em frente, ainda não chegou a tua hora, se é a resposta que busca, a encontrará no fim deste beco, procure o tempo e ele lhe dirá o caminho. — Disse a morte, evaporando suas palavras no ar.
Caminhando sobre o chão úmido, entre a escuridão, o medo me fazia companhia,
sem muita demora, pude avistar uma luz que se pronunciava timidamente na escuridão,
seguindo a luz, fui levado até o fim do beco, que me revelava um bosque tenebroso, pude escutar duas vozes que discutiam entre si, razão e emoção, eles descordavam de tudo, não importa o que um dissesse, o outro sempre discordava, então me pus entre os dois, para dar fim aquele discurso.
— Se tu és a razão, diga-me como encontrar a resposta que tanto procura? Perguntei esperando uma resposta correta.
— O que procuras saber com tal resposta? Perguntou-me a razão.
— Procuro a luz, o ser que me completa, aquela que decifra meus pensamentos, satisfaz meus desejos e visita meus sonhos nas noites solitárias, não é hipocrisia ou egoismo, e apenas um sentimento sincero.
— Não pergunte a ele, o que você sente e amor, um sentimento imprevisível para qualquer coração. — Falou a emoção.
— O que você sabe?! — Gritou a razão.
— Amar não é uma forma lógica, e sentir, se envolver, respeitar e entender de alma os sentimentos, não se pode ir contra, não podemos defini-lo, apenas sentir e se entregar, além disso é indescritível. — Falou a emoção.
— Sim é isso que sinto, me diga onde encontro o amor? — Perguntei ansioso por uma resposta.
— Isso só o tempo dirá. — Falou a emoção.
— Onde encontro o tempo? — Perguntei eufórico.
— Mais adiante encontrara o caminho das escolhas, siga por ele e encontrará o tempo, na colina onde o tempo parou.
Me pus a andar o mais rápido possível, andando entre o denso bosque, pude notar dois caminhos, mais a emoção havia me dito que havia apenas um, no qual eu deveria seguir.
— Ambos os caminhos levam ao tempo, você devera escolher, qual caminho ira percorrer. — Uma voz me surpreendeu, mais ela estava certa, eu deveria tomar uma decisão.
— Quem é você, que me diz tal coisa? — Perguntei, olhando para os lados para descobrir de que lugar a voz surgia.
— Eu sou a Vida, o dom mais precioso, não precisa me procurar, eu estou bem diante de ti, pois eu estou em tudo que há vida, agora decida entre o caminho da esquerda ou da direita. — Me respondeu a voz da vida, serena e calma, assim como deveria ser.
— Então se todos os caminhos levam ao tempo, qual a diferença entre ambos? Perguntei para a vida.
— É simples, cada escolha que você faz diante de sua vida, a altera de formas diferente, se escolher o caminho esquerdo, ele lhe proporcionara uma vida de sucesso e realizações, com muito conforto e diversão, porem... Você viverá uma vida atormentadas por arrependimentos e erros cometidos.
Já se escolher o caminho da direita, viverá uma vida cheia de amor, cercado de amigos, levará uma vida simples e digna, porem... Sentirá se vazio ao longo de sua vida, pois ao longo deixou para trás os sonhos e desejos, como se uma parte de você estivesse morto. Então decida agora?
— viver uma vida de sucesso, riqueza e sonhos e o desejo de qualquer um, e o meu também, mais essa vida será deficiente no amor e na amizade. Viver uma vida simples, tranqüila e cheia de amor, e tudo que quero, mais mesmo assim ainda sentirei um vazio e a falta de poder sonhar de novo. A vida é cruel nesse aspecto.
— Não me classifique como cruel, apenas obedeço a lei da existência, é verdade que as vezes eu possa ser difícil, mais é assim que se faz a vida, caberá a você decidir isso, eu lhe proporciono os caminhos e seu coração faz as escolhas, saiba que há caminhos diferentes, mais se seu desejo for forte, seu coração for honrado aos seus sentimentos, qualquer escolha o levara para onde quiser.
— Já me decidi, vou escolher o caminho da direita, se o meu amor anda por este caminho, e nele que quero trilhar, pois tudo que amo faz parte de meus sonhos.
— Assim seja, siga então seu caminho. — Disse a vida.
Suspirei fundo, e caminhei sobre minhas decisões, que espelhavam meus passos, entre o bosque rebelde pude ver que o caminho estava mais íngreme, mesmo cansado e ofegante, me pus a subir mais alto, quando o cansaço subitamente me apertava, pude notar a luz que surgia no topo da colina, no meio do bosque, chegando ao topo, pude ver apenas sobre o bosque e um rio que descia próximo a colina, sem saber onde estava, me pus a gritar pelo tempo, quando repentinamente fui surpreendido por uma voz grave, mais confortante.
— Quem ousa me chamar?
— Eu, sou o homem que procura o ser que me completa, aquela que me conforta nos meus sonhos, nas noites solitárias, por isso estou a procura da resposta.
— Nada posso fazer, sou apenas o tempo, tudo que faço e seguir meu curso, mais sei quem poderá te ajudar a encontrar a resposta, siga o leito do rio, no caminho encontrará uma biblioteca na margem, na biblioteca encontrara minha filha, a sabedoria que lhe dirá onde a resposta estar.
Pus meu fardo sobre as costas, e sobre aquele terreno áspero caminhei pela margem
do rio, tentando ver além da neblina, até que no meio da densa neblina surgiu um velho em uma canoa, ele parou na margem do lado que eu estava.
— Vamos jovem, sei que procuras a sabedoria, eu te levarei até a biblioteca.
— Quem é você? E como sabe que estou indo para a biblioteca? — Perguntei confuso.
— Eu sou a tua vontade, apareço quando alguém deseja algo.
— Por que a vontade seria um velho? — Perguntei, pois ainda estava confuso com aquela duvida.
— Assim como você, os sentimentos também envelhecem, como sou a vontade, deixou o desejo a esperar, e o tempo não me espera. — Explicou a vontade.
Sem mais duvida aceitei a ajuda da vontade, subi na canoa que se perdeu sobre a densa neblina, sem poder ver nem um palmo a frente, tentei encontrar vestígios da biblioteca, que surgiu muito a diante de minha partida, a biblioteca era maior do que pensei, era enorme, maior do que o próprio ego de um homem, pus meus pés fora da canoa, corri até a porta da biblioteca, na qual se abriu diante de minha presença, a porta era enorme, devia ter exatamente quase sete metros de altura e quatro de largura, ao dar os primeiros passos adiante, pude vislumbrar um arsenal de livros, localizados em gigantescas prateleiras, com certeza eu poderia me perder entre aquele labirinto, o local estava vazio, apenas escutava o eco dos meus passos oco, comecei a gritar “oi”, e nada, então gritei pela sabedoria.
— Eis aqui que se encontra a sabedoria? — Perguntei eufórico, esperando um sinal.
— Quem me procurastes? — Respondeu uma voz serena, cativante e sinfônica.
— Sou um homem que procura a resposta, só ela me dirá onde encontro a minha parte, a parte que me completa, que me faz se perde em sonhos e me encontrar em ternura, assim caminhei sobre a fé, até chegar aqui, acordei de um súbito sonho, perambulei pelas ruas assombradas pelo perigo, escapei da morte, que me mostrou o caminho, encontrei a razão e emoção, decidi escutar a emoção, percorri ao caminho da vida, e entre eles escolhi aquele que continha o amor, subi a colina a procura do tempo, teu pai, que me indicou onde te procurar, descendo o rio de canoa, deixei a vontade me guiar, e aqui estou, implorando a ti que me digas onde encontro a resposta, pois meu coração grita, e meu corpo carrega um grande fardo.
— Não se desespere, a sua escolha era incerta, mais a vida lhe reservou uma resposta, se é ela que tanto procura, a encontrará no fim deste corredor.
Fui no encalço dos passos ocos, parecia que aquele corredor não chegava no fim, mais logo na frente eu pude notar um pequena porta branca, fui me aproximando, até poder tocar na maçaneta, abri a porta na incerteza, mais com o desejo de encontrar a resposta, ao abri notei que era uma sala simples, mais era toda branca,não havia nem uma janela, percebi que havia um homem de costas, pelas características, ele era pardo, careca e um pouco alto, ele veio em minha direção assim que me notou, em seu rosto surgiu um sorriso, que mesmo não entendendo, me deixou um pouco confortável.
— Sei que esta a minha procura, diga-me o queres comigo?
— É você a resposta que tanto procuro? — Perguntei, pois estava inseguro, a resposta parecia mais humana do que eu imaginava.
— Claro, não era eu que você tanto procurava. — Respondeu a minha questão, mais ainda estava em duvida.
— Então, se você é a resposta, me diga onde encontro o meu amor, aquela que todos as noites vejo em meus sonhos?
— Você já a encontrou. — Me respondeu a resposta.
— Como se não há vejo, não a sinto, não posso tocá-la? — O que ele queria dizer com aquela resposta, eu não entendia.
— Veja! O amor surgi entre duas pessoas, ele não se encontra, não há resposta, a única resposta e a que contém em seu coração, não há pessoa certa, não há qualifique nas qualidade que você procura, mais sim nos sentimentos que a pessoa amada e capaz de despertar em você, a única resposta e vivenciá-lo.
O que ele queria dizer, se eu ainda não havia encontrado o amor, mais por que eu tinha a sensação de que ela estava tão perto de mim, meu peito doía, minha vista estava escurecendo, meu corpo estar desfalecendo, o que esta acontecendo comigo, tudo estar apagando. Pude sentir um toque suave em minha mão, estava quente, uma mão macia e gentil segurava a minha mão, quando percebo estou em uma cama, me reviro para saber de quem era aquela mão, para minha surpresa, era a mulher de meus sonhos, posso ver nos olhos dela a profundidade de uma vida de amor, tudo fazia sentido, era apenas um sonho, mais não tinha certeza se aquela mulher era um sonho, mais com certeza ela existia, todo esse tempo do meu lado, enquanto eu a procurava freneticamente, ela estava do meu lado, o mundo era grande, mais se tornava pequeno quando aquela pessoa especial existia, não importava a distancia, ou onde estivesse, ela estava lá.