BAIANO PEGADOR
Baiano cabra macho! Vixe!
* Por Carlos Henrique Mascarenhas Pires
Monólogo de um baiano relatando um episódio de sua separação com a esposa e uma nova conquista. Com um pouco de paciência, para quem não é da Bahia, pode-se traduzir tudo. Algumas palavras foram modificadas para não assumirem uma conotação pornográfica; mas este é um tipo de linguagem somente observada nas cercanias da capital Salvador!
Eu que não utilizo os jargões da gíria tipicamente baiana, mas adoro ouvi-los, tento passar um pouco da sensação de se ouvir alguém na Bahia; apontando que não são todos os soteropolitanos que usam tais frases e palavras!
Pois é meu rei!
Fui assisti um jogo do Baêa e Vitóra e acabei saino cuns cumpadi e cheguei tarde pra porra em casa, daí minha miué foi imbora e eu estô solto na bagaceira. O casamento não deu pra consertar, intão eu imendei cum ôtra na fita! Tô aí pra isso, pra ficar nas parada de sucesso! Arrumei logo o Cheveti, botei um cherinho do Iguatemi e uns CDs de música paulêra; tudo pra isquecê a merda do Baêa que perdeu pro Vitóra de um a zero no Barradão. Foi de lascá!
Imagina que aquela pirigueti de minha mulé quiria só ficar no regue e dizia que si eu pudia ela tamem pudia; e pra eu não senta-le a mão fui tomá uma na barraca do Zeca; só pra isfriá a cabeça e não fazê bestêra, meu rei! Inxi a cara cumeno água até dimanhã!
Colé mermão! É boca de zero nove! Essa vida de iscravo de mulé pirigueti é de lascá!
Você acredita que eu sou um cagádo, porque nem bem a pirigueti saiu de casa e a vizinha viu meu cheveti trincano de lindo e foi logo si botano pra mim. É assim mermo meu rei, sordado morreu, farda in ôtro!
Foi uma carrêra retada pra arrumá o barraco pra vizinha não mangá de mim. Fiz logo uma garapa pra não ficá nervoso e pra vizinha gostosa não dá fé. Inquanto eu tava arrumano o barraco, não tirava os zói da porta, porque se ela chegasse naquela hora eu tava arregaçado! Tinha cueca minha pelo terrero e as coisa dos bacuri espaiada pela sala.
Eu tava nervoso mermo e fiquei desembestado dentro do barraco só arrumano tudo e tirano o que era da pirigueti. Vou falá pra você uma coisa; eu fiquei arroxado, e quando ela chegô eu não arrudiei e fui logo pra cima da moça.
Fiquei pensano se ela ficasse retada; ia ser uma zuada da porra, porque eu tava tarado pela gata. Se ela ficasse retada eu ia pegá ela na tora, porque comigo é assim: iscreveu não leu é anafabeta! Cê tá pensando que eu ia fica incabulado, é? É ruim ein!
Eu não queria sabê di nada; ela tem um fi que ninguém sabe quem é o pai, intão ela não ia dá pra trás comigo; tinha que se aninhá mermo, porque eu quiria era fazê amô e não qui ela inbuxasse, porque maxo que é maxo bota pra fudê e não imprenha de primêra! É como fiz aqui na minha terra: amô qui fica é amo de Itaparica!
Ela xegô e eu dei uma de caô e fui logo botano as mão nos peito dela; mas aí a gata me deu o maior carão; cê acritida que ela me disse que quiria uma coisa séra e não quiria amigá? Óia só! Ela tava pensano que eu quiria ela como rapariga! Deus é mais! Me deu logo uma caganêra da porra! Eu até sô rapariguero, mas naquela hora eu quiria só botá pra fudê!
Cumigo é assim; se deu, deu; se não deu, joga no mato; purque senão nois se lasca todo! Já imagino se a vizinha emprenhá na primêra, meu rei? Eu ia ficá virado no cão! Tudo bem que eu tava a muito tempo arriado os pneu por ela, mas não precisava aquela presepada toda.
Isso tudo é difudê; eu sô mermo é miseravão e cabô! Quando eu falo séro eu digo mermo e pronto! Falei logo pra ela na lata: - Sinhadisgraça! Vá tirano logo a rôpa vá, sua miséra! Eu no tô jogango agá em você não! A porra! Fica aí tirano onda pariceno gadinho! Vamo logo rapá! Tira a calçola e vamo botá pra quebrá aqui dentro de meu barraco!
A gata só disse "vixe maria" e foi logo ficano pelada e depois foi o ôro da babilônia! Ela é boca de zero nove e pau pra toda obra, meu rei!
Oia só; quando eu to cumeno água é foda! Caiu na área é pênalti! Se ela vacila eu tô chegano e depois eu digo: - Fui banda mel!
Carlos Henrique Mascarenhas Pires é baiano de Feira de Santana; editor da página www.irregular.com.br (este texto teve a “interferença” da leitora Mailil e você também pode interferir mais, porque eu gostei e é isso que faz a real literatura).