o jardim dos mortos
O jardim dos mortos
Andava eu,meio errante,um tanto inconstante,visitando meus fantasmas interiores,quando deparei com um parque bucólico,de arvores frondosas,cujas copas ao se entrelaçarem,filtravam os raios solares.
O entardecer começava a desmaiar e o crepúsculo não tardaria a surgir,pois,o azul celeste dividia espaço com um vermelho alaranjado do final de tarde.Curioso,me aproximei e observei no portal de ferro ,a inscrição.”JARDIM DOS MORTOS”.
Senti uma espécie de arrepio,pensando nas assombrações de minha infância.Lembrei do deformado mendigo,de unhas enormes que contava historias aterrorizantes para as crianças.Mas,como poderiam promover um local de torturas infantis,recorrendo ao imaginário dos pobres infantes?
Enchendo-me de coragem quixotesca,adentrei ao jardim e,logo,pude ouvir o canto triste de um pássaro azul,que,talvez quisesse falar;Ah!que minha alma chora por não poder falar aquilo que sinto”...
Sentei -me num banco de pedra e,súbito,a perplexidade me invadiu,interrompendo a respiração.Vultos de branco,túnicas largas,vinham, calmamente,andando em minha direção.Pareciam espectros,semi transparentes.Pouco a pouco,se dispuseram em circulo e,sorridentes,afáveis,esperavam de mim ,alguma reação.
Custava a me recuperar daquele encontro insólito,pois,nada mais nada menos,estava frente a frente com...pascal,Diógenes,Platão e Pitágoras.
Percebi que não poderia ficar naquela inércia paralisante,com uma face bovina...Com voz titubeante,abafada perguntei.”qual o sentido da vida?”
“Por que estou aqui?”
Blaise pascal se adiantou e respondeu”o silencio mais vale que a fala...”
Abaixando a cabeça,se afastou dos demais.
Diogenes,olhando bem nos meus olhos disse.”Não me tires o que não me possas dar”...e da mesma forma que o anterior ,desapereceu nas trevas do jardim.
AH1Platao,este me diria o que eu gostaria de ouvir.!
O velho filosofo ,pensou,meditou e,falou.”Só os mortos conhecem o fim da guerra!
O desanimo tomou conta literalmente de meu ser, pois,sentia que o viver sem um sentido,era morrer,de mansinho,com um jeito ,qual uma fuga de mim mesmo...
Restava Pitágoras...Olhei no fundo de seus olhos,suplicando uma resposta.”Em estado de dúvida,suspende o juízo” e,foi embora!
Narcotizado ,adormeci naquele banco,numa noite negra sem uma única estrela...
Acordei,na manha seguinte,e deparei com um jardineiro que cantava,alegremente,acompanhado pelo coro dos passarinhos “bigodinhos”.Admirei que o velho ,com uma jovialidade exultante,
Conversava com umas florezinhas que,ainda estavam na caixa para serem plantadas.
Aproximei-me e ,sabendo a resposta,indaguei.”Meu senhor,por que estou aqui,qual o sentido de viver?”
O ancião,com um sorriso maravilhosamente,alegre,respondeu.
“Meu filho,você é a felicidade infinda,harmonia e beleza,o mais novo jardineirinho deste lugar!
Sessenta anos se passaram,e,hoje aguardo u’a menina que dormirá neste banco e me substituirá...
Ela será a futura jardineira do “jardim dos mortos”