SEGUNDA CHANCE

Querido diário,

Entre as nuvens de um infinito azul entre o céu e o mar tenho a certeza de que agora completei o meu destino. Estamos no ano de 2015, e depois de realizar esta longa viagem por Paris, ter visitado seus bares e museus encantadores, finalmente retorno para a minha pátria a bordo de um avião.

Estou um pouco nervosa neste retorno, pois logo no princípio do embarque foi anunciado que sofreremos turbulências, não sei o que acontece, para a minha surpresa surge do teto uma luz muito forte, coloco as mãos no rosto para evitar, sinto forte pressão que balança o avião, não consigo me segurar,não sinto mais nada, penso apenas em ter uma nova chance, talvez eu tenha desmaiado...

Quando cheguei em casa, vi todas as luzes acesas. Então abri a porta e caminhei pelo corredor. Chegando na cozinha me deparei com toda a família jantando; estavam quinze anos mais novos. Corri em direção ao meu quarto, me aproximei do espelho, me olhei bem perto, e me vi mais jovem. Eu que tinha trinta e dois anos agora estava com dezessete. Naquele exato momento pensei no meu irmão Marcelo. Ele não estava na cozinha. Me lembrei que ele havia morrido atropelado na frente de casa. Voltei para a sala, e vi a data no antigo relógio-despertador. Era o dia vinte e dois de novembro do ano dois mil ás dezenove horas da noite, dia do acidente e morte de meu irmão mais novo.

Sai rapidamante da casa, abri o portão, corri para a rua e vi o caminhão surginho atrás de meu irmãozinho que distraído em sua bicicleta nada percebia. Consegui correr até ele, empurrei-o com toda a minha força para a calçada e o caminhão me atropelou.

Hoje querido diário, estou deformada, paraplégica e sozinha. Meu irmão se transformou em um drogado e não fala comigo. Agora olho para a janela. E na escuridão desta imobilidade vejo que é inútil mudar o futuro. A realidade nunca será como planejamos. Nunca.

Mariana Montejani
Enviado por Mariana Montejani em 19/04/2011
Reeditado em 27/10/2011
Código do texto: T2919242
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