Sayadina - A rosa do deserto.
Do nada, meus pensamentos escoaram tal areia finíssima do deserto. Tive que me centrar e por pouco esqueci de mim. O vendaval foi avassalador, carregou-me deste tempo para outras dimensões. Eu Sayadina – Fui quase engolida por uma serpente de sete cabeças. Considerado o devorador de almas. Me refugiei na nossa caverna. Sentei e meditei em meio a tempestade...
Geralmente o deserto é meu amigo, não o temo, acostumei atravessá-lo. Ele é tão lindo!
O céu é magenta, seus gases cósmicos brilham dando a noite um despertar mágico.
O deserto é minha casa. Eu me distraí, tomada em comoção. Creiam eu ao longe vi, ela estava ali, ela me chamava, brilhava mais que mil diamantes à luz do sol. Impossível não percebê-la de tão rara beleza que por segundos me esqueci do dezesseis. Logo hoje, sábado, trina chama, em conjunção de minha criação. O grande despertar! Lógico que a serpente iria querer me engolir. No auge de minha fragilidade, ela dá o bote. Rompe as areias escaldantes, gigante, imponente, sem dar-me conta da ilusão, quase fui engolida. Mais quero falar sobre o deserto. Eu não pertenço a este planeta Terra. Sou filha do Todo, nascida e criada por Ele, entre bilhões de estrelas e constelações, ainda lembro-me de brincar com minúsculos asteroides. Na parte da manhã enquanto os três sóis apontavam circulando a nossa esfera, os gases bailavam multicores no céu. A noite as luas, que alternavam-se, maiores, menores, davam a sensação de preenchimento, felicidade. Na minha casa, tudo era perfeito. Sempre que possível, meu pai me leva até lá. Hoje em minha casa estou a completar mais um ciclo do viver nas chamas místicas do fogo inesgotável. Minha segunda iniciação. Quinhentos anos ou seriam quinhentos milhões de anos. Talvez setenta trilhões. Sou muito jovem ainda. Estou eufórica! O Lorde pediu para que eu caminhasse em direção a luz azul que flutuava, elevando-me em pensamento. Alguém aqui já voou? É tão bom! Eu me sinto como vocês quando vão para a piscina, leve, livre. Voar é assim. Ela, a flor mais rara de todo o deserto veio acompanhar-me, voávamos, rodopiávamos de mãos dadas. Ela era a pureza. A luz primal. São tantas lembranças e vivências. Estudávamos sentadas em nuvens tão densas que não caíamos. Éramos quase éter. Meu pai disse para eu habitar a Terra e aprender os sentimentos a saber o que sentiam os humanos. Minha primeira tarefa. E eu desci, ultrapassei os doze portais. Me vesti de pele, carne e sangue. E meu mestre e guia trouxe-me para cá. Não estou sozinha. Pois então, hoje, justamente hoje eu retornei ao deserto, à minha casa. Revi amigos, mestres, professores, família. E fui caminhar para poder me encontrar. Esqueci do meu maior inimigo. Ele imergiu das profundas areias escaldantes. Tomei a forma das areias, ele me encontrou. Então, tornei-me mulher humana e não conseguia correr, nem voar, tornei-me fênix; - e, assim com muito custo fugi. Telepaticamente roguei proteção e logo lá estavam eles , meus protetores, os batedores d´água foram na frente, a serpente era astuta e sempre se desmaterializava retornando aos confins do Cosmos. Junto com ela sempre chegavam os opositores (demônios) não eram meros demônios, eram antigos, muito antigos, não se datava a origem deles. E assim eu Sayadina, segui até a caverna com a estrela de Órion – e lá finalmente pude refazer-me energeticamente. Retornando ao ponto zero de minha existência. Porém antes, banhei-me no líquido sagrado. Alimentei-me de especiarias. Busquei por Ele (Bendito Seja) e retornei a este planeta na condição feminil. Amanhã, segundo a luz da totalidade, tornar-me-ei senhora das sete luas sagradas (receberei da água da sabedoria), serei abençoada por Ele. (Bendito Seja). Irei recomeçar uma nova trajetória. Bendito sejam todos aqueles seres acima ou abaixo do Deserto que creem e são possuidores da fé. Desejo a todos da irmandade natural, que as águas nunca sequem e as lâminas jamais se partam. Shai-Hulud é Senhor!