Meu anjo negro

“Por que meu Senhor permitisse tais crimes? Por que meu senhor permitisse tais medos e cobrança?”

Ele apenas estava sentado em sua poltrona como de costume. Olhava com aqueles olhos negros e opacos, desprovidos de quaisquer sentimentos. Em seu rosto, um sádico e malicioso sorriso. Eu me encolhia ao chão com medo. Meus cabelos caiam sobre meu rosto e tampavam qualquer expectativa de contado visual. Eu fitava o nada. Travava em mim, uma intensa e interna batalha para não sair correndo e fugir, eu tinha medo. O medo estava estampado em meu rosto delicado. Eu cheirava a medo. Encolhia-me cada vez mais e mais para uma barreira invisível que eu colocava entre mim e ele. Lindas, delicadas lágrimas escorriam em meu rosto.

“Por que meu Senhor? Fui negligente em meu dever? Fui um anjo na qual mereça ser punido? Meu Senhor... Por que fizeste isto com vossa filha? "

Minhas asas não me servem de momento, só me lembram como ser um anjo pode ser doloroso. As penas caem como um lindo filme de terror. Caem tão suavemente que faz o tempo parecer que não passa. Ele me olha. Passo minhas mãos pelos meus ombros, meu corpo dói, ele me machucou. Minha cabeça lateja incertezas da vida.

“Meu Senhor... Por favor... Me perdoe, me perdoe...”

Ele aproximou-se de mim e me cobriu com suas asas negras. As penas caiam como lindos fios de trevas. Caiam e se uniam com as minhas. Ele alisava meu delicado rosto como se nada tivesse feito. Abraçou-me como a um pai abraça seu filho. Foi embora e me deixou. Meu choro silencioso tomou conta daquele lugar. A tristeza que sentia passava pela madeira e em conseqüência rangia pelo incomodo. Eu pequei com o ultimo suspiro de minhas forças. Paguei com o ultimo respirar de meu ser, no entanto agora, estou aqui. Pequei por amar um anjo caído e me entregar a ele.

“Desculpas não bastam?”

Fito novamente o nada, sua presença era a única que eu tinha, e agora se vai com um ultimo suspiro de dor, com um ultimo suspiro de vida, com um ultimo suspiro de amor.

KauíSilva
Enviado por KauíSilva em 05/04/2011
Reeditado em 02/12/2014
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