Deixa-me Sonhar II
Quando estavam saindo do aeroporto, verificaram a existência de um departamento
que não havia antes. Pareceu-me estranho, pois estiveram ali inúmeras vezes, sempre
no mesmo horário e nunca havia percebido aquele lugar. Ignorei o fato e nada comentei. Entretanto, com sua habitual energia não demorou que Castro argumentasse. “_Cá estou num lugar que desconheço!” disse enquanto segurava a mão dela. Eu estranhei o fato. Nunca se tocaram assim antes. O relacionamento era casual e inerente a assuntos profissionais... “_Olha Inês, vejo que estás com tua habitual alegria e quero assegurar-lhe a melhor notícia...” ... Agora além do departamento que inexistia, havia algo que eu estranhava! “Assegurar-me a melhor notícia? Em que estás a pensar? Volto para o Brasil?”-perguntou-lhe. Agora estavam em uma casa de refeições e sentados saboreando um delicioso café. Castro segurou-lhe o queixo, com mãos firmes, olhou-a demoradamente com seus plácidos olhos verdes e sorriu. “-Não imaginas o que seja minha doçura?”
A NOTÍCIA
Olhei-a. ela estava visivelmente embaraçada. Notava-se o crispar das mãos, o acelerar da pulsação.
“-Não. Não atino para o que queiras dizer!”
Ele sorriu. Fez-lhe meiguinhas nos cabelo e deu-lhe um beijinho. Inês sentiu-se mal. Percebi logo. Enxugou uma lágrima teimosa e perguntou: “_O que queres dizer-me assim que vai alegrar-me?” Ele deu um largo riso. Fez-lhe mais meiguinhas e então falou, olhando-a na cara fixamente: _Queres casar-te comigo?
Agora eu senti uma enorme felicidade e ao mesmo tempo fui sacudida por um barulho.
“_Acorda tia! Está novamente cochilando!?”
Confesso a vocês que me chateei com o sobrinho. Acordou-me bruscamente no melhor momento do sonho! |