A ETERNA BUSCA DA FONTE DA JUVENTUDE.


          Voce e' so' na vida, vive solitaria e infeliz por não ter um amor so' seu, então sonha, fantasia em um mundo de magia imaginando que um dia ''ele'' vira' montado em um cavalo branco e fica em uma ansiedade sem fim, pedindo para que o dia se acabe e ''ele'' venha te apanhar e te levar, voce nem sabe para onde, mas se ele vier ...vai.

            E assim era com Alice, que não vivia no pais das maravilhas, muito pelo contrario, vivia no pais da triste realidade, do arroz com feijão e sem bife todo dia, no mundo do dia a dia, cedo cedo todo dia levantando ,trabalhando na fabrica de elastico das seis da manhã 'as cinco da tarde, uma hora para almoço na fabrica mesmo...arrroz, feijão e ovo frito? e olhe la'...estava mais que bom, desse graças por não ser chuchu...tinha dias que era isto mesmo que tinha de mistura...chuchu!!! e ela aos vinte e cinco se considerava uma solteirona encalhada...coitada, como sofria!!!...

             E com Dorival Neto Junior era ao contrario, aos trinta e treis e ainda solteiro casar era que não queria, tinha tido tudo na vida ao nascer em berço de ouro, diamantes e porcelana, e dinheiro, muito dinheiro, nunca lhe havia faltado, tinha estudado nos melhores colegios, feito a faculdade das melhores e viajado pelo mundo em busca de aventuras e conhecimentos ,e agora voltava para assumir seu lugar junto ao avo e pai na direção da rendosa e milionaria fabrica de elasticos e tecidos elasticos.

              Alice , a garota do não pais das maravilhas, era pobre, tinha mais sete irmãos e irmãs, moravam em uma pequena chacara nos suburbios da cidade grande, e quando a fabrica de elasticos por la' perto se instalou e deu empregos para muitos naquela região, passou a ser quase como uma tradição todos da familia dela por la' irem trabalhar....e Alice tinha nascido bonita, tinha o rosto delicado, o corpo bem feito, a voz suave, e era educada por natureza, tinha sensualidade e romantismo , e cresceu ouvindo falar do filho unico do dono da fabrica de elasticos , sonhava , imaginava como ele seria....amava mesmo sem ver,  e tinha certeza que se o visse na hora o reconheceria...ele era seu principe encantando , que a viria buscar em seu cavalo branco.

                Dori, o Dorival, o filho do patrão tinha estampa, era bonito, moreno, olhos verdes, jogava futebol, fazia atletismo, tinha competido em varios campeonatos, ganhou medalhas, falava linguas estrangeiras, era culto mas como todos deste tipo era tambem orgulhoso, e orgulhoso no sentido dos sete pecados capitais, e isto não e' bom....e dirigia seu carro um sabado 'a tarde pelas estradas do bairro perto da fabrica, estava testanto em estradas, em ruas de terras, nunca seu carro tinha sido colocado para nestas estradas enfrentar....brecou rapido, deu um tranco para a direita para não atropelar cachorros que corriam pela rua e seu carro caiu em uma viela....

            Alice estava saindo e ouviu e viu tudo, correu gritando para socorrer, e seu coração parou,era ''ele'' com sangue escorrendo pela testa, tinha passado a mão na testa e sua mão tinha sangue tambem, a camisa estava suja de sangue e ela achando que ele estivesse muito ferido, deu um grito e desmaiou....ele conseguiu abrir a porta e sair e arrastou Alice para longe do carro...pessoas vieram, acudiram e não entendiam o que tinha acontecido...ele teria atropelado Alice? e a familia dela se apavorando, ele tentando explicar, conseguiu explicar com calma ao pai dela e Alice acordou....nada era tão grave e o carro foi retirado da viela, estava em condições ....e ele foi se lavar, se limpar em um  pequeno tanque em frente a casa de Alice...e ai a viu melhor, gostou do que viu, pediu desculpas ela apenas sorriu,  ele sorria e ficaram na prosa.

           Ate' o dia do casamento muita agua correu embaixo da ponte para que este dia chegasse...nem a familia dela aceitava e muito menos a dele, seus pais e avos o ameaçando com tudo, deserda-lo de tudo foi a primeira coisa que lhe disseram, ele com isto não se incomodava, tinha um fundo em seu nome depositado em bancos europeus, faria uso disto enquanto procurava uma colocação....as familias desistiram, deixem que casem, pensavam...casaram

        E Alice foi levada em não um cavalo branco, mas em um carro branco para a lua de mel e depois de navio foi para a Europa, no começo foi dificil mas Alice era esperta e sabida, tudo foi aprendendo, ficaram tres meses por la', Alice voltou outra pessoa,  para melhor.

        Elegante, sofisticada, tomava aulas particulares de tudo, conhecimentos gerais e linguas, e passou a fazer parte do circulo familiar e dos amigos que tambem 'a este circulo pertenciam...e filhos não vinham e depois de muitos exames a conclusão...Dori não poderia ter filhos, tristeza e desilusão, para Alice, que para Dori parecia que isto não importava...tinha a si mesmo, tinha Alice, para ele isto bastava...e cinco anos se passaram.

         Um dia Alice ao levantar e no espelho se olhar deu um pequeno grito...tinha rugas e alguns cabelos brancos se insinuando...Dori foi ver por que Alice gritava, saiu rindo e Alice ficou olhando para ele...parecia mais jovem esta manhã e ela se lembrou que ele ja' estava com trinta e nove anos, não tinha rugas e muito menos cabelos brancos e tinha cara de bebe, faces rosadas que sempre tinha constratado com sua pela morena....exquisito, pensou ela, e tocou a vida para a frente.

       E deste dia em diante, toda vez que Alice se olhava no espelho se achava mais velhas, mais rugas, ao redor dos olhos, da boca, seu pescoço tinha rugas tambem, tinha um olhar cansado, suas mãos tinham pintas pretas e se sentia mesmo cansada, disse isto para Dori, ele apenas ria , desconversava e dizia para ela que procurasse um medico, afinal ela ja' estava beirando  os trinta e treis.....e veja Alice, dizia ele, mostrando o rosto, os cabelos, o corpo,....como eu me mantenho jovem, saudavel...marque uma consulta....ela marcou e foi.

          Exames e mais exames, nada e apenas uma conclusão diziam ser possivel...envelhecimento precoce, teria que tomar medicamentos e mais exames fazer...tudo fez, e as rugas aumentando agora pelo corpo, seios caindo, a bunda tambem, celulites, estrias e pior, o cabelo caindo, ficando ralo, passava a escova e gritava de desespero...cabelos caindo aos montões....e Dori  sempre o mesmo, alias se remoçando mais e mais....e assim foi durante dois anos...

         Quem olhasse para Alice agora diria que ela teria mais de oitenta anos e não quarenta , seus dente ficaram cinzentos, alguns cairam, tinha emagrecido muito, se sentia fraca e abatida, cabelos cinzentos e ralos, olhos encovados, boca murcha e falava devagar, as mãos tremiam e pouco se alimentava, passava a maior parte do tempo na cama, as vezes alguem a levava para tomar sol no patio, alguns minutos e ela sentia-se mal...voltava para a cama...e Dori ao contrario parecia que remoçava, e quando dizia que ja' estava perto dos seus cinquenta ninguem lhe dava credito...parecia ter vinte, tanto na aparencia como no fisico, continuava o mesmo atleta de sempre...

        E Alice faleceu aos quarenta parecendo uma velha de oitenta e Dori no seu enterro parecia que tinha dezoito..não houve quem não notasse isto, e não houve garota nova que ele tambem não notasse e uma delas...Anabel, sobrinha de Alice sorriu para ele de um modo diferente, ele notou...afinal ela era linda , estava nos seus vinte, e na saida do enterro deu um jeito e ela foi embora com ele no carro branco...para ela , ele era o principe encantando montado em seu alazão branco....trez meses depois estavam casados, cinco anos depois ele de novo enterrava uma Anabela envelhecida....ele continuava jovem e igual....

          Nada como um coração de mãe e avo' ferido para coisas descobrir...e a velha mãe Balbina, cabloca de sete costados e das setes porteiras das encruzas e mãe querida de Alice e avo' dedicada de Anabela no meio da mata fechada, com sete tochas acesas e sete potes de ervas de cheiro, cavou sete buracos e neles colocou cheiros e chamegos, agrados de todo jeito...uma cobra viva, vermelha e preta,apareceu e se '' deitou '' devagar em uma tijela de barro virgem cheia de mel e preparos com segredos e a danada da cobra tudo foi sorvendo e quando acabou em cada um dos sete buracos entrou e no ultimo por la' ficou...e veio o vento forte e depois o barulho dos trovões e relampagos, raios e o barulho estrondoso das aguas de sete cachoeiras...e quando tudo foi se acalmando e o silencio foi ficando aterrorizante, nada se ouvia...apenas a cobra sibiliva com sua lingua dupla e ela foi crescendo, crescendo e um indio velho tomou seu lugar e dizia para mãe Balbina o que ela queria ouvir....

            O homem que não envelhecia bebia sangue todo mes das mulheres que com ele vivia...dava-lhes poções soniferas que muito tempo atras um feiticeiro estrangeiro por muitas patacas tinha-lhe vendido, e que ele com mulher não se juntasse antes dos trinta e treis e foi o que ele fez e depois disto que arranjasse a primeira que aparecesse e o sangue dela bebesse...e o feiticeiro estrangeiro tinha-lhe dado uma poção para filhos não ter e assim poder beber melhor o sangue que todo mes elas ''vertiam'' pelas partes baixas...e ele quando bebesse por la' que sugasse tudo e muito mais, as poções ajudariam, ele ficaria sempre jovem mas elas sofreriam, velhas ficariam e logo logo morreriam....e o indio velho levantou sua mão direita e foi sumindo, sumindo e a cobra tomando de novo se lugar e na mata sumindo, rapida e rasteira....

        Ficou so' mãe Balbina por ali, e as tochas foram se apagando e ela por ali mesmo dormiu e quando acordou estava em outro lugar, perto da boca da mata...foi para casa, ja' tinha decidido o que fazer...e sabia que ajuda teria para o que ela iria fazer, ....ao anoitecer foi para a boca da mata, enjoelhou, riscou pontos na terra e a cobra de mansinho chegou, ela pegou e em seu bolso colocou...levantou, seguiu.

         Andou muito, demorou para chegar, se apressava, necessitava da escuridão da noite para o que tinha que fazer...chegou na casa de Dori, se esgueirou como uma cobra rasteira e na janela do quarto dele chegou...deu um jeito e a cobra por um pequeno orificiou enfiou e esperou....não demorou, um grito ela ouviu...sorriu, esperou um pouco, a cobra voltou, ela colocou no bolso, depressa dali sumiu....andou muito e na boca da mata voltou, soltou a cobra que rapida sumiu...mãe Balbina foi dormir sossegada agora, ate' sorria e nos seus sonhos Alice , filha querida, e Anabela, neta adorada, lhe sorriam e lhe diziam adeus...

          E ate' hoje quem viu jamais se esquecera' de como Dori estava na cama em que morreu...a cama, o quarto, era um rio de sangue e ele um velho cadaverico, seco, enxague, sem uma gota de sangue sequer no corpo mumificado, o rosto seco e com os olhos arregalados e a boca escancarada...dava medo ate' nos mais valentes...e dizer que tinha ido deitar com a aparencia de um rapaz de vinte que de novo estava namorando outra sobrinha de Alice, neta de dona Balbina....Adriana, moça linda e cheia de vida nos seus vinte anos,  que ate' hoje chora a morte do seu principe encantando e sua avo' a consola...ainda bem Adriana, ainda bem que com ele não te casaste...ainda bem!!!

         Nada se provou da morte de Dori e nem muito se comentou, a familia tudo abafou, se sabiam, se souberam a ninguem disseram e muito menos mãe Balbina, cabloca ''veia'' dos setes costados da mata fechada, tão boa de fazer '' despachos '' como os melhores page's e feiticeiros do mundo, e dizem que os conhecimentos dos cablocos das matas brasileiras são tão ou mais antigos como os dos oriente, do antigo Egito...Dori na sua ansia pela ''fonte da juventude '' nem precisava procurar tão longe, tinha tudo 'a mão por aqui mesmo...gastou '' patacas'' 'a toa..
idiota!!!

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WILLIAM ROBERTO CUNHA
Enviado por WILLIAM ROBERTO CUNHA em 16/02/2011
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