ANO 5735 - O DESFECHO (Natal Celestial) Parte 10 – A DESPEDIDA
ANO 5735 - O DESFECHO
(Natal Celestial)
Parte 10 – A DESPEDIDA
Aijou num esforço muito grande de concentração consegue voltar para o seu corpo físico, mal ele consegue alinhar os seus chakras e os delírios começam, os calafrios e tremores começam ocorrer, a sensação de náusea é insuportável, ele sente todo o seu corpo com tal intensidade que ele tem que lutar para não voltar ao astral, essa luta persiste por um bom tempo que para o menino parece ser eterna, mas para os seus pais e Pedro não passou de poucos minutos.
Aijou sentindo toda a falência da matéria acaba finalmente dormindo, um sono tranqüilo, mas por cansaço da batalha em manter o alinhamento de ânima e matéria.
O desdobramento do menino foi lento desta vez, ele sentiu-se não puxado para alto, mas sentiu como se estivesse caindo um poço escuro, a sensação de frio na base do estomago era nítida, a principio ele achou que estava se desligando de vez da matéria, mas subitamente ele sente o ar de montanha na face e ele vê ao longe todas as paisagens que ele sempre via com os seus amigos, ele tinha conseguido desdobrar e estava na quinta dimensão.
“Senchi-tashi!”
“Bishoujo!”
“Denki!”
“Bishounen!”
De repente ele se lembra do seu professor, por que não falar com ele também?
“Professor Platão!”
O chamado mental foi mandado para os quatros cantos, caso o professor e os amigos estivessem desdobrados eles receberiam o chamado e viriam ao seu encontro.
“Saudades!” Projetava um grande dragão chinês colocando fogo pelas narinas, suas escamas verdes e vermelhas contrastavam com o dourado de suas unhas e chifres, era Senchi-tashi que estava projetada no formato de outro ser mitológico, para o menino a perfeição da montagem de sua ânima era assustadora, para a menina era apenas pratica e treino.
“Saudades de você também amiga, belo desdobramento você escolheu!”
“Você se curou?” Denki estava todo pintado de preto, desenhos geométricos ocupavam todo o seu corpo, em sua face duas lindas gregas negras, em seu corpo linhas finas indo do ombro aos pés, e desenhos imitando serpentes em seus braços, os desenhos eram lindos, mas o conjunto passava certa tristeza como se o menino estivesse em sua nudez trajando luto.
Bishoujo apareceu com um semblante triste, bem quando Aijou ia responder para os amigos. Ela trajava uma roupa de cor cinza com pequenos detalhes em tons vermelhos, estes detalhes, lembravam lagrimas pequenas. O corte da roupa era reto e fechava com botões laterais também cinzas e com gola chinesa. O olhar da menina e as emanações de energia ao seu redor eram tão cinza quando a roupa que usava isso mostrava a dor que ela estava sentindo.
Todos olharam para ela ao mesmo tempo, nunca eles tinham visto uma expressão de dor como aquela e foi Aijou que rompeu o silêncio:
“Cadê Bishounen?” Aijou achou que o motivo da tristeza da menina só podia ser por causa de algo ocorrido com o seu amigo, pois os dois sempre andam juntos, podia se falar que eles eram inseparáveis e agora estava apenas ela ali.
“Ele começou a apresentar a sua doença. Faz alguns dias que ele esta com febre e dores e a família dele e os curadores estão tentando curá-lo” falou a menina
“Qual o tratamento que esta sendo feito nele? Em nossa visita ao Aijou você viu que cristais, águas e ervas não surtem efeito.” Comentou Denki de maneira até certa forma indelicada.
“Vocês sabem que a família dele é da “curator ex terra”, nos meus desdobramentos tenho conversado com a família dele e com os curadores que estão tratando-o, eles estão usando o poder da terra para tentar curá-lo. Usam o barro verde, ou argila verde, pois esta é analgésica e antioxidativa, sem contar que tem uma capacidade de inibir a proliferação de bactérias. Cataplasmas de argila negra ou lama vulcânica estão sendo aplicados em seus chakras para manter estes limpos, pois esta lama tem grande poder desintoxicante.”
“Não sabia que o barro tinha poderes! E esta surtindo efeito?” interrompeu Aijou
“Sim amigos, na cultura dos “curator ex terra”, eles aprendem a lidar com a terra e com os seus poderes. Alem dessas duas lamas existe a argila rosa, branca e vermelha, mas não sei os seus poderes, pois a minha família não tem uma ligação com nenhum culto seja da água, ou seja, da terra.”
“Estão usando cristais também?” Aijou se mostrava o mais curioso afinal sua matéria estava passando por um tratamento intensivo.
“Eu vi, os curadores, tentando alinhar os chakras de Bishounen usando pêndulos que são feitos de amazonita, âmbar e diamante isso se não me falha a memória.”
Senchi-tashi que até então estava toda enrolada assume a forma de nezumi e comenta:
“Aijou, no planeta todas as crianças estão ficando doentes e quase todas com a nossa faixa etária, mas o primeiro caso foi o seu. Ouvi meus tutores falarem que uma mudança da ordem das coisas está ocorrendo no universo. Nunca em nossa orbita teve tanto visitantes de outros planetas como esta tento agora. As colônias espirituais estão quase vazias, pois verdadeiras caravanas astrais estão chegando à superfície do planeta para ajudar quem esta doente e aqueles que estão cuidando dos doentes.”
“Sim, isso eu ouvi falar também, meus pais comentaram isso comigo” falou Denki. “Eles também falaram que nezumi superiores falaram que a raça humana chegou numa encruzilhada evolucionaria e que Deus decidira o que ocorrera. Como se falou em um Deus, meus pais me alertaram para tomar cuidado com fanáticos que possam aliciar para alguma religião que acredite num Deus.”
“E se Deus existir mesmo?” Era Aijou indagando tudo como sempre
“Se Deus existe ou não, não importa, só sei que vou ficar o meu tempo desdobrado ao lado de minha outra metade e por isso tenho que ir.” Antes que qualquer um pudesse falar algo para Bishoujo ela já tinha partido para ficar ao lado de seu amigo, ou seria de sua alma gêmea?
Denki começa a falar:
“Sabe, o meu pai é um dos cientistas que estudam as mudanças cíclicas do planeta, para cada período evolucionário algo ruim ocorreu. Essa doença pelo o que eu entendi é uma doença que a muitos milhares de anos existiu, era fatal em muitos casos, mas até agora ela ainda não foi o motivo do desenlace de ninguém. Você Aijou tem tido períodos de inconsciência que tanto os mentores do astral, como as pessoas em desdobramento não sabem onde seu ânima esta, a teoria mais aceita é que você esta indo para outra dimensão, uma dimensão que ainda é um mistério para nos. Eu os pergunto estão certos?”
“Sendo muito franco com vocês amigo, não faço a mínima idéia do que se passa comigo, vejo toda a movimentação ao redor do meu corpo. Vejo meus amigos que habitam a matéria, vejo amigos em desdobramento e vejo muitos amigos do plano astral, Há tanta gente que fica cuidando de meu corpo que não sei como todos cabem em meu quarto.”
“Sei também que quando estou na minha matéria à dor e insuportável assim como o mal estar. Para conseguir estar aqui com vocês, precisei entrar em minha matéria e como ela esta muito fraca, eu entrei em sono profundo rapidamente, mas mesmo estando aqui sinto a transpiração gelada em minha matéria e a dor na minha respiração. Não há uma maneira de explicar melhor isso, pois é apenas sentindo para saber o que esta ocorrendo.”
“E você não se comunica com ninguém?” quis saber Senchi-tashi.
“A única pessoa que veio até mim, olhou-me nos olhos e falou comigo foi aquele senhor negro de olhos claros que encontramos Chikyuu, o Pai André, ele veio, conversou e me deu umas idéias com a sua maneira de falar”. À medida que as idéias iam sendo projetadas, muitas delas se mantinham por pouco tempo, ou estavam meio borradas ou apagadas, parecia que Aijou estava para despertar a qualquer momento e ele lutava para se manter no astral
“E o que você ira fazer?” quis saber Denki.
“Denki e Senchi-tashi, eu forcei a entrada de meu ânima e chamei vocês, pois eu descobri o paradeiro dos Humanos Terrestres, acreditem ou não, eles são os Uma-Ushi” falou Aijou
“Como assim?” As duvidas pareciam ter explodido na cabeça dos dois e Aijou passou da maneira mais rápida possível o que ele tinha aprendido, acrescentando:
“Eu acho que toda essa mudança que esta ocorrendo no universo envolve os três povos: Nezumi, Uma-Ushi e Tenshi.”
“Por que acha isso?” Novamente as interrogações eram em comum aos dois.
“Calma, crianças!” era Platão que chegava ao lugar secreto das crianças.
“Professor como o senhor encontrou o nosso lugar?” quis saber Denki.
“Foi Aijou que mandou um chamado para mim, eu estava em outra localidade do planeta e vim para cá o mais rápido que pude, já soube que Bishounen contraiu a doença”
“Professor...” começou a falar Aijou, mas o professor Platão fez sinal para silencio.
“Crianças, o Universo passa por uma mudança, os nossos irmãos de outras esferas estão cuidando de todos os nezumi.”
“Todos?” era novamente Aijou.
“Sim Aijou, todos os nezumi. Há muitas crianças que estão com essa doença, assim como, muitos idosos que estão deixando o corpo material e estão no astral. Estes idosos fizeram a passagem de maneira tranqüila. Eles apenas foram dormir e seus cordões de prata romperam.”
“Agora o motivo da doença dos muito jovens e do desenlace dos velhos nós não sabemos, assim como se há uma relação entre os dois fatos.”
“Há também uma grande quantidade de Tenshi em nosso astral, assim como há muitos portais para outras dimensões que estão se materializando em nosso astral”.
“Portais?” Aijou e sua eterna curiosidade.
“Menino, não seria melhor você tentar uma auto-cura da sua matéria no lugar de ficar questionando tudo?” falou o professor com tons de brincadeira para tentar amenizar as cores que emanavam de todos.
“Professor, vim aqui me despedir, dos meus amigos, pois irei até Uchi, já sei a localização e facilmente irei até lá em projeção astral.”
“Menino, esqueceu que Uchi tem quase o dobro da gravidade do Azul? Essa gravidade poderá deixá-lo preso a orbita do planeta sem conseguir voltar.”
“Se os Tenshi vão e voltam por que eu não conseguirei voltar?”
“Aijou, os Tenshi usam naves de matéria pouco densa, e teletransportadores, então seja qual for à densidade e gravidade do planeta que eles têm uma missão eles conseguem entrar e sair da orbita desde sem problemas. E por que você quer ir lá?”
“Professor Platão, não sei, mas sei que quero muito conhecer um humano terrestre, mesmo que ele não tenha mais a forma de um humano terrestre. Acho também que posso ajudá-los de alguma maneira.”
“Aijou, esqueça essa idéia, volte para o seu corpo. Aliás, meninos querem que todos despertem e todos peçam aos seus pais e responsáveis para chamar um curador para avaliar a energia de vocês. Vão!”
A reunião esta desfeita, em seu corpo Aijou desperta, mas a sua mente estava confusa devido à doença e as dores eram insuportáveis apesar de todo o tratamento.
“Mãe... Pai...”
“Aijou, meu filho esta melhor?”
“Pedro, corre aqui Aijou despertou...”
Os pais estavam felizes, Pedro estava feliz, Aijou forçava felicidade, pois talvez jamais ou tornasse a vê-los.
“Amo vocês...” num pequeno sorriso e com uma lagrima na face Aijou entra em coma.