ANO 5735 - O DESFECHO (Natal Celestial) - parte 04

ANO 5735 - O DESFECHO

(Natal Celestial)

Parte 04 – A INICIAÇÃO

Apesar do sol não ser visto devido às densas nuvens que cobriam o céu, todos sabiam que em breve o sol ficaria a pino.

No planalto praticamente estavam todos os amigos da família e outros participantes da “curator ex is aequora”. A Grande maioria dos nezumi eram rusé, mas uma pequena porção das pessoas participantes eram moradores de aglomerados nezumi e estes participantes viviam na água ou próximo a ela.

As carroças, todas de material sintético pareciam ser feitas de madeira, a maioria tinham rodas apesar dessas não tocarem no chão. Geralmente o reservatório de Água lembra velhos toneis de madeira e ficavam do lado esquerdo da carroça, o telhado de todas era côncavo. Janelas cobertas de tecido. A área de controle da carroça ficava a frente numa cúpula de material transparente dando a impressão que esta ficava ao relento.

Já os moradores de aglomerados vinham em transportes silenciosos feitos de meta-material que possuía propriedades ópticas que fazia esses veículos quando parados se misturem com ambiente, eles mimetizavam a luz refletida das plantas, rochas e animais e se não olhassem para esses veículos com atenção eles passariam despercebidos no ambientes.

Tanto as carroças como os veículos usavam a luz solar ou a água como combustível e seus motores eliminavam apenas vapor no ambiente.

Aijou olhou por toda a extensão do planalto, sua carroça esta próxima a falésia. O barulho da água caindo e das ondas do mar quebrando nas rochas era uma combinação perfeita e em breve a chuva começaria a cair.

E a chuva começou a cair, a princípio não passava de uma garoa fina e todos começaram a tirar as suas roupas, e nus começaram a saudar a chuva.

Ao longe começa a aparecer lobos, estranhos maiores que os normais com fisionomias diferenciadas, apesar de todos os lugares pelos quais Aijou passou, ele nunca tinha visto tão belos animais e este vieram calmos e os nezumi mais velhos pouco se importavam e continuavam a dançar sob a chuva, enquanto estava ficava mais grossa.

“Pai, lobos no ritual? São encantados?”

“Aijou, repare bem que a chuva passa por eles. Repare também naqueles amigos que estão vestidos túnicas longas e não ficaram nus.”

Para surpresa de Aijou, a chuva realmente passava por eles, mas o pequeno não conseguia localizar onde estava o projetor das imagens. E olhando assustado para o pai ia perguntar a respeito disso quando foi chamado no centro das pessoas que dançavam.

O ritual em si foi tolo, todos cantavam as qualidades das águas, todos evocavam a energia da água e todos confirmavam que o pequeno, não era mais o pequeno, pois agora ele era zelador da água. E enquanto fazia isso um velho senhor que Aijou nunca tinha visto antes dava a ele pequenas porções de cada água para ele beber.

Feito isso o velho pegou a mão de Aijou e apresentou a todos um por um inclusive para os lobos e pessoas vestidas, os quais apenas cumprimentaram o menino mexendo a cabeça.

Os lobos saíram em disparada e sumiram e as pessoas foram ficando translucidas até sumir.

Enquanto isso todos comiam, contavam as novidades, mas tudo era muito silencioso, pois a maioria usava a mente para se comunicar. O assunto mais discutido ou comentado era a mudança que os Oráculos tinham previsto, mas ninguém sabia falar que mudanças seriam.

O velho senhor, após apresentar Aijou para a última pessoa, senta-se a frente do menino e começou:

“Aijou, o s lobos que você viu são irmãos de terras longínquas, moradores de outros planos, são mentores e zeladores de nosso planeta. Muitos de nos damos satisfações a eles seja pessoalmente, ou seja, em desdobramento no plano de moradia desses. Para chegar a sua iniciação, os mentores precisaram desdobrar e se materializar, mas para eles manterem uma foram de nezumi ficou difícil de tão evoluídos eles são, alguns chegam a emanar luz, então a opção é assumir formas embrutecidas. Muitos escolhem forma de humanos terrestres outros de animais. Povos antigos acreditavam que esses guardiões desdobrados e materializados eram seres do mal. Outros achavam que eram deuses.”

O menino que ainda nem sabia o nome do velho senhor esta bestificado com tal informação e quando ia perguntar o nome do senhor ele se apresentou:

“Meu nome é Pedro pequeno Aijou, eu sou um zelador dos mistérios antigos.”

“Prazer”

Antes que o pequeno pudesse formular qualquer pergunta o velho começou:

“Os irmãos que você viu com vestimentas esvoaçantes, são irmãos, na sua grande maioria, ancestrais de amigos e familiares que não estão no plano físico, mas quiseram participar de sua formatura. Nós ocupamos invólucros físicos para aprendermos a dar valor aos sentimentos ditos carnais. A sentir a dor física do pisar em uma pedra pontiaguda, ou o incomodo do pé frio no meio da noite. Estamos aqui para expandir nossos conhecimentos. Quando dormimos deixamos esse invólucro e temos uma nova visão da realidade, mesmo a realidade sendo sempre uma.”

A chuva começava a parar. As tendas improvisadas onde eram servidos os alimentos e o breuvage fermenter começa a ser recolhida. Agora era hora de curtir o mato molhado e o sol na cara.

Menino e velho fazia seus pratos e sentavam em circulo. Escutava historia de pessoas que tinham conhecido povos muito atrasados que ainda achavam que Deus era o fogo. Aijou adormeceu ali sentado sob uma arvore e encharcado, mas feliz, pois agora ele fazia parte de algo.