Sete dias da Semana - Cap VII Final
Domingo
O domingo chegou. O homem se levanta. Olha do lado e sua musa não está. Aquele estranhamento logo passa, quando de fora, ouve a voz dela. Ao sair da pequena capela, olha ao seu redor. A congruência que sente é imaginável, um novo homem amanhecia. O céu estava unicamente limpo e azul, parecia contemplar a junção dos dois. Ela estava sentada em cima de um tumulo. Ele puxou assunto. _ Nunca senti o que sinto por você, nosso encontro desta noite, lateja em meu corpo até agora. Mas preciso de informações, saber quem é você? O que estamos fazendo aqui neste cemitério? Aquele ônibus...
Ela se levanta e começa a andar, diz que será franca com ele, pois não pode mentir. _ Vou relevar algo, que possivelmente você não entenda. Com um ar sombrio ela assustava o gerente. _ Tudo bem, diga, fale tudo.
_ Eu Estou morta! Matei-me enforcada há um tempo. Usei o porteiro para que você chegasse a mim, o ônibus é uma barca, lá é atemporal a sua realidade. O motorista é um viajante do inferno. É isso. Após esta revelação, o gerente não temia a pessoa dela, ficou mais fascinado. Queria saber somente como pode os dois estar juntos. _ Como?
_ Em vida tive sofrimentos por não me preparar, havia uma ignorância espiritual, eu queria respostas prontas para meu intimo, não queria superar dificuldades, subir degrau por degrau, isso acabou virando meu inferno astral. Diante disso cometi o suicídio. Sem amar um ser. Por ter sido materialista, fiquei presa a este mundo. Até que um dia, me deparei com seus pensamentos tristes. Caminhei ao seu lado. Conseqüentemente comecei a te amar. E só o verdadeiro amor desinteressado e solitário cobre uma multidão de pecados. Ela iria continuar, mas o homem não deixou, abraçou fortemente, dizia que não queria saber mais nada. Queria coabitar com ela pela eternidade, em decorrência que seu coração exacerbava um sentimento puro e bonito. _ Antes de você era um mofino sem alma! O que faço para imortalizar nosso amor?
Ela pegou em suas mãos, beijou seus lábios calmamente, queria sentir o gosto da paixão. Depois disso alegou que se ele teria dois caminhos sem volta. O primeiro era sair do cemitério e viver sempre procurado. E o segundo era morrer amando.
O ventou soprava bruscamente em volta deles. O homem largou as mãos dela, foi até o portão principal do cemitério, tirou do bolso um bilhete, leu, chorou, em seguida deixou o vento levar o papel embora. Ele tinha feito sua escolha. As folhas ao redor caiam. O gerente tinha encontrado a paz...
Misteriosamente o bilhete voava sem parar, pousando apenas em um carro, era de uma mulher que estava indo trabalhar em uma empresa do ramo comercial. Ela parou o carro, saiu dele. Tirou o papel do retrovisor. Portanto não queria jogá-lo fora. Então abre e lê...
Sete dias da semana
Sete dias da semana
A minha história começa na Segunda-Feira
E vai até domingo na maior zoeira
E neste dia minha vida irá terminar
Depois... No cemitério vou estar
O Segunda-feira, onde eu conheci um amor
Foi aí que começou toda dor
Ela parecia uma fada
Mas, colocou-me entre a cruz e a espada
Naquela noite voltava em direção ao lar
Foi quando a vi e não consegui desviar o olhar
Aquele olhar que me olhava
Aquele corpo ao andar me chamava
Nela eu vi tudo
Parecia um novo mundo
Mas... Ela sumiu
Ninguém a viu
Será que foi fruto da minha imaginação
Ou algo além da minha compreensão
Ao acordar na Terça-feira pensei
Acho que sonhei
Não pode existir uma mulher tão bela
Que uma pequena luz me encantou, mas se apagou como uma vela
Naquele dia ao anoitecer
Fiquei atento, pois ela queria ter
A noite se foi e eu me senti derrotado
Não a encontrei e estou acabado
Na Quarta-feira estava loucamente apaixonado
Por um vulto ao qual nunca estive abraçado
Minha alma estava com fome
Eu nem sabia seu nome
Como posso amar
Alguém que não posso tocar
Chegou Quinta-feira fiquei louco
De tanto gritar estava rouco
Na busca me entreguei de corpo e alma
Mas, já estava perdendo a calma
Meu coração começava a chorar
Ela só via ao sonhar
Sexta-feira eu queria morrer
Só assim conseguiria ver
O brilho de seu encanto
Que eu vi uma vez e dentro de um manto
Estava no mesmo local
Lá comecei a me senti mal
Por uma pessoa que eu nem sabia se existia
Mas... Meu corpo a queria
Então começou a chover
E desisti de procurar esse ser
No Sábado ao amanhecer
Voltei a viver
Cansei de procurar
Não vou mais esperar
Voltarei para meu caminho
Esquecer-te-ei sozinho
Meu caminho agora era uma escuridão
Foi quando eu senti uma sensação
Era, ela com aquele olhar
Meu coração voltou a amar
Queria que eu fosse atrás dela
Fui sem perguntar quem era ela
No cemitério entramos
Lá nos juntamos
E fizemos o ato de copular
Minha vida iria recomeçar
O Domingo chegou
E ela me revelou
Que estava morta
E eu teria dois caminhos sem volta
O primeiro era viver sempre procurando
E o segundo era morrer amando
Então fiz minha escolha
Começou a ventar e caíram muitas folhas
Minha vida tinha encontrado a paz...
Fim