Sete dias da semana - Cap V

Sexta- Feira

Amanheceu mais um dia, era sexta feira. Ele por ter criado um mecanismo mental jamais atrasava, até quando não queria, acordava. Naquele amanhecer preferia que não existisse. Nos últimos dias não fazia mais nada, além de pensar em uma coisa. Uma mulher! A todo o momento que isso ocorria, pranteava em silencio. Cansou de gritar a esmo. Tinha tido um sonho, enfatiza que o ato da morte levaria á aquele ser.

Aquilo ficou brotando na cabeça dele, no banho, no café, na hora da vestimenta. Olhou no relógio, ainda tinha tempo. Refutava para sair, não queria mais sofrer. Mas a sensação do amor era mais forte, tentava abjurar mais não conseguia. Ao sair pela porta de seu apartamento pensava: _ Eu queria morrer, só assim conseguiria ver.

Descendo mais uma vez pela escadaria do prédio que morava, acabou-se a encontrar o porteiro, aquele que o informou do ônibus Parque Novo Mundo, Numero 066. Acabava de ter um prelúdio de o vendo, seria um sinal que possivelmente a veria também. O porteiro ficou sem graça, porque na visão dele o gerente deveria estar uma fera, devido à pequena mentira que contou. O gerente sem pensar muito, foi para cima do porteiro, ele estava degraus a cima, quando desceu com toda sua força quase derrubou o pobre homem. _ Me digas, de onde conheces aquela linha de ônibus, eu preciso saber, eu a quero para mim, por favor, me ajude! Implorava o gerente. Ele puxou o porteiro pelo colarinho _ Fale logo! Empurrando o gerente da sua frente. _ O que está acontecendo? Não sei de nada.

Ouvindo aquelas palavras do porteiro, nosso homem nada entendeu. _ Como assim, foi você que me deu o nome e o numero do ônibus! _ Sim eu dei, mas peço desculpa, eu o enganei naquele dia, você acabou me irritando, me destratou, fiz isso por vingança, não sabia que você iria pirar. Agora, não fale nada ao sindico, ele pode me mandar embora daqui, veja bem, foi uma brincadeirinha. Cegamente o homem, nem via e ouvia que o porteiro falava, não entendia uma coisa, se aquilo foi uma “mera” brincadeira, como ele entrou no ônibus que não existe? Como ele conheceu aquela beleza rara? Olhou para o porteiro, pediu licença, e saiu das escadas.

Aquilo era irreal está acontecendo, uma penumbra. Porém com a verdade ficou mais pensativo a conclusões imaginarias. Resolveu que iria para o ponto de ônibus novamente, já estava dando a hora do seu ônibus passar. No caminho seu corpo sentia o brilho de um encanto, que ele viu uma vez dentro de um manto. Ela seria sagrada?

Por pensar demais, chegou atrasado. De longe viu a dama de sempre, subindo para o ônibus dela, ela não estava de vestido hoje, usava uma blusinha clara, um jeans apertado, pois via as curvas de seu quadril bem definidos, nos pés calcava tênis azul bebe. Ele correndo em direção ao local a gritou. _ Tenha um bom serviço! A mesma já tinha entrado no veiculo e não o ouviu.

Parado no ponto, nem ousava em colocar a dama em seus pensamentos, já admitia que seu coração fosse de outra mulher. Enquanto não chegava seu trajeto, meditabundava sua vida. Conseqüentemente sofria, sempre sofreu, desde a infância, em casa ou na rua, nunca foi feliz. Agora tinha alguém que ele amava desesperadamente. E por ironia do destino ela nem deveria existir. Aquilo pode ter sido um sonho. _ Não foi um sonho senão já teria acordado. Poderia ser um colapso. _ Não já estaria em um manicômio. Tudo ele perguntava e respondia ao mesmo tempo. Foi quando olhou para frente e viu o tal ônibus vindo em sua direção.

Acenou e o veiculo parou e abriu sua porta. Antes de subir seu coração acelerou, suas mãos suavam, suas pálpebras irritaram-se. Mesmo assim, induziu seus passos aos degraus. Quando adentrou no recinto, olhou para fundo do ônibus, não conseguia ver o final, estava muito escuro. As portas se fecharam e começou a andar. O gerente nem olhando para o motorista seguiu seu trajeto até a catraca e a ultrapassou, foi rapidamente para o banco. Percebeu que sua musa não se encontrava. Ele estava no mesmo local, e acabou se sentindo mal.

Não agüentando caiu de joelhos em cima do banco, chorou... Foi neste instante viu que tinha um pequeno embrulho no banco ao lado, tinha uma embalagem preta com uma fita rosinha, tinha o perfume dela. Não sabendo o que fazer, resolve ir ao cobrador. _ Com licença, encontrei isso no banco dos fundos. Deve ser de alguém. Oi?

_ O que queres seu bastardo! Você inquieta sua vida tanto, que acaba fedendo. Após esta repressão, o homem, volta para o fim do ônibus totalmente escuro, olha para o relógio e o mesmo continua parado. Pensa que aquele pode seu um presente para ele, para quem mais seria. Resolve abrir. Tinha um bilhete e uma moeda, no papel está escrito:

Está moeda é um pagamente que deves a esses homens, senão pagar logo eles vão te devorar. Nosso reencontro logo acontecerás novamente...

Ao termino da leitura, fica pensativo. _ Como assim me devorar? Que linguajar é este?

Olha para a moeda e vê que é de ouro com uma face sem face. Vai em direção ao cobrador, parando na frente dele. _ Está moeda é para vocês. De cabeça para abaixo, o cobrador diz: _ Se eu fosse você desistiria disso, você é um infeliz querendo felicidade no inferno. Depois desta fala ri, mas ri tanto, que sua risada chega a ser sinistra.

_ Do que está rindo? Queria saber o gerente. O cobrador olhando para os olhos do homem questiona se ele tinha certeza daquilo. _ Se diz aqui no bilhete que tenho que entregar isso a vocês, eu farei, ou o presente não era para mim?

O cobrador nem responde a pergunta do homem. Pela primeira vez fala em um tom alto com o motorista. _ Caronte meu irmão, este pobre “bafio” quer nos entregar uma moeda de ouro. O que faremos com ele? De repente aquela voz branda e serena pronuncia silenciosamente algo. _ Nosso intuito não é questionar e sim atravessar. Concluindo sua fala ele para o ônibus. Se levantando. O homem percebe que aquele motorista era alto, seus olhos além de profundos eram vermelhos de sangue. O motorista chega ao cobrador, chamando de irmão. _ Corante meu irmão, me de a moeda que depois a divido.

Visou suas pupilas para o gerente, alegando que ele deveria descer, pois o trajeto tinha se estendido demais.

_ Não vou descer. Quero explicações, e que sejam agora! Gritava. Os dois irmãos subitamente focavam nele. Corante resolve levantar-se também. Como o outro tinha as mesmas características físicas. O gerente só não conseguia ver uma coisa, a face deles.

_ Escute o que vou dizer, pois não repetimos o que falamos. Desça desta barca. Se quiser respostas procure em outro lugar, não somos pagos para sanar suas duvidas. Nada podemos fazer em relação ao seu desespero, já andamos muito com sua pequenez. Hoje inclusive passamos do horário. E se não descer logo, farei o que deveríamos ter feito antes. Desça! Esbravejou. Caronte assentiu com a cabeça.

O homem sem o que fazer. Sem o que entender. Desce. Tinha notado que ao falar daquela maneira o cobrador deixou um hálito fortíssimo no ar, que lembrava enxofre.

Descendo do ônibus, olha para o relógio, o mesmo volta a funcionar, mas mostrava que era 23h! O veiculo saí em velocidade anormal. Foi deixado no ponto que pegava ele pela manha. O que estava acontecendo, tudo fugia das regras da normalidade, voltando para seu apartamento, nota um farol de carro acenando para ele. Era sua amiga da loja. _ O que aconteceu com você? Porque não foi trabalhar? Nem ligou! Respondeu enfaticamente. _ Me deixe em paz... Saí correndo em seguida.

Ela não vai atrás. Aquele dia estava conturbado na cabeça dele, não sabia se aquilo tudo estava acontecendo, nem sabia se a mulher existia, mas o corpo dele a queria. Não entendia sobre o episodio do ônibus. Começou a chover. Os pingos de água escorrendo pelo seu rosto fez refletir. Aquilo tinha que parar, ele perdeu toda coerência, nada daquilo fazia parte do seu intimo. As lagrimas jorrando e misturando com a chuva o faz tomar uma importante decisão. Tudo iria mudar, ele iria desistir de procurar aquele ser.

Pastor Goethe
Enviado por Pastor Goethe em 14/01/2011
Código do texto: T2729582