Sete dias da Semana Cap. IV

Quinta feira

Aquela noite foi a mais sombria, passou-a em claro, não conseguiu dormir, apenas ficava vidrado nas paredes, relutava contra os pensamentos, mas não conseguia, ele admitia que aquela mulher jorrasse devaneios. Logo amanheceu o dia, mal sabia o que fazer, sentia o vazio de uma existência. Sua indagação era? Quem poderia ser aquela mulher? Já cogitava que estava em um estado de demência!

Nesta manhã de quinta, só tomou café preto, e nem adoçou, queria bem amargo, pois assim agüentaria a rotina daquele dia.

Tomou um banho, queria expurgar os pensamentos, já concluía que a face daquela mulher era degenerativa a vida dele, mas porque não conseguia parar de pensar naquele ser? Tentou fazer sua barba, mas arranjou somente um corte, como sangrou, vendo-o descer pelo seu corpo, sentiu-se atraído pela morte. Não querendo ficar naquele ambiente, resolve ir para seu marasmo diário.

Não quis ir de elevador, desceu pela escada, mas ao descer degrau por degrau, era como se a vida dele se afundasse, neste mar de lama, que ele admitia ser o amor.

Passou novamente pelo carro, e nem ligou. Naquela quinta tinha o intuito de perguntar ao porteiro, de onde ele conhecia aquela linha de ônibus? E se ficava longe este bairro, Parque Novo Mundo? Chegando à guarita, percebe que havia uma pessoa nova, não tinha percebido isso antes. _ Com licença onde está o outro porteiro? Ele por ter um ego excêntrico não sabia o nome daquele rapaz.

O novo porteiro nada sabia e a única coisa que sabia, não adiantava nada para o gerente. Ficou pensativo que a última conversa com o porteiro, ele tinha sido grosseiro e rude, mas isso não importava naquele momento, tinha que ir ao ponto, para mais uma vez sentir sua dama. Já a considerava dele, pois a emanação dela estava presente nele.

Indo em direção ao ponto, ele se recordou de sua avó, na infância ela contava historias sombrias, a mesma batizava de “Nênia” dizia que sempre quando alguém morria ninguém saia de casa a noite durante sete dias, pois se saíssem antes, poderiam encontrar os enviados da morte! Durante a semana ela comentava que ouvia vozes pelas redondezas.

Passando esta sensação inicial, de longe ele viu o ponto, e não simplesmente o objeto, mas viu aquela dama. Que parecia que tinha uma coleção de vestidos, o de hoje era rosinha claro, aproximando ele vai em direção dela, e diz:

_ Bom dia. E rapidamente antes que ela falasse: _ Eu sei que começamos errado, mas dê uma chance de recomeçarmos? Ela surpresa com aquela ação, responde:

_ Sim, podemos reiniciar nosso contato, e vejo que estás precisando, porque desde segunda, você vem piorado, não que eu esteja reparando, mas... Ele a corta.

_ Você tem razão, é que não sei o que fazer, internamente minha alma grita, estou ficando rouco, e tenho certeza que louco também.

Ela vendo a melancolia e loucura do homem, pergunta se ele tinha lido o bilhete dela. _ Sim eu li a missiva, assentiu com falas e a cabeça.

De longe vinha o ônibus dela, ela rapidamente, olha nos olhos dele. _ Tenho que ir, mas queria sentir um abraço seu, posso?

Ele sem saber o que dizer, há tempos não tinha um contato tão físico com uma mulher, acabou aceitando. Poder adentrar na pele daquele ser, sentir o sussurro da respiração no seu pescoço, foi intenso, o corpo da mulher entrando em contado com o dele, só havia uma musselina entre ambos. Mas acabou o momento, ela sorriu para ele e subiu para seu destino. O gerente sem palavras ficou imóvel. Votou-se a si, quando o seu trajeto parou no ponto.

O ônibus parou na frente do homem, ele antes de subir, resolve encarar o motorista e indagar._ Alguém esta dentro deste carro? Percebeu que neste dia o motorista tinha coberto as duas mãos. Sem reação, ele parado na porta, questiona mais: _ Onde é este bairro?

Novamente uma voz suave, resplandece da face abaixada do motorista._ Muitos querem respostas, muitos querem explicações, muitos querem viver apenas nos seus anseios, não se preocupam com nada, apenas querem saber algo, isso é nojento. Se pudesse, haveria uma mortandade em massa. Agora entre logo!

Com aquela resposta o homem resolve subir.

Passando pelo cobrador, que não esboçava nada, já tinha visto que sua dama não estava lá novamente. Sentou no banco e fechou os olhos para recordar da visão, ele se lembrava de todos os detalhes, eram ricos e as sensações eram inevitáveis. Mas foi interrompido pelo cobrador com sua voz horrível. _ Tenha calma, seu infeliz, mas digo de antemão, terás que correr contra o tempo, se entregar de corpo e alma, serás que consegues?

O homem abismado com aquelas falas, não respondeu, olhou para o relógio, e viu ele parado. Em seguida o ônibus parou, teve que descer.

Continuou parado em frente da empresa, nem viu o tempo passar, quando se deu conta, já tinha perdido quase uma hora. Assim que entrou, sua amiga veio a ele, e subitamente jogou as palavras. _ Meu amigo o que aconteceu contigo?

_ Nada demais, agora preciso ir trabalhar. Saiu e nem olhou para trás. Naquele dia nada fez, e saiu na hora do almoço e não voltou para a jornada de trabalho. Caminhou até voltar para seu apartamento. Chegando ao mesmo, foi ao banheiro e começou a chorar, não entendia porque ela só via ao sonhar. Veio à tarde e nada, veio à noite e nada, veio o sono, bateu a saudade, enfim dormiu.

Pastor Goethe
Enviado por Pastor Goethe em 13/01/2011
Código do texto: T2727516