Bom Princípio de Ano Novo!
Há mais de trinta e cinco anos resido na mesma velha casa, na João Andrade, perto da feirinha de quarta. Há uns vinte fiquei viúvo e me isolei, há uns quinze me acham um velho ranzinza.
Não tive filhos, meu casamento durou apenas oito anos. A partir da minha viuvez dediquei-me ao trabalho, do qual me aposentei dez anos depois, como 3º Sargento Reformado da Polícia Militar. Talvez seja daí que herdei a face carrancuda que carrego, mas não estou aqui para narrar os fatos que endureceram o meu coração...
Não sei como é na sua cidade na virada do Ano Novo. Aqui na minha os garotos (e agora garotas, vê se pode!) a partir da meia-noite saem batendo de porta em porta desejando o tradicional Bom Princípio de Ano Novo e com isso ganhando algumas moedas. Se bem me lembro eu também já fiz isso há mais de sessenta e cinco anos atrás e na época incomodar pessoas durante a madrugada não era algo considerado de bom tom. Mas isso foi há muito tempo, hoje os valores parecem um tanto quanto invertidos para mim.
Agora que já sabem desse costume que persiste por aqui, ficará mais fácil para entenderem um fato que ocorreu de quatro anos para cá e que me deixou muito nervoso.
Era o último dia do ano de 2007 e já ouvia o barulho de fogos vindo da praça da igreja Matriz. Não tinha conseguido ir dormir mais cedo, nessa data em questão creio que abusei um pouco do vinho, meu melhor amigo dos últimos anos, e uma “bela” dor de cabeça latejante tomava conta de mim.
Nem bem o alarme do meu relógio de pulso, um Seiko antigo, disparou trazendo consigo a virada de ano, alguém tocou a minha campainha. Eu sabia do que se tratava, mas deveria ser algum moleque novo da vizinhança, pois se fosse um dos que já me conheciam saberia que bater em minha casa seria uma tremenda perda de tempo, principalmente depois que o sol se esconde no horizonte.
Seja quem for, insistiu por mais três vezes e finalmente se foi. Sei disso pois coloquei a cabeça para fora da janela da sala pronto para soltar uns impropérios, mas no final do corredor só avistei meu pequeno portão enferrujado. Fui dormir mais emburrado do que o normal e na manhã seguinte nem lembrava do fato, mas a ressaca ainda persistiu até a tardinha.
Um ano depois, agora na véspera de 2009, já estava deitado e provavelmente tendo meus pesadelos quando a campainha explodiu novamente. Jurei arrancá-la da parede no dia seguinte. Novamente tocaram por três vezes e se foram. Dessa vez eu saí para fora e cheguei a avançar a rua para ver se eu pegava essa molecada, mas ela se encontrava vazia e até um pouco assustadora, pois diversos pontos escuros se formavam onde as luzes dos postes não alcançavam e que serviriam facilmente para ocultar qualquer bandido de bom tamanho.
Dei meia volta e voltei para cama. Levei horas para dormir, fiquei de mau humor por vários dias, mas prometi para mim mesmo que isso não voltaria a acontecer.
O ano passou rápido, eu nem vi direito, perdido que estava na minha contínua solidão, a qual passava bebericando normalmente defronte a televisão. Quando entramos em dezembro a minha memória já muito utilizada pelo tempo tardou uma eternidade para funcionar, mas não falhou.
Bem cedinho ao levantar da cama, no dia 31, antes até de escovar os dentes, peguei uma escadinha e uma chave de fenda, e feito malabarista retirei a campainha da sala e a mandei direto para o saco preto, com um olhar vitorioso coroando meu rosto. Pelas dez horas da noite me recolhi satisfeito e milagrosamente sóbrio, mas o sono que rotineiramente chegava fácil se evaporou.
Cansado de rolar na cama, o que já me provocava uma tremenda dor na lombar, me levantei e tomei um copo de leite gelado. Já me preparava para retornar para debaixo das cobertas quando por um canto do olho vi o ponteiro dos minutos se aproximando do 9, no meu velho relógio de parede instalado na entrada da cozinha. Não sei por que, mas provavelmente por eu ainda ser um homem mesquinho e vingativo, vesti rapidamente um blusão e uma calça de moletom, peguei uma cadeira e me sentei no escuro no pequeno corredor da parte de fora da casa e fixei os olhos no portão.
Creio que um minuto depois já estava dormindo sentado e exatamente quando os primeiros fogos começaram a brilhar pelo céu da cidade, abri meus olhos assustado e lá estava ele com o dedo no botão que acionaria a campainha que eu arrancara pela manhã.
Não sei se ele me viu, estava somente a cerca de uns três metros dele, mas se me notou acabou por me ignorar por completo. Tentou tocar a campainha por mais duas vezes, como tenho certeza que ele fez anos atrás, depois se virou e começou a ir embora.
No pouco tempo em que o observei, notei ser um garoto comum tendendo para o mulato, na casa dos seus nove anos de idade. Vestia uma roupa simples, um tênis claro, um boné enfiado na cabeça e trazia uma sacolinha de mercado vazia na mão que usava para se apoiar no portão, enquanto se alçava para alcançar o botão da campainha. Não havia nada de estranho nele, a não ser o olhar, de um vazio angustiante.
Assim que ele se virou e começou a andar, soltei um berro e o mandei parar, mas ele não me obedeceu. Fiquei irritado com esse desrespeito e saí no seu encalço: será que ele não sabia quem eu era?
Minha “perseguição” durou pouco, não que eu o tenha alcançado, assim que ele saiu do meu portão começou a andar apressado e minha pernas já não me ajudavam tanto como antigamente. Fui somente seguindo-o de longe, ele passou por duas ruas, escalou um muro baixo de um barracão que servia de depósito para eletrodomésticos de uma loja do centro e se virou na minha direção. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa ele pareceu perder o equilíbrio e caiu de costas muro adentro.
Alguma coisa dentro de mim, com toda a certeza a experiência por ter lidado com muitas situações de perigo, me fez correr até o muro e conseguir heroicamente me içar até o alto. Mas para minha surpresa onde o garoto caíra não havia ninguém. Calculei que ele adentrará o depósito, então desci para dentro do pátio e tentei abrir a única porta de acesso, mas em vão. Havia um cadeado do tamanho da minha mão ajudando a lacrar o local, com toda a certeza ele não passará por ali. Dei uma vasculhada, mas não o encontrei em canto algum, o garoto desaparecera.
Por via das dúvidas acionei uma viatura de polícia e registrei o fato, principalmente porque eu não consegui sair por onde entrara e o portão que dava para a rua também estava fechado.
Na manhã seguinte acordei cedo e fui dar uma investigada. O que descobri me deixou ainda mais intrigado.
O garoto que eu vira, ou pensara que vira, pertencia a uma família humilde que morava quase de frente à minha casa, numa edícula de fundo, e desaparecera exatamente há três anos atrás, na virada do Ano Novo. Sua mãe, que notadamente bebia bem mais do que eu e outros tipos de destilados de teor mais alcoólico, registrara o desaparecimento, mas aparentava ter perdido as esperanças ou nem se lembrava mais do menino, na lida com os outros seis filhos, pois não sabia nem descrever direito como ele era nem as roupas que ele usava quando sumira. Fui dando alguns detalhes e tudo foi batendo perfeitamente e fiquei branco quando ela me mostrou uma foto dele.
Depois de investigar sobre o garoto, voltei ao barracão onde ele desaparecera e dando uma de “João sem braços” fiz algumas perguntas na vizinhança.
O depósito há três anos atrás ainda não havia sido construído. A informação precisa era de que havia sido levantado rapidamente no início de 2007 e o muro serviu por um bom tempo de proteção para um aterro que estava sendo feito, pois o terreno era de um aclive formidável, quase um precipício.
Agora é necessário que eu faça um aparte nessa minha narrativa. Não sou uma pessoa cética, mas também não fico provocando o que desconheço, em outras palavras quero dizer que respeito todas as culturas e crenças, portanto a atitude que tomei foi mais por impulso do que por uma lógica qualquer.
Como pertenci a uma grande corporação antes da aposentadoria e tenho lá certa influência dentro das diversas classes políticas da minha pequena cidade, apesar de não tão participativa, dei alguns telefonemas e uma semana depois toda a frente do barracão havia sido demolida e com a ajuda de uma retro-escadeira um pessoal da polícia científica realizou uma busca nas bases da construção e dias depois, não para minha surpresa, foi encontrada a ossada de um ser humano, provavelmente de uma criança.
Depois da perícia foi constatada que a “causa mortis” havia sido uma lesão na parte posterior do crânio, sendo aberto um inquérito para apuração dos fatos, que não levou a nenhum suspeito, como eu já imaginava.
Bom, em resumo, creio que ajudei a esclarecer o desaparecimento de uma pessoa. Não foi a primeira vez, é claro, quando se trabalha na área de segurança pública mesmo numa pequena cidade, isso meio que ocorre constantemente, mas os detalhes misteriosos que levaram a essa conclusão são realmente de arrepiar, não acha?
É! Eu também achei e acreditei ser a experiência mais fascinante da minha vida, uma experiência que mesmo com a minha longa idade fez com que eu mudasse meu jeito de ver e agir diante de muitas coisas.
E se pensa que foi essa a experiência mais incrível por que passei, espere até eu lhe contar que agora, exatamente meia-noite e um do dia primeiro de janeiro de 2011, estou sentado em uma cadeira disposta na direção do meu portão, olhando para um menino que tenta apertar minha campainha. Um menino que agora possui um olhar menos perdido...
-- Bom Princípio de Ano Novo – disse ele ao notar que eu me levantava da cadeira.
-- Obrigado – respondi rápido e completei – O que posso lhe dar em agradecimento?
Ele sorriu.
-- Já me deu...
E com o mesmo sorriso no rosto foi desaparecendo enquanto flutuava lentamente em direção ao céu, onde tenho a certeza que algo de bom o aguardava.
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Boas festas para todos!
Há mais de trinta e cinco anos resido na mesma velha casa, na João Andrade, perto da feirinha de quarta. Há uns vinte fiquei viúvo e me isolei, há uns quinze me acham um velho ranzinza.
Não tive filhos, meu casamento durou apenas oito anos. A partir da minha viuvez dediquei-me ao trabalho, do qual me aposentei dez anos depois, como 3º Sargento Reformado da Polícia Militar. Talvez seja daí que herdei a face carrancuda que carrego, mas não estou aqui para narrar os fatos que endureceram o meu coração...
Não sei como é na sua cidade na virada do Ano Novo. Aqui na minha os garotos (e agora garotas, vê se pode!) a partir da meia-noite saem batendo de porta em porta desejando o tradicional Bom Princípio de Ano Novo e com isso ganhando algumas moedas. Se bem me lembro eu também já fiz isso há mais de sessenta e cinco anos atrás e na época incomodar pessoas durante a madrugada não era algo considerado de bom tom. Mas isso foi há muito tempo, hoje os valores parecem um tanto quanto invertidos para mim.
Agora que já sabem desse costume que persiste por aqui, ficará mais fácil para entenderem um fato que ocorreu de quatro anos para cá e que me deixou muito nervoso.
Era o último dia do ano de 2007 e já ouvia o barulho de fogos vindo da praça da igreja Matriz. Não tinha conseguido ir dormir mais cedo, nessa data em questão creio que abusei um pouco do vinho, meu melhor amigo dos últimos anos, e uma “bela” dor de cabeça latejante tomava conta de mim.
Nem bem o alarme do meu relógio de pulso, um Seiko antigo, disparou trazendo consigo a virada de ano, alguém tocou a minha campainha. Eu sabia do que se tratava, mas deveria ser algum moleque novo da vizinhança, pois se fosse um dos que já me conheciam saberia que bater em minha casa seria uma tremenda perda de tempo, principalmente depois que o sol se esconde no horizonte.
Seja quem for, insistiu por mais três vezes e finalmente se foi. Sei disso pois coloquei a cabeça para fora da janela da sala pronto para soltar uns impropérios, mas no final do corredor só avistei meu pequeno portão enferrujado. Fui dormir mais emburrado do que o normal e na manhã seguinte nem lembrava do fato, mas a ressaca ainda persistiu até a tardinha.
Um ano depois, agora na véspera de 2009, já estava deitado e provavelmente tendo meus pesadelos quando a campainha explodiu novamente. Jurei arrancá-la da parede no dia seguinte. Novamente tocaram por três vezes e se foram. Dessa vez eu saí para fora e cheguei a avançar a rua para ver se eu pegava essa molecada, mas ela se encontrava vazia e até um pouco assustadora, pois diversos pontos escuros se formavam onde as luzes dos postes não alcançavam e que serviriam facilmente para ocultar qualquer bandido de bom tamanho.
Dei meia volta e voltei para cama. Levei horas para dormir, fiquei de mau humor por vários dias, mas prometi para mim mesmo que isso não voltaria a acontecer.
O ano passou rápido, eu nem vi direito, perdido que estava na minha contínua solidão, a qual passava bebericando normalmente defronte a televisão. Quando entramos em dezembro a minha memória já muito utilizada pelo tempo tardou uma eternidade para funcionar, mas não falhou.
Bem cedinho ao levantar da cama, no dia 31, antes até de escovar os dentes, peguei uma escadinha e uma chave de fenda, e feito malabarista retirei a campainha da sala e a mandei direto para o saco preto, com um olhar vitorioso coroando meu rosto. Pelas dez horas da noite me recolhi satisfeito e milagrosamente sóbrio, mas o sono que rotineiramente chegava fácil se evaporou.
Cansado de rolar na cama, o que já me provocava uma tremenda dor na lombar, me levantei e tomei um copo de leite gelado. Já me preparava para retornar para debaixo das cobertas quando por um canto do olho vi o ponteiro dos minutos se aproximando do 9, no meu velho relógio de parede instalado na entrada da cozinha. Não sei por que, mas provavelmente por eu ainda ser um homem mesquinho e vingativo, vesti rapidamente um blusão e uma calça de moletom, peguei uma cadeira e me sentei no escuro no pequeno corredor da parte de fora da casa e fixei os olhos no portão.
Creio que um minuto depois já estava dormindo sentado e exatamente quando os primeiros fogos começaram a brilhar pelo céu da cidade, abri meus olhos assustado e lá estava ele com o dedo no botão que acionaria a campainha que eu arrancara pela manhã.
Não sei se ele me viu, estava somente a cerca de uns três metros dele, mas se me notou acabou por me ignorar por completo. Tentou tocar a campainha por mais duas vezes, como tenho certeza que ele fez anos atrás, depois se virou e começou a ir embora.
No pouco tempo em que o observei, notei ser um garoto comum tendendo para o mulato, na casa dos seus nove anos de idade. Vestia uma roupa simples, um tênis claro, um boné enfiado na cabeça e trazia uma sacolinha de mercado vazia na mão que usava para se apoiar no portão, enquanto se alçava para alcançar o botão da campainha. Não havia nada de estranho nele, a não ser o olhar, de um vazio angustiante.
Assim que ele se virou e começou a andar, soltei um berro e o mandei parar, mas ele não me obedeceu. Fiquei irritado com esse desrespeito e saí no seu encalço: será que ele não sabia quem eu era?
Minha “perseguição” durou pouco, não que eu o tenha alcançado, assim que ele saiu do meu portão começou a andar apressado e minha pernas já não me ajudavam tanto como antigamente. Fui somente seguindo-o de longe, ele passou por duas ruas, escalou um muro baixo de um barracão que servia de depósito para eletrodomésticos de uma loja do centro e se virou na minha direção. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa ele pareceu perder o equilíbrio e caiu de costas muro adentro.
Alguma coisa dentro de mim, com toda a certeza a experiência por ter lidado com muitas situações de perigo, me fez correr até o muro e conseguir heroicamente me içar até o alto. Mas para minha surpresa onde o garoto caíra não havia ninguém. Calculei que ele adentrará o depósito, então desci para dentro do pátio e tentei abrir a única porta de acesso, mas em vão. Havia um cadeado do tamanho da minha mão ajudando a lacrar o local, com toda a certeza ele não passará por ali. Dei uma vasculhada, mas não o encontrei em canto algum, o garoto desaparecera.
Por via das dúvidas acionei uma viatura de polícia e registrei o fato, principalmente porque eu não consegui sair por onde entrara e o portão que dava para a rua também estava fechado.
Na manhã seguinte acordei cedo e fui dar uma investigada. O que descobri me deixou ainda mais intrigado.
O garoto que eu vira, ou pensara que vira, pertencia a uma família humilde que morava quase de frente à minha casa, numa edícula de fundo, e desaparecera exatamente há três anos atrás, na virada do Ano Novo. Sua mãe, que notadamente bebia bem mais do que eu e outros tipos de destilados de teor mais alcoólico, registrara o desaparecimento, mas aparentava ter perdido as esperanças ou nem se lembrava mais do menino, na lida com os outros seis filhos, pois não sabia nem descrever direito como ele era nem as roupas que ele usava quando sumira. Fui dando alguns detalhes e tudo foi batendo perfeitamente e fiquei branco quando ela me mostrou uma foto dele.
Depois de investigar sobre o garoto, voltei ao barracão onde ele desaparecera e dando uma de “João sem braços” fiz algumas perguntas na vizinhança.
O depósito há três anos atrás ainda não havia sido construído. A informação precisa era de que havia sido levantado rapidamente no início de 2007 e o muro serviu por um bom tempo de proteção para um aterro que estava sendo feito, pois o terreno era de um aclive formidável, quase um precipício.
Agora é necessário que eu faça um aparte nessa minha narrativa. Não sou uma pessoa cética, mas também não fico provocando o que desconheço, em outras palavras quero dizer que respeito todas as culturas e crenças, portanto a atitude que tomei foi mais por impulso do que por uma lógica qualquer.
Como pertenci a uma grande corporação antes da aposentadoria e tenho lá certa influência dentro das diversas classes políticas da minha pequena cidade, apesar de não tão participativa, dei alguns telefonemas e uma semana depois toda a frente do barracão havia sido demolida e com a ajuda de uma retro-escadeira um pessoal da polícia científica realizou uma busca nas bases da construção e dias depois, não para minha surpresa, foi encontrada a ossada de um ser humano, provavelmente de uma criança.
Depois da perícia foi constatada que a “causa mortis” havia sido uma lesão na parte posterior do crânio, sendo aberto um inquérito para apuração dos fatos, que não levou a nenhum suspeito, como eu já imaginava.
Bom, em resumo, creio que ajudei a esclarecer o desaparecimento de uma pessoa. Não foi a primeira vez, é claro, quando se trabalha na área de segurança pública mesmo numa pequena cidade, isso meio que ocorre constantemente, mas os detalhes misteriosos que levaram a essa conclusão são realmente de arrepiar, não acha?
É! Eu também achei e acreditei ser a experiência mais fascinante da minha vida, uma experiência que mesmo com a minha longa idade fez com que eu mudasse meu jeito de ver e agir diante de muitas coisas.
E se pensa que foi essa a experiência mais incrível por que passei, espere até eu lhe contar que agora, exatamente meia-noite e um do dia primeiro de janeiro de 2011, estou sentado em uma cadeira disposta na direção do meu portão, olhando para um menino que tenta apertar minha campainha. Um menino que agora possui um olhar menos perdido...
-- Bom Princípio de Ano Novo – disse ele ao notar que eu me levantava da cadeira.
-- Obrigado – respondi rápido e completei – O que posso lhe dar em agradecimento?
Ele sorriu.
-- Já me deu...
E com o mesmo sorriso no rosto foi desaparecendo enquanto flutuava lentamente em direção ao céu, onde tenho a certeza que algo de bom o aguardava.
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Boas festas para todos!