Sábado transcendental
Antes que acordassem,fizessem perguntas.Se foi.
Já ali de frente àquelas mesas.azul,laranja,vermelha...
Sentada na grama,a ouvir as aves,sentir o cheiro de terra molhada.
Avistou o garoto,aquele que morrera ha três ou quarto dias.Estava feliz,jogando o popular ping-pong. Olhava para ela,dizendo as palavras de sempre:
- E ai viciada?...Até nisso?
Ia escrever,mas mudou de ideia.Preferiu registrar o momento em imagem.
Por garantia sempre carregava um lápis consigo,nunca se sabe quando pode precisar...
Não tinha borracha,mas isso não a impediu.E começou.
Sabe...foi o melhor desenho que já havia feito.Pela primeira vez conseguiu capturar cada movimento,cada dimensão.Sombras,luz...Até o vento quase ficou registrado.Ela capturou VIDA.
A sensação que tinha,é que era quase real.
Os traços,dispersos e os que teriam sido apagados,idiotamente,por ela...
Lhe refletiam a total harmonia.
Sorrindo,despediu-se com o olhar.Então regresse pelo caminho que a levara até lá.Contudo este,agora,perecia-lhe transformado.
Chegaste ao seu destino,ou melhor,ao ponto de partida.
A folha com o desenho era seu bem mais precioso.Tinha que guardá-lo no lugar mais seguro,e ao mesmo tempo,onde podia olhar sempre.
Mas...
Ao pegá-la,não havia nada.Restou apenas um pedaço de papel liso,branco.Do mesmo modo que saíra...