Sinestesia de livro
Enquanto caminhava pela longa estrada afora, via todas as cores possíveis de verde a verde. Formavam um quadro barroco com ma cena neoclássica, era um carpe diem visual sem precedentes. E ela estava sozinha. Era quase uma sensação única, se não fosse a primeira vez que sentira isso
Da outra vez, sentir de baixo.
Não via ninguém, mas pretendia. Queria, era um desejo que não subia da cabeça, que descia de baixo, que emergia de seu âmago. Voava pelo submundo da imaginação e quase caíra. Tropeçou.
Parte de seu rosto ficou esfarelada no chão, enquanto o sangue surgia levemente, atacando cada pedaço de pele do rosto sutilmente, em pequenos buracos.
Até que viu uma árvore de tronco largo e deitou-se sobre ele. Começou a ler o livro que carregara de Lewis Carroll, e entrar no livro como entrar na floresta. Era tudo maravilhoso como num sonho e nada parecia real. Mas as palavras são tão reais quanto os pensamentos. As sensações. Era uma sinestesia entre livro e floresta.
Quando terminou o livro, deixou-o no criado ao lado e foi para cozinha.