Realidade
Parati era um dos guerreiros mais fortes de sua tribo. Todo dia ele e mais outros índios saiam para caçar. Seu trabalho era guiar o grupo para os melhores animais e contra os perigos da floresta.
Em uma de suas caçadas, Parati encontra pela primeira vez o homem branco. Armados de mosquetes, eles atiram. Acertam aliados de Parati. Matam diversos índios, fazendo o restante fugir da ira das armas.
Com um sopro de vento, Parati se vê como um dos brancos mirando a arma de fogo para seus agrupados e atirando com muito prazer e raiva. Ele se sentiu dono do mundo, senhor daqueles infiéis e daquela terra.
Parati começou a se seguir com vontade e com uma cólera irracional. Pulou galhos e raízes, seguiu os rastros na grama e nas folhas amassadas. Não sabia o porquê da raiva de si mesmo, o porquê de matar a própria tribo. Só fazia, só agia.
Com outra rajada de vento, se viu novamente índio. Viu-se correndo com medo da arma que lança raios da sua boca. Sentiu sua pulsação rápida. Só pensou em correr, em se salvar. Pensou em sua responsabilidade com a tribo. Era o guerreiro mais capaz, não deveria estar correndo, mas sim defendendo suas pessoas.
Decidiu voltar. Conhecia os caminhos da floresta, conseguiria voltar sem ser visto e seguido. Deu a volta em um caminho esquecido, sem trilha, onde as marcas seriam poucas.
Chegando a tribo, sentiu-se homem branco de novo. Com raiva de ter perdido sua presa, volta à tribo para descarregar seu sentimento nas mulheres e crianças. Matou todos que viu. Sem misericórdia, levou todos ao inferno.
Como índio, ajoelhou-se no chão e sentiu a morte do seu povo pelas mãos do povo branco desconhecido e esperou por um golpe de misericórdia do seu eu europeu.