Amor de verão

Jeff não poderia imaginar que tudo chegaria naquele ponto. Jogou o cigarro fora enquanto se lembrava da noite quente e abafada em que a conheceu, nesse mesmo verão. Anne estava tão ridiculamente bonita naquele vestidinho azul, que o encantou completamente. Os cabelos loiros caiam sobre o rosto e os olhos azuis pareciam rir para ele.

- Inferno!

É lógico que ficar com ela tinha sido ótimo, mas agora ele precisava trabalhar. Dar adeus seria cruel.

Enfiou a cópia da chave na fechadura e cuidadosamente abriu a porta. Sem nem ao menos se preocupar em fecha-la começou a subir as escadas, Anne teria uma surpresa. Jeff já sabia de cor qual era a porta do quarto onde ela dormia, é lógico. Passou o verão inteiro naquela casa se escondendo dos empregados, enquanto o pai dela curtia as férias no Hawaii. Ele entrou, sem acender a luz. No mesmo instante um vulto se mexeu:

- Jeff? É você? Se for é melhor ir embora. Meu pai chegou hoje e se... - Mas nesse instante ela foi interrompida por uma faca que rompia sua garganta ao meio. Ele jogou o corpo na cama e por um segundo ele ainda pode ver o terror estampado nos delicados olhos.

- Desculpe - Murmurou enquanto fechava-os. A garota, que até um segundo atrás era o amor de sua vida, estava morta.

Tudo ia conforme tinha planejado e agora não seria diferente. Sem nem ao menos recear deu cinco tiros no barbudo que dormia de bruços e na mulher que acabara de ver o marido ser assassinado. Perfeito.

Correu o mais rápido que pode. Um homem já o esperava na calçada do outro lado da rua.

- E ai?

- De boa. - Respondeu Jeff apertando a mão enluvada de seu parceiro.

- Sério? - O outro perguntou com uma incredulidade sarcástica. - Nem uma lágrima?

- Cala a boca.

- Vê se da próxima vez não vai fazer essa merda de novo.. Se apaixonar pela filha do alvo.

Jeff o encarou.

- Eu preciso. Tenho que ter algum vinculo com as vítimas, se não... - Continuou abaixando a voz - Simplesmente não consigo.

André tentou entender.

- Que...

- Cala a boca, porra. Da próxima vez vê se me ajuda em alguma coisa.

Os dois continuaram seguindo pela noite. Entraram em um carro e só pararam quando chegaram no aeroporto da cidade. Um jatinho particular já esperava por eles.

André e Jeff sentaram lado a lado. Minutos depois o avião decolou.

- Jeff, tem certeza que você serve para ser matador de aluguel?

Sem dizer uma palavra Jeff atirou na cabeça do parceiro e contemplou o sangue que escorria pela pequena janela. Essa seria uma longa viagem...

Duarte Adriana
Enviado por Duarte Adriana em 18/10/2010
Reeditado em 18/10/2010
Código do texto: T2562818
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