As armas de avalã
As armas de avalã
j f da costa filho
Ora, diziam que naquelas serras até os grãos de areia se aglutinavam, fazendo-se armas contra real ou suposto inimigo. Ignoramos as cismas, meu primo Custódio e eu, e lá fomos naquela manhã brumosa a montar o dorso da que ostentava mais violenta ondulação.
Subimos de dois alguma parte dela e, de quatro, todo o restante. Enfim, no topo. Lá, encontramos a figura da solidão. Era robusta e dominava toda a vasteza. Mostrava-se senhora, cabeça envolta em sóbria auréola de arminho nevoento. O primo, subtraindo-me a coragem para acrescer a sua, avolumou-se em disposição para interrogatório de muito desejar saber.
- Que te passa, ó rancorosa criatura, para teres por adversos todos os que de ti se aproximam nestes patamares alterosos?
- Sim, que te passa? reforcei, timidamente, a indagação.
Fala alguma secundou a nossa. Mas o brusco ribombar dos elementos denunciou que aconteceria resposta. Começou, então, a fechar-se a imensidão a nossa volta. Encaramo-nos apavorados e passamos a dobrar as largas abas dos chapéus de palha sobre o rosto para protegê-lo.
Vergastavam-nos as impiedosas armas de avalã.