A CABANA DOS SONHOS Parte II

(continuação)

Escute atentamente: eu sou Star Deep Foreman, e estou viva, entendeu? Viva, e foi exatamente assim que aconteceu:-: Nós estávamos pesquisando uma caverna, lá na África do Sul, lembra-se? E aconteceu o tremor de terra. O que você não sabe é que a terra abriu-se sob meus pés e eu caí num poço profundo, tendo como última visão o seu desespero diante do desabamento de onde eu estava. Caí num vácuo, quase sem sentidos, e fui despertada pelo mergulho na água gelada de uma nascente bem ali em baixo e corre para fora, por longa distância como um rio subterrâneo. Não sei bem como fui parar tão longe da caverna, no meio da mata. Estava muito machucada, por causa da queda, e desmaiei, nas margens do riacho. Fiquei muito tempo em coma, aos cuidados de nativos. Foi quando pedi ajuda à alguem que pudesse se deslocar no tempo imaginário, e o encontrasse, e aquí estou! Eu vivia dizendo à você que eu sempre vivifiquei a criança alegre que sempre existiu dentro de mim, lembra-se?

Dresley não podia acreditar no que ouvia, e gritou assustado: — Pare com essa história, menina! Acho que estou ficando louco! Isso mesmo- louco!

— Não, Dresley, você não perdeu a razão e vou esclarecer só mais uma coisa:

Você já sentiu que este lugar exatamente onde nós estamos, você, eu, a cabana e o pássaro, é diferente, não é um lugar como outro qualquer. Senão eu não poderia ter vindo ajudá-lo. E essa história de minha mãe, é simples assim: è comum que pessoas adultas se esqueçam de vivificar a alegria contagiante de sua infância, com seus sonhos, projetos feitos de luz, imaginação do imponderável e onde tudo se realiza, não é assim? Pois bem... o que estou tentando faze-lo entender é uma criação da minha imaginação e acho que todo adulto é pai, e responsável pela criança que existe dentro de si. Simples, não acha? Sendo assim, eu sou Star Deep Foreman, filha de Star Deep Foreman, sua esposa e foi ela que mandou-me á sua procura, e aqui estamos nós!

Dresley agora só ouvia sem nenhuma reação, porque a menina agora bailava na sua frente, fragmentada, de uma tênue luz verde que esmaecia, desaparecendo lentamente, e ele sentindo um sono quase irresistível. Só ouviu uma última súplica: venha ao meu encontro! Montanha Magaliesberg! E adormeceu profundamente.

Amanheceu, e o dia estava radiante. Um raio de sol adentrou a casa, refletiu-se em um espelho da sala, e iluminou o rosto de Dresley, num ângulo matematicamente correto. Ele despertou. Demorou um pouco para situar-se, mas aquela luz refletida o atraia irresistivelmente; levantou-se e já caminhava em sua direção, quando ouviu o canto alegre de um pássaro que quebrava o silêncio, lá na mata Imediatamente lembrou-se do “sonho” com uma alegria incontida, ainda mesclada de dúvidas, e saiu num ímpeto, para fora da casa. Os dois, ele e o pássaro saíram da floresta, rumo à liberdade, à vida.

Olhou com alegria, para o lugar onde a terra estivera preparada para o plantio, agora com flores incrivelmente belas.

Agora achou facilmente o caminho de volta para o hotel. Lá chegando, procurou acalmar a todos que o procuravam, e tomou uma decisão: iria para a África do Sul, rumo à Montanha Magaliesberg!

África do Sul

Após a decolagem, confortavelmente reclinado em sua poltrona, através da janela visualizava com olhar fixo o horizonte imóvel que lhe dava suporte para divagações.

Fora tudo tão rápido! A floresta, aquele abrigo, aquela menina que brilhava como a uma esmeralda naquela noite escura, trazendo-lhe uma esperança que, por ela, percorreria o mundo todo se preciso fosse, e aqui estava agora,voando alto com o coração cheio de esperança, por mais alucinante que tivessem sido os últimos acontecimentos.

Quando foi anunciado que a aterrissagem estava próxima, já havia planejado minuciosamente o que faria quando chegasse. Procuraria colegas que na época do acidente ajudaram- no na busca incessante e os convenceria de que ela estava viva, talvez vivendo em uma aldeia no interior das montanhas, sem a consciência do que havia acontecido, e sem saber quem realmente era. Tudo sairia perfeito, com certeza!

A voz do comandante anunciou a chegada em poucos minutos, e ele já estava pronto para iniciar a busca tão esperada.

Apanhou a bagagem que era pouca e saiu para o saguão.

Qual não foi sua surpresa quando avistou, na multidão ansiosa, alguém segurando uma placa que dizia: “Professor Dresley D. Foreman”.

Sim, sou eu, disse, olhando fixamente nos olhos daquela pessoa, tentando adivinhar algo rapidamente.

— Olá meu amigo, não está me reconhecendo? Perguntou a pessoa que o aguardava, agora com um sorriso carinhoso.

— Rhalf, meu amigo! Abraçando-o com os olhos cheios d’água, receando largá-lo e receber má notícia. Precisamos ir rapidamente à Montanha Magaliesberg, disse coma voz abafada e rosto afundado no ombro amigo.

— Calma, Dresley, está tudo bem, só estou curioso para saber, já que está aqui, quem lhe deu a notícia? Liguei para o Brasil à sua procura, mas você já havia embarcado vindo para cá! Como soube, através de quem?

—Soube do quê, Rhalf, diga-me logo!

— É sobre sua esposa Star...

— O que tem ela?

— Você não vai acreditar, mas ela...

— Ela está viva, não é, Rhalf?

Afastaram-se da multidão encostando-se a um canto da sala de espera.

— Sim Dresley, mas como soube? Estava ansioso para lhe dizer que milagrosamente ela está viva, meu amigo, viva,entende?

Ela apareceu assim, do nada, dizendo-me que você já estava sabendo de tudo e que já estava a caminho.E puxando-o pelos braços apertou seu amigo e disse: --Olhe para aquela porta de entrada!.

--Star!........Dresley!

Todas outras explicações foram dadas ao longo de suas vidas.

FIM