Prazer Alanis de Louvain
Dentre os muitos nomes que me chamam o que eu mais gosto é Shinigami, não pela fonética bem posta da língua japonesa, mas pela nacionalidade em si. Vou lhes contar as minhas histórias não porque me identifico com vocês, mortais, mas porque a minha mente tão antiga, já começa a perder as minhas mais preciosas memórias.
Deixe-me explicar a minha afeição ao nome japonês. Quando jovem e recém formada (não que eu envelheça), afoita em fazer justiça e pelas almas que me eram encomendadas, uma nação de guerreiros me satisfazia imensamente, a vingança entre clãs, a vergonha e a desonra eram as minhas mais rentáveis moedas. Assim na era dos samurais, ninjas e das muitas guerras civis o Japão me supria e o nome que me fora dado, Shinigami, era chamado constantemente, sem que eles soubessem que me chamavam. E eles me aceitavam.
Assim de viajar aquelas ilhas, de ver tanta morte, eu me descobri, e decidi que a morte pela morte não era bela, mas a morte por um ideal o era. Mas hoje não é mais assim que as coisas ocorrem, a morte sobrevém fria e desnecessária. Por isso - eu me revelo - prefiro aqueles que encontram na morte uma saída, um novo caminho. Aqueles que com um sorriso me buscam, e eu, tal como uma cúmplice os guio.
Não me preocupo mais com quotas e limites, o mundo é tão vasto... e não só eu existo. Deixe que outros saiam à procura dos enfermos e assassinados, eu prefiro o suicídio.
Nossa origem, eu não lhes posso contar...não, eu não lhes faço segredo... não é para isso que estou aqui... eu simplesmente não sei. Cada um tem uma origem diversa. Gosto de imaginar-me humana antes... e eu me sinto. Às vezes, gosto de materializar-me para provocar os humanos... não me imagines feia, eu sou bela e atraente como a lua no negro céu e não por maldade o faço. As escolhas devem ser firmes e algumas pessoas necessitam um amigo.
Eu tive um amigo, esse doce amigo que acolheu-me sem querer, sem escolher. Seu nome era Albus Henri de Louvain, um doce conde francês que ainda jovem jazia no leito da peste. Ele conversava comigo e muitas vezes chegou a me chamar.
Ele era belo, ainda que o seu corpo estivesse moribundo seus olhos azuis eram brilhantes e espelhavam a esperança... eu o amei...
Ele estava só, sem família, sem amigos, mas era gentil, sua história... um dia vós conhecereis... Naquele momento ele precisava de um amigo e eu estava lá, foi o primeiro para quem eu me materializei, e ele me amou...mas só entregou-se no fim.
Ele vive nas minhas memórias... Ele me deu um nome. Um nome além de categorias, além dos outros anjos, um nome só meu que hoje apresento a vós:
Prazer, Alanis de Louvain.