Naquela manhã, de sol ameno, a sua claridade inundava a varanda do meu quarto.
Acordei cansada de uma noite em divagações e questionamentos ao meu Deus... que se manteve em silêncio. Todas as minhas interrogações ficaram como que, soltas no ar, qual bolhas de sabão...espocaram!
O sono demorou a encontrar-me. Eu estava tão distante... Fui a tantos lugares, tive tantos encontros com quem deixei para trás... Os meus pensamentos se atropelavam, iam e vinham,vinham e iam...e, vinham...e, eu, naquele giro, rodopiei na cama ampla de casal, na qual, só eu ocupava... Mesmo assim, se fez ínfima. O meu tronco se posicionava – segundo o relógio – em meia-noite.., minhas pernas, tais quais, ponteiros, na posição: 3h50 e/ou 9h15min – em pleno abandono.
– Ó amigo meu... Privas-me de Ti ouvir? Tenho que contentar-me com monólogos?
Sei que o sono não Ti abate... És incansável! Mas eu, frágil no corpo e em tormenta d’alma...não lembro...
Qual o último giro que me arrebatou os sentidos? Qual a última imagem que igual a fumaça se desfez em minha mente?
– Adormeci... Não descansei!
Levantei moída... doída... E, aquela visão amena e cândida dos primeiros raios de sol, me enterneceu. Fiz um alongamento rápido e sentei na rede da varanda.
Um lindo pássaro veio ao meu encontro...sem se assustar com a minha presença... começou a cantar alto, lindo...estridente; canto de um cantor-mor, demorado canto.
Pasma... quieta, imóvel...comecei a ouvir dentro de mim... a interpretação divina daquele canto: – “Filha, estou contigo... Eu te fortaleço e ajudo. Confundidos serão todos os que contenderem contigo; irei aonde fores; te livrarei e te colocarei em segurança, jamais estarás só! Confia e espera, esforça-te que te ajudarei...!
– Incrível!
O pássaro falou comigo!
O Deus, que tantas experiências pessoais tem me concedido...Usou o pássaro para me falar, fortalecer...
O pássaro voou... adentrou o meu quarto, visitou toda casa.., voltou, sempre cantando, um lindo louvor. Por fim, chegou à varanda, ficou como que o beija-flor...suspenso no ar, batendo suas asas ligeiramente, voltou a cantar de forma diferente, e, dentro de mim...em alto e bom som, ouvi: “A minha paz eu te deixo!”
– E, eu, vos deixo a paz que transcende todas às coisas...
Amém!