TURBULÊNCIAS

Do alto, a estrada parecia sem fim, longa jornada, e ela a borboleta dos vôos desconcertantes ,voava ao doce sabor da brisa em companhia do amigo sabiá.

_ Ele esta perto, sinto o perfume doce da paz, o jardim dos girassóis azuis...

Sonhadora como de costume, ela imaginava a emoção que a invadiria logo que o avistasse... Mais uma metamorfose a aguardava.

_ Como será desta vez?

Lembrou-se ela das emoções vividas no passado, dos momentos amargos e dos momentos supostamente felizes, mas que não perfumaram sua vida, e ela queria ir além... em busca da essência que impregnaria as suas asas e se fixaria até o seu adormecer para que em sua última metamorfose, ela estivesse perfumada.

Seu companheiro permanecia calado, e ela experimentava a solidão a dois, tentava dividir as experiências, as expectativas, mas...

_ Não gosto do silêncio, mas tenho que admitir que ele não é a ausência de sons, posso ouvir mais claramente o meu eu...

As horas iam passando e com elas as paisagens se modificando... tudo tornava-se para ela motivo de comparação com a sua própria existência.

_ Queria tanto conversar...?! sinto-me tão distante de tudo mas ao mesmo tempo muito próximo dos girassóis azuis.

Sem que ela percebesse, aos poucos o colorido que perdera as suas asas dava nova tonalidade ao seu coração.

De repente tudo se torna confuso, incerto... O vento forte fizera com que perdesse a trilha do jardim... Seu olfato não conseguia identificar aquele perfume... Separara-se do seu fiel amigo... tristeza, dor...enfim o jeito era armar-se de coragem e recomeçar; fazer da tristeza esperança e da dor confiança, mas e a perda?

_ Bom, há um tempo pra tudo ,eu sei que mais a frente o reencontrarei, tenho certeza que ele busca o mesmo jardim, só não as cores dos girassóis, mas a essência é a mesma.

Stéla Lúcia
Enviado por Stéla Lúcia em 17/09/2010
Código do texto: T2503354
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