Abraço da Morte

Sentada na beira de um precipício eu me encontrava, dali de cima só ouvia o barulho do vento e das folhas nas arvores balançando, eu não estava só! Avistava dali a morte tão próxima de mim, e ela me perguntava, perguntava se poderia se acentar ao meu lado, meus olhos baixos e tristes olhavam nos seus olhos e então respondi que sim. Ela se achegava vagarosamente e se assentou ao meu lado, me perguntou o que fazia ali... Quase sem voz e engasgada com as lágrimas respondia que procurava por ela.

A morte me disse que por onde passava deixava pegadas de sangue e ninguém as via, que por onde me deitava deixava rios de lágrimas, colocou um dos seus braços sobre os meus ombros enquanto dos meus olhos escorriam lágrimas, então me disse para apenas fechar os olhos.

Mostrou-me como em um sonho imagens da minha vida, eu via minhas noites de insônia deitada em minha cama, encolida no canto da cama abraçada com o meu cobertor enquanto chorava no meu travesseiro. Mostrou-me também quando em um copo de vinho procurava a momentânia felicidade... e me envenenava sózinha com a minha própria solidão, enquanto mantia meus olhos fechados a morte me dizia que ouvia minhas lágrimas caíndo no meio das arvores abaixo de nós.

Em meio a um baque minha respiração ofegante me fez levantar, e então rapidamente sequei as lágrimas que desciam, olhei firme nos olhos dela e a observei, me olhava com pena e me perguntou se era o que eu realmente queria, sem nem pensar duas vezes em um sinal com a cabeça respondi que sim.

As cenas da minha vida vinham como turbilhão em minha mente, e quanto mais lembrava mais vontade tinha de pular dali, foi quando derrepente a morte me tomava em seus braços e eu sentia e via meu corpo adormecendo e meus olhos escurecendo como num passe de mágicas.