O homem diabo

Caros, sou Ivan Ilítch; mesmo tendo ciência da tremenda irrelevância de apresentar-me, insisto! é que já escrevi aqui anteriormente e tornei-me recluso em meu castelo durante certo tempo. Não é o caso de ter conseguido grandes coisas, uma literatura de alto padrão, antes, um regurgito de idéias vulgares que assaltaram meus fracos pensamentos e eis que aqui estou, escrevendo de novo com os dentes à mostra, salivando e com olhar perdido...não ratifico minha "fotinha", pois, não saberia precisar-vos se tratar de mim.

Por fim, não classificaria este "pedacinho de conto" como "contos-surreais", acho melhor classificá-lo de -fantástico-, já que é clara e maldisfarçada minha intenção de copiar os enredos das "Amazing Stories" de Spielberg.

Perdoem-me se não começo logo, se lhes pareço bufão e inconveniente, se me presto a este papel é puramente para diverti-los, para agir conforme esperem que aja, no entanto, ei-lo:

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Convidou-a carinhosamente para assistir à uma peça teatral: As vidas de Chico Xavier, dizia ser uma linda história de amor e espiritualismo - sabia que Carminha gostava de literatura espírita, aproveitou-se por saber que tinha pai e mãe mortos e que tendo sido criada longos anos pela avó ( também morta) a parenta mais próxima que restava-lhe era Tia Carmosina, esta, profundamente doente e quase indo pro além.

O homem conhecia a Bíblia através das irmãs velhas que iam à sua casa lhe proferir a palavra: "...ao homem é dado nascer e morrer uma só vez..." sendo assim, a comunicação com os mortos seria vedada por Deus, sob alegação de embuste diabólico; mas era exatamente isto que ele era!

Conhecera Carminha no ônibus lendo "o Matuto", ditado pelo espírito Damião, revisado pelo espírito Josafá e arte-finalizado pelo espírito Klauss, mas assinado por uma certa Zíbia Gasparetto, à quem certamente, creio eu eram direcionados os lucros das vendas. Logo se encantou por seu corpo: seios duros e empinados, as nádegas perfeitamente arredondadas sob uma saia justa - desejou possuí-la, tê-la de todas as formas, fazer sexo ilimitado naquela vagina cheirosa.

Estranhamente Carminha era demasiada ingênua, dir-se-ia até mesmo uma "pudica de espírito", conquanto as carícias que trocavam e dos suaves resvalos no biquinho do peito, Carminha resistia e não deixava o homem avançar para o domínio completo.

Foi que teve a idéia da peça teatral, passando por Santo André viu o imenso cartaz anunciando uma peça de amor, de vida, de morte...um amor que "transcende o corpo e se eleva até o espírito". Carminha assistiu comovida, chorou compulsivamente ao ver que entre um casal que se ama verdadeiramente a morte é só um estágio, findo o qual os espíritos se encontram e vivem eternamente juntos...seu coraçãozinho suspirava lembrando de pai, mãe,avó,tia(que já tava quase lá).

O homem assistia à tudo regozijando-se; sabia que a história tocara-lhe à ponto de abrir-se como nunca, sorria discretamente satisfeito.

Carminha naquela mesma noite entregou-se ao homem diabo, que a possuiu de todas as formas. Não tendo-o visto mais após aquela noite, Carminha segue desorientada buscando sua frágil e desafortunada alma.

Homem de preto
Enviado por Homem de preto em 10/07/2010
Reeditado em 11/07/2010
Código do texto: T2369771