A realidade
Desperta do sonho a realidade. E nessa fantasia de fugir ao que é, a realidade esconde, dentro de si, o que vagueia todas as noites, em silêncio pela escuridão.
E sonha. Suspira e grita aos homens, calando em si o medo, o desejo, a realidade aberta dentro do seu coração.
- Coração? - realidade ri-se. Realidade tem prática, astúcia, veracidade!
- veracidade?
A inquietação distorce as linhas direitas do tear e a tecelagem do que os homens vêm pára.
As certezas esvoaçam. E na correria para as apanhar, para ordenar as linhas do tear, o mundo pára.
e ao parar, esconde-se, refugia-se e implode.
- Não sou realidade! - grita ela que sente dentro do peito a dor.
Os homens retomam no entanto a sua lida, devagar,
aos poucos, ignorando o sucedido.
Que importava? Não interessava se a realidade perecia ou não! Se existia ou não!
Eles eram a realidade da realidade!