A realidade

Desperta do sonho a realidade. E nessa fantasia de fugir ao que é, a realidade esconde, dentro de si, o que vagueia todas as noites, em silêncio pela escuridão.

E sonha. Suspira e grita aos homens, calando em si o medo, o desejo, a realidade aberta dentro do seu coração.

- Coração? - realidade ri-se. Realidade tem prática, astúcia, veracidade!

- veracidade?

A inquietação distorce as linhas direitas do tear e a tecelagem do que os homens vêm pára.

As certezas esvoaçam. E na correria para as apanhar, para ordenar as linhas do tear, o mundo pára.

e ao parar, esconde-se, refugia-se e implode.

- Não sou realidade! - grita ela que sente dentro do peito a dor.

Os homens retomam no entanto a sua lida, devagar,

aos poucos, ignorando o sucedido.

Que importava? Não interessava se a realidade perecia ou não! Se existia ou não!

Eles eram a realidade da realidade!

Madalena Castro
Enviado por Madalena Castro em 16/06/2010
Código do texto: T2322754
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