[Elementar meu caro Watson, existem diferenças básicas...]
Não ardo em chama com as salamandras, não queimo no fogo, não boto mais fogo, não ataco, pois compreendo o sentido do “feitiço” no transmutar.
Se jogo mais água no balde... é no espírito das ondinas (das que se encontram doentias) ...ao ler os desvios da alegria, vejo borboletas do estômago.
A visão é infeliz ao entrar em contato com estragos.
Minhas asas voam feito grãos de pólen, minhas asas não se incomodam com o pó das estradas (sem veneno) ...o brilho das estrelas está bordado no olhar; mãos de fadas servem para promover a cura.
Nem sempre no primeiro olhar haverá a compreensão e a desistência dos falsos segredos; até o mundo da Luz, tem que pedir passagem para ultrapassar portais... onde Legiões iluminam caminhos até daqueles que ainda não sabem como dobrar os joelhos.
Nas imaturidades mentais, na pira das febres... das ilusões, muita gente vibra com as nuvens da cafonice... vibra com choramingos, se satisfaz com o ranger de dentes, gasta energia com xingamentos sem grandes motivos... sofre com dores de cotovelo... procuro estar fora de jogos escusos do: verde para colher maduro.
Equilibro-me em letras? Não. E é óbvio que a beleza não está somente na firmeza da rocha, no murmúrio dos lagos, no azul do céu, na fertilidade dos cenários nos campos, na dança dos bambus, no uivo dos ventos, no tremular das chamas...
“Um eremita estava sentado em meditação na sua gruta, quando um rato se aproximou e começou a roer-lhe a sandália. O eremita abriu os olhos, exaltado:
— Porque é que me incomodas na meditação?
— Tenho fome! — respondeu o rato.
— Vai-te daqui, ignorante — ordenou o eremita. — Busco a unidade com Deus.
Como é que te atreves a incomodar-me?
— E como é que pretendes encontrar a unidade com Deus se nem comigo consegues sentir-te unido.” [1]
A fé não está na ponta da língua, nem nas montanhas... tem pessoas que sentem prazer em destruir a esperança de outrem, (conforme-se) tudo depende do desenrolar de cada DNA.
O movimento doentio de certas sereias gera descontrole emocional? Se na pira há impaciência também existem convites para a percepção de tempestades em copos d’água.
“Elementar meu caro Watson”, existem diferenças básicas... o facho de luz das ondinas e o balé das ninfas diverge do ar estagnado (fujo de cânticos repetidos... que soam como desencantos), nem todos tem paciência para ler nas entrelinhas.
O mundo cria diariamente falsas sereias: Que conteúdos hipnotizam realmente os homens inteligentes? O que tem especial no balanço das escamas na cauda, com objetivo interesseiro e pessoal? Onde está a busca do “por que os sinos dobram” segundo John Donne[2]?
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O que não entra nesta pira? A filosofia, a ciência, belas artes entre elas os poemas e o encanto alado das fadas... sendo que toda alma de fada carrega essências que exalam: Alegria! Alegria! ...toda fada tem pensamento com cheiro de flor e silêncio com perfume, por isso, tapo os ouvidos para a voz das musas que passam sem escrúpulos no espaço de outrem.
Você pode se camuflar, mas nunca irá deixar de ser o que é... e afinal de contas, o amor fraternal se encontra no coração de quem?
Nota:
[1] Thorwald Dethlefsen - Rüdiger Dahlke, in: A Doença como Caminho: um método para a interpretação da doença.
[2] “Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria. Sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.” (John Donne)
[3] a frase: "Elementar, meu caro Watson", foi criada no teatro, com muitas outras particularidades, como o cachimbo curvo do detetive.Muito embora alguns aleguem que se trate de uma das primeiras falas do personagem em seu romance de estreia Um Estudo em Vermelho (1887) - vide wikipédia
Rosangela_Aliberti
Atibaia, 06 de junho de 2010.
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Grendel - Marillion (leg. em port.)
http://www.dailymotion.com/video/x54w9s_grendel-marillion-legendado-em-port_music
(arte de origem desconhecida)