A menina fantasma
Mais uma vez passei pelo banco
da praça Sete
mais uma vez a mesma menina,
com o mesmo casaco
estava sentada no mesmo lugar.
Eu nunca fui curioso, mais estava irremediávelmente inquieto com o ritual diario daquela menina -sempre a msm praça,
o mesmo casaco, o mesmo banco.
Nao me atrevia chegar perto dela -e nao mi sentia mal por isso-
contentava-me em olha-la, apenas.
Ela parecia um anjo de asas murchas, e seus olhos quase sempre varriam o chão.
Eram como pérolas negras, eram como um mar escuro no qual eu estava terrívelmente disposto a mergulhar.
Sentia medo, e talvez por isso tanta exitaçao em volta daquela garota.
Suas pernas sempre cruzadas, denunciavam seu jeito despojado e
seus cabelos pareciam dançar no vento ricoteando o seu lindo rosto pálido- oq fazia a sua boca ser ainda mais bonita, em todos os contornos
em todos os traços.
Comecei a passar pontualmente no horário em que era decerto encontra-la imovel no seu cantinho recatado.
Pareciam todos indeferentes com aquele menina,ou todos sabiam disfarçar tão melhor do que eu o facínio
que aquela figura exercia.
Semanas foram seguidas, meses, anos e quase todos os dias eu a via,
não me atrevia a chegar perto, sabia que ouvir a sua voz seria demais para alguém como eu,
ela era como uma santa, algo intocável. Escondia um misterio que por mais estranho e convidativo que fosse eu nao me dispus a desvendar- ou pelo menos ate a madrugada de hoje.
A imagem dela me criou ecos na memoria, ja nao conseguia tirá-la dos meus sonhos enquanto durmia ou estava acordado
num ato impensado e quase que por instinto me dirigi a ela
-parecia ainda mais linda vendo-a de perto-.
Nao fui suficientimente capaz de fazer a voz brotar na minha garganta,
o suor brilhava no meu rosto a medida que a brisa gelada da noite o fazia secar, a minha cabeça fervilha com ideias eróticas, amor e futuro.
Ou talvez nada disso, a minha cabeça borbulhava de vontade,tanta, que escapavam pelos meus olhos que teimosos se fixavam nos dela, minha pupila permanceia imóvel,
meu coraçao sabe-se Deus como, de tao rapido e forte que pulsuva eu siquer o sentia bater.
Ela correspondia a tudo, e eu? E eu nao conseguia me mexer, era impossível tomar uma segunda atitude alem de olha-la penetrantemente
algo girava em torno de nós, alguma coisa que eu nao sei descrever, que me envolvia como uma canção triste embalando um sonho perdido.
A lua parecia cúmplice das minhas idéias,e o som que vinha dos olhos dela me soava como musica e me convidava a tela-la ainda mais perto de mim.
Foi inevitável tocar sua face gelada.
A imagem do meu anjo sombrio se desfez mediante ao meu toque.
Ela nao existia!
A principio tentei gritar, mais meu grito veio com tanta força que não consegiu atravessar meu pescoço, eu me senti só.Só e vazio,
pela primeira vez triste em estar na praça Sete.
Apressadamente, numa velocidade sem igual me dirigi a minha casa, que agora parecia ainda mais receptiva, como uma mãe a acalentar seu filho após um pesadelo.
Mas ainda era pouco para mim, nada parecia poder me curar dessa desilusão que pos fim a única
razão que me prendia a vida.
Corri ate o quarto.
Na cama,leçois brancos esticados e manchados de vinho. ao
lado dela, uma comoda escura de madeira me oferecia a chave pra fugir desse tormento
sem pensar agarrei a afiada tesoura que brilhava refletida aos raios lunares que atravessavam a janela entreaberta,e andando ainda que de forma insegura e trêmula fui ate o banheiro, consumar diante de mim mesmo a falta que aquela doce menina me deixara.
Em cortes profundos, chorei um choro eterno e suicída...Em profundos cortes fiz dos pulsos olhos e das lagrimas sangue!