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A febre da criação
Foi quando se preparava para deitar que viu o pequeno ponto amarelo-cintilante irromper pela janela e flutuar por um caminho sinuoso, até pousar em sua mão. Sentiu então um arrepio lhe percorrer a espinha dorsal, quando foi tocado. Imediatamente a escuridão deu lugar a uma intensíssima luz cegante e um silvo ensurdecedor se fez ouvir...
Johnny... Johnny... Alguém lhe sacudia com vigor tentando acordá-lo. Foi então que abriu os olhos e vislumbrou uma imagem perturbadora: a poucos metros de sua face, um imenso par de olhos amendoados e de um amarelo-âmbar brilhante lhe fitava com extrema curiosidade. O estranho é que não conseguia discernir os contornos do rosto ou corpo, mas tinha certeza de que uma bela e jovem alma ali habitava.
Mas onde estava e quem ali sabia o seu nome? Que lugar era aquele? Olhou em volta e deparou-se com estranhas conexões lineares, de onde emergiam faíscas furta-cor, numa espécie de mar a perder de vista. A superfície onde pisava era gelatinosa e ali ecoavam sons os mais variados, ora assemelhando-se a zumbidos, ora mais agudos, mas sem uma sequencia lógica e inteligível. Parecia encarcerado num grande labirinto, mas o interessante é que não sentia medo ou pânico, e sim uma sensação de déjà-vu.
Os grandes e ictéricos olhos repentinamente sumiram! Começou então a vagar a esmo por sobre o piso instável, horas a fio, até que se deparou com uma visão. Seria um holograma? Parecia uma escala de cores, desde as mais frias em tons pastéis, passando por outras mais mornas, em matizes amareladas, até mais algumas bem fortes, em tons que pareciam quentes, de um alaranjado até um vermelho-rubro. Ao lado do possível holograma podia divisar uma estrutura... Uma alavanca? Ao movê-la para baixo ou para cima, a escala ia se tornando mais fria ou mais aquecida, de acordo com o sentido do movimento. Não soube explicar o porquê, mas sentiu-se compelido a impulsionar o controle deslizante o mais possível ao norte, até que tudo em volta se tingiu de uma intensa tonalidade carmim. Foi então que uma presença se fez sentir; virou-se bruscamente e lá estavam eles: os amendoados olhos a fitá-lo; só que agora se exibiam vermelhos, injetados e febris.
Quando acordou já era dia alto e sentiu-se meio que entorpecido, diferentemente de outras manhãs. Não soube explicar o motivo, mas foi tomado por uma intensa necessidade de escrever, recebendo inspirações sucessivas para os mais diversos tipos de criação literária, hábito que há tempos havia abandonado, em função da correria histérica do cotidiano. Tal atividade se prolongou por muitas semanas, de forma até compulsiva, quando pouco a pouco foi se desvanecendo.
Retornou gradualmente aos seus afazeres habituais, uma vez que curiosamente sentia-se cada vez menos estimulado a redigir novos textos, até que numa outra noite fria de outono, pouco antes de adormecer... Um zumbido, seguido por uma pequena cintilância amarelada, pareceu se aproximar...
A febre da criação
Foi quando se preparava para deitar que viu o pequeno ponto amarelo-cintilante irromper pela janela e flutuar por um caminho sinuoso, até pousar em sua mão. Sentiu então um arrepio lhe percorrer a espinha dorsal, quando foi tocado. Imediatamente a escuridão deu lugar a uma intensíssima luz cegante e um silvo ensurdecedor se fez ouvir...
Johnny... Johnny... Alguém lhe sacudia com vigor tentando acordá-lo. Foi então que abriu os olhos e vislumbrou uma imagem perturbadora: a poucos metros de sua face, um imenso par de olhos amendoados e de um amarelo-âmbar brilhante lhe fitava com extrema curiosidade. O estranho é que não conseguia discernir os contornos do rosto ou corpo, mas tinha certeza de que uma bela e jovem alma ali habitava.
Mas onde estava e quem ali sabia o seu nome? Que lugar era aquele? Olhou em volta e deparou-se com estranhas conexões lineares, de onde emergiam faíscas furta-cor, numa espécie de mar a perder de vista. A superfície onde pisava era gelatinosa e ali ecoavam sons os mais variados, ora assemelhando-se a zumbidos, ora mais agudos, mas sem uma sequencia lógica e inteligível. Parecia encarcerado num grande labirinto, mas o interessante é que não sentia medo ou pânico, e sim uma sensação de déjà-vu.
Os grandes e ictéricos olhos repentinamente sumiram! Começou então a vagar a esmo por sobre o piso instável, horas a fio, até que se deparou com uma visão. Seria um holograma? Parecia uma escala de cores, desde as mais frias em tons pastéis, passando por outras mais mornas, em matizes amareladas, até mais algumas bem fortes, em tons que pareciam quentes, de um alaranjado até um vermelho-rubro. Ao lado do possível holograma podia divisar uma estrutura... Uma alavanca? Ao movê-la para baixo ou para cima, a escala ia se tornando mais fria ou mais aquecida, de acordo com o sentido do movimento. Não soube explicar o porquê, mas sentiu-se compelido a impulsionar o controle deslizante o mais possível ao norte, até que tudo em volta se tingiu de uma intensa tonalidade carmim. Foi então que uma presença se fez sentir; virou-se bruscamente e lá estavam eles: os amendoados olhos a fitá-lo; só que agora se exibiam vermelhos, injetados e febris.
Quando acordou já era dia alto e sentiu-se meio que entorpecido, diferentemente de outras manhãs. Não soube explicar o motivo, mas foi tomado por uma intensa necessidade de escrever, recebendo inspirações sucessivas para os mais diversos tipos de criação literária, hábito que há tempos havia abandonado, em função da correria histérica do cotidiano. Tal atividade se prolongou por muitas semanas, de forma até compulsiva, quando pouco a pouco foi se desvanecendo.
Retornou gradualmente aos seus afazeres habituais, uma vez que curiosamente sentia-se cada vez menos estimulado a redigir novos textos, até que numa outra noite fria de outono, pouco antes de adormecer... Um zumbido, seguido por uma pequena cintilância amarelada, pareceu se aproximar...