O AVISO DE...- Nada é por acaso 
  

  O limpador de para brisas começou a fazer um pequeno e estranho ruído tirando-me do estagio meio absorto em que me encontrava,naquela estrada,longa,reta e deserta,do sul do estado gaucho . A chuva amainara e os últimos pingos escorriam pelos cantos do vidro. A pista continuava encharcada e com aquelas trilhas feitas pelos caminhões cheias d’água,nas quais já aconteceram muitos acidentes pelas áqua-planagens. O céu apresentava alguns pontos mais claros, contrastando com outros ainda ameaçadores e alguns raios de luz solar passavam por entre as nuvens formando e dando o aspecto de uma linda e divina fotografia.
   Foi naquele momento de contemplação que ouvi nitidamente uma voz suave mas imperativa: encosta,... encosta! Instintivamente e com a sensação de que meu pé agia por conta própria e meus braços também, pisei no freio e torci a direção para o lado direito , indo parar quase intãntanea- mente no acostamento.Sem entender o que realmente estava acontecendo fiquei estático; meio assombrado até, pois estava sozinho no carro e não conseguia entender o que realmente estava ocorrendo. Repentinamente senti o ronco de um motor e vi o carro passar por mim e mais estupefato ainda percebi que havia um cruzamento a frente e ao olhar para a direita, pude perceber um carro rodopiando e pressenti o pior...O estouro foi horrível, pois os dois bateram frontalmente.
    Enquanto descia do carro, para acudir aos feridos, rezei ; e como rezei, em tão curto espaço de tempo; tempo que levei entre o sair do meu carro com as pernas trôpegas pela emoção negativa,mas o coração agradecido a quem havia me avisado para que parasse, caso contrário estaria envolvido no acidente, não apenas como assistente, mas como participe.
   O saldo foi trágico! Apenas um sobreviveu! E foi uma jovem carona,a qual pude tirar pelo vidro traseiro  antes que o carro ardesse em chamas. No segundo carro o casal teve morte instantânea, enquanto no carro da jovem o motorista com certeza havia quebrado o pescoço e não sentiu o fogo que o atingiu.
   Agora o fato que amenizou um pouco essa minha experiência, foi que a menina havia recobrado um pouco a consciência, e pareceu-me que seus olhos brilharam enquanto sua mão apertava a minha, como a querer agradecer por tê-la salvo. 
 A ambulância da companhia de pedágio levou-a para o PS, enquanto os policiais e o corpo de bombeiros isolavam o local. Fiquei ainda algum tempo ajudando ao pessoal, que eram meus conhecidos. Resolvi voltar para minha cidade e programar a viagem para a semana seguinte,ou até no mês seguinte. Cheguei em casa um verdadeiro trapo de cansado,mas com um sorriso nos lábios por ter sido “avisado”, por estar vivo,e por ter salvo a vida de alguém.
 Dormi logo após terminar o terceiro Pai Nosso, e no meu sonho vi mamãe sorrindo vir me abraçar. Acordei cedo, rezei novamente, e fui até o hospital visitar a menina . Recebeu-me com um olhar triste e lágrimas nos cantos dos olhos; não entendi como me reconheceu, mas ao pegar sua mão senti que rezávamos juntos, agradecendo ao Salvador e, na certeza de que nada é por acaso, foi o nascimento de uma grande amizade e o encontro de dois espíritos-afins.
Gildo G Oliveira
Enviado por Gildo G Oliveira em 25/05/2010
Reeditado em 24/01/2017
Código do texto: T2277935
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