A MULHER ELEFANTE
Não sabia como havia se interessado por aquela mulher. O peso só veio com o tempo, antes que ele se desse por conta e não foi por falta de aviso, ele é que teria sido tão cegado que não notara os olhares curiosos e cochichos ao seu redor.
Com o tempo foi notando a cor acinzentada; os gestos bruscos; a falta de tato dela. Mas como poderiam todos admirá-la? Vivia se perguntando, mas a resposta era simples: todos se encantam com animais enormes. Não parecia, mas naquele corpanzil escondia-se uma mulher enorme. Escondia-se e aparecia, aparecia e se escondia.
As aparições foram ficando cada vez mais freqüentes e com o tempo ele começou a se dar conta de outros detalhes, as orelhas apesar de salientes, não serviam para ajudar o ouvido aos reclames dele, não conseguia ela fazer nenhuma espécie de carinho, sem quebrar algo. Teve de acostumar também a contragosto a consertar as coisas que ela quebrava. Na hora do sexo (quando conseguia obter algum), tinha de cuidar para que ela não o machucasse, mas não conseguia tirar os olhos do cabideiro de chão onde ela as vezes antes de dormir, pendurava a tromba.
Mas o que ele poderia fazer? Nada, havia se casado com a mulher elefante.