O Gato atrás da Porta
Todas as formas de representação daquela voz ao telefone foram observadas, por mim logicamente, de maneira tangencial.
Os sons agudos mesclavam-se com os graves, risos sinceros e hipócritas beijavam-se sem decência e eu, eu estava mentalmente desmanchado.
Resolvi ir me deitar. Ao encostar a cabeça no travesseiro observei que a luz vinda de minha cabeceira tentava lamber meus olhos. Imagens de documentários referentes à biologia passavam em minha cabeça, recordando das lagartixas que lambiam seus próprios olhos. Era um ato antecedente ao bote. Então percebi que não me faria mal, pois se fosse me atacar não estaria lambendo os meus e sim os próprios olhos. Desisti.
Mas o gato estava ali. Olhando-me fixamente. Acho que era ele ao telefone minutos atrás.