A primavera de Rosa dos Lírios
Rosa, veio ao mundo e como qualquer outra criança, ao nascer, deu seu primeiro choro.
Ela crescia com esplendorosa beleza. Tinha em sua face uma expressão suave e um olhar meigo. Suas bochechas pareciam duas maçãs de tão avermelhadas; seus cabelos lisos, que já alcançavam os olhos, davam um toque de mistério a desvendar toda sua face; seus olhos eram negros como duas jabuticabas e estavam sempre fixos a quem lhe direcionava a visão.
Agia como uma criança normal, que ainda no berço mexia as mãozinhas e dava um lindo sorriso ao fazerem uma gracinha em sua frente. O tempo passava e algo intrigava a todos que a conhecia:
Rosa chorava toda vez que sorria. Eram lágrimas que escorriam em sua face e morriam em sua boca. “O que acontecia com Rosa?” Era o que todos questionavam. Não podia ser dor, pois ela sorria.
Triste história de Rosa que nem chegou a dar seus primeiros passos. Descobriram que a Rosa tinha espinhos, por isso chorava, mas, suas lágrimas eram doces, assim conseguia sorrir, toda vez que chorava de dor. Maior que a dor que fazia Rosa derramar aquelas lágrimas era a descoberta do doce sabor que morria em seus lábios. E isso a fazia feliz.
Rosa não pôde nos dizer realmente o que sentia, pois morreu antes que aprendesse a falar. Depois de algum tempo, em seu túmulo, nasceu uma Rosa, marcante pelos seus visíveis espinhos e vermelha como a suave face de Rosa.