UMA HISTÓRIA ANTIGA
Quando eu era criança contaram uma história que por muitos anos me deixou impressionada.
Num lugarejo havia um homem considerado pelos habitantes um sujeito muito mau. Era viúvo e não tinha filhos. A mulher morrera de tanto desgosto e os parentes o abandonaram.
Ele maltratava seus empregados, maltratava animais, era arrogante, presunçoso; avarento, não socorria pessoas que lhe pediam ajuda.
Diziam que ele deixou seu cão morrer afogado, atirava com espingarda nos passarinhos; negava frutas do quintal aos moleques; era uma peste de homem.
Certa manhã ele viu uma aranha na teia junto a uma janela; teve o impulso de eliminá-la, mas reparou as gotinhas pendentes da teia, causadas pela chuva que caiu à noite. Achou muito bonito o efeito da luz refletida nas gotas e desistiu de destruir a teia e a aranha.
Passados alguns dias ele caiu muito doente, picado por um escorpião. À beira da morte ele se recordou de todas as ruindades aprontadas na vida e que o levariam para o fundo do inferno; até o capeta já estava ao lado da cama aguardando o desenlace.
Bem na horinha da morte apareceu uma aranha e ele se lembrou da teia repleta das gotinhas iluminadas.
A aranha ao seu ouvido falou:
- Você poupou a minha vida naquele dia, o que foi uma bondade, por isso vou tecer um longo fio, você se pendura nele para eu levá-lo ao Céu. E assim fez.
Mas, no meio da subida, o malvado viu que outras pessoas também se penduravam pegando uma carona no fio da aranha. Ele ficou tão furioso, balançou e sacudiu tanto para os outros se despregarem que o fio acabou arrebentando e ele caiu no inferno, nos braços do diabo.