a dor que mais dói

Caiu deitada na cama, arfando. Sentia-se mal, muito mal mesmo. Tentou se acalmar, e não passou. As lágrimas vinham naturalmente, sem que ela pedisse e ela prendia o choro, para não alarmar os outros habitantes da casa amarela. Jogou-se no travesseiro e começou a achar que talvez fosse sério realmente.

Sentia-se cair num abismo sem fim, e a dor mais doída que ela já sentiu na vida acudia seu peito. Suava frio, se enregelava, se sentia mal, com vontade de que tudo acabasse logo. Lembrava-se de coisas e uma vermelhidão imensa subia-lhe à face e as mãos gelavam e os pés já não respondiam. E aquele frio no coração, interminável.

Sentiu isso por alguns minutos, minutos que pareceram séculos. E os pulmões já não podiam respirar. Não tinha mais forças para levantar os braços.

Sua mãe bateu à porta e perguntou se estava tudo bem, ela havia passado correndo pela sala ignorando totalmente a presença das pessoas ali e quando sua mãe perguntou se ela iria jantar, apenas balançou a cabeça num gesto frenético, a mão no peito e subiu correndo as escadas, a porta do quarto bateu tão forte que assustou os que estavam no andar de baixo. Então a mãe decidiu perguntar se ela não estava com problemas. Ela pensou que estava, mas sabia que já era bem tarde e que ninguém poderia ajudá-la. Gritou qualquer resposta e permaneceu deitada, os olhos fechados um travesseiro afundado no rosto, com todos os sintomas de uma síncope.

Mas ela sabia a causa daquele transtorno que parecia querer arrancar seus órgãos internos, aquele tremor que sacudia como um terremoto. Não era ataque cardíaco não era nada. Era quase como morrer. Mas nunca pensou que realmente se pudesse morrer de amor...