O PETIZ PARLADOR
Era uma vez um menino que habituava uma gigantópole que era importante centro comercindustrial de um grandestado do País.
Esta cidade, como tarântulas outras, enredava uma população tão subdesenvolvida com seu ( dela ) próprio nariz, que mesmo aqueles que dormiam-se residencialmente próximos sequer partiam a dignar-se em manter um minínimo de educação frente aos seus semesmelhantes, mesmo fossem estes seus vizinhos pai-de-todos fura-bolos da porta da frente; fora os do trânsito, não havia sinal de qualquer cumprimento matutotino, daqueles antigos ou da roça, cordial, pleural ou do dever. Como se diz hoje, era “cada um na sua”.
Numa das artérias de maior fluxo sangüíneo de motoristas e de efervescente atriebulição do tráfego, estafáva-se a família do menino e o menino, numa antiga casa de dois subires. O petiz, que irrespondia em casa pelo batistício de “Empédocles”, era alcunhado e irmanado pelos seus ímpares como “O Palrador” , no Desenducandário ao qual frequentava quando conseguia, tal era o seu famoso destrambelhamento bilabial fonético. Era essa sua insana sina, ser superiperdotado de incontrolável verborragia.
Se na escola colava como bom de nota e de palavra, palrava só na escola, pobre Sentádocles; tivesse a inoportunidade de travariar uma ínfima opinião sobre quaisquer eventuuis aborrecimentos em seu lar, saberia que, no seu ( dele ) pluriverso doméstico onde consobrevivia, era reptado como um ovino ebanopigmentado (frente aos níveos níveis audíveis de loquacidade, estabelecido pela família ), tal era o silenço que mantinha sobre a boca, secando a saliva para não palavrarar, o que era a resposta vendida aos requestionamentos pamaternos nos impróprios momentos que tal terno fato se vestia de realidade.
Eternamente desarmônicos, conforme Decóstocles aprendera a desaprender, ele e seus desamados contragenitores entrechocavam-se e goravam qualquer tentativa de ovular algo que se pudesse chamamar de “carinho”. O resultado, sabia o sábio sabiá, era que, para uma boca fechada no início, correspondia um olhar lacrimoso no fim.
Entretudo, nas azáfamas escolares com seus desiguais, Deitádocles milagreáva-se multiplamente, ora numa animalada polisputa de ludopédio, ora noutra verânica discussão sobre o que ainda não havia sido inventado. Era ali que ele era o que ele era, ele, Levantádocles, que lera e praticara e lia e praticava o que queria, extravagando-se e perdendo-se nos báratros de contrastantes estímulos. Era ali que pulsalvá-lhe nas veias o dó maior de uma vívida Vida.
MORAL: De sola, é melhor estar mal em casa do que na escola...
... mesmo que muita gente não entenda.