O POETA

(Sócrates Di Lima)

Está uma manhã chuvosa,

Lá fora o céu se derrama...,

O Sol se recusa a aparecer,

O vento que era brisa, fez-se um furacão,

E eu bem sabia porque.

Ouviu-se um silêncio em meio a tempestade,

Eram os inocentes que gritavam,

As flores que dantes vivas,

Emudeceram...

E as cores murcharam,

Tambem feneceram.

O cântico do Uirapuru,

Rouxinol e da Cotovia aquietaram-se,

As aves quedaram-se inertes,

E a poesia se calou....

O poema lírico soou feito um trovão,

E os raios cortaram suas vertices,

E as palavras se perderam uma a uma,

O poema silenciou-se.

Em meio a tempestade,

Fez-se noite,

A Lua sem brilho, manchou-se no seu âmago,

E as estrelas penduradas,

Despencaram do firmamento,

E sem lamentos...

Uma alma calou-se,

Perdeu-se a poesia que cantava.

O Cãntaro esvaziou-se,

O Sândalo perdeu seu perfume,

E o dia fez-se noite,

E a noite não mais existiu.

O poeta perdeu a poesia,

A poesia perdeu o poeta,

E na minha destra a arma letal,

Santa, sobrenatural,

Uma caneta...

Que havia dado vida ao poeta,

A mesma caneta, o silenciou.

O amor fugiu do seu coração,

A saudade arrebatou sua alma,

E vazio...

O poeta morreu...

Perdeu-se o amor,

O amante.,

O amigo que nunca quis ser,

A poesia foi sua amada,

Seu amor eterno,

Real, humano, mulher em versos,

O poeta, lendário,

Dom Quixote de La Mancha,

Montado no seu Rocinante,

E neste dia, nesta hora,

Com todo o temor la fora,

Uma coisa ficou certa,

Nada fazia rima,

Com minha caneta na destra,

no meu próprio silencio quis calar a poesia...,

Entào, quis selar o destino do poeta,

Que não deixará de escrever seus versos,

Eu NÃO mataria o poeta Sócrates Di Lima.

Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 26/01/2010
Reeditado em 05/02/2013
Código do texto: T2052172
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