ARCO-ÍRIS, COMPANHEIRO DE VIAGEM

Certo dia, estava de regresso da Serra do Navio. Vinha de trem, acompanhando aquele balançar agradável, ouvindo com paciência o encontro das rodas do comboio ferroviário com o aço dos trilhos, o sol pouco cintilante, já meio fatigado pela sua lida, descia lentamente rumo ao poente, quando de repente..., o tempo fechou, começou a chover, a ventar e relampejar, por toda parte escureceu tudo. Na ocasião lia um belo e interessante livro, cujo título era “A Senhora Dama do Baile” da escritora Zélia Gattai, que beleza de obra!

Parou de chover, o tempo melhorou um pouco, não sei os outros passageiros, mas comecei a observar um lindo arco-íris, que expunha com muita sutileza suas lindas cores - vermelha, alaranjada, amarela, verde, azul, anil e violeta, ele parecia não ligar para nada, só fazia questão de ser visto. Muito bonito, corria na mesma velocidade daquele trem. Fiquei impressionado, pois, nunca observara um arco-íris tão de perto. O trem se distanciava da mata, ele também, como se imitando o trem, se o trem se aproximava da mata, lá estava ele, juntinho ali a perseguir minha perplexidade.

Fiquei durante muito tempo observando e pensando o quanto temos de imponência e gratuidade na nossa natureza, que está sempre pronta a nos proporcionar alguns momentos de suavidade e limpeza d’alma, enquanto estamos pouco ligando, como se nada disso importasse ou interessasse para nossa vida um pouco mais íntima, mais profunda. Com tudo o que Deus, na sua imensa bondade nos dá de graça e não sabemos aproveitar na sua plenitude.

Sinceramente, aquele arco-íris com certeza, me deixou mais leve, abriu-me um grande espaço para reflexão de como somos diminutos diante de tamanha grandeza celestial, que é justamente a natureza e não sabemos agradecê-la por isso. É bom pararmos vez por outra para refletirmos sobre isso. Veremos que valerá a pena.