... Continuação dos capítulos anteriores postados aqui no Recanto.
A lenda de Hiphitusi
16. O deserto da Namíbia
Roi já estava desconfiado dos homens que contratara a duas noites. E na terceira, quando o tentaram dominar, fugiu para os confins do deserto árido, levando consigo uma mochila contendo pão e água, seu precioso mapa e um camelo velho.
Desde que ingressaram no deserto da Namíbia, na costa africana, percebia os olhares e cochichos dos três homens, em sua própria língua. O que eles não sabiam é que o agora aventureiro tivera contato antes com alguns turistas da África que lhe ensinaram muitas palavras do seu dialeto e com isso Roi teve certeza de que eles planejavam transforma-lo em comida para abutre, enquanto lhe mostravam sorrisos cheios de dentes tortos e alguns dourados.
Sendo assim todos os dias em que acamparam, ficava um pouco distante deles e colocava um corpo falso embaixo de um pano fino que se utilizava para dormir e ficava à espreita. Então na terceira noite eles vieram sorrateiramente e ao tirarem o pano, depararam-se somente com uma escultura mal feita de areia molhada. Procuraram por todos os lados, mas não encontraram Roi, que assim que teve certeza de sua desconfiança, saiu em disparada pela noite do deserto, seguindo as estrelas em direção ao sul.
Ele acredita que havia ficado com a pior das missões do grupo, pois além da tremenda dificuldade de não se perder nas dunas que constantemente mudavam de lugar, a área a ser coberta também parecia ser a mais extensa. E depois de dias sem se alimentar direito, com a água no fim, tinha certeza que havia encontrado o seu fim.
Rogou diversas pragas contra Kedaf, que era o seu maior estímulo para continuar nesse momento. Queria voltar a vê-lo para destruí-lo, denunciá-lo ao mundo acadêmico, fazer com que ele pagasse por tamanha traição. Sua mente agora entorpecida pelo calor lhe mostrava diversas maneiras insanas de fazer isso.
Conseguiu seguir assim por mais um dia, sem parar a noite. Ao amanhecer descansou um pouco e continuo sua jornada por alguns metros e como não viu nada no horizonte além de duas grandes dunas e uma infinita massa de areia, deixou-se levar pelo cansaço, praticamente caindo camelo.
Ao acordar o sol já estava a pique, mas o camelo lhe fazia uma sombra, talvez com medo que seu cavalheiro falecesse e ele ficasse perdido para sempre. Conseguiu heroicamente se levantar, as dunas haviam mudado de posição e avistou algo aparecendo no solo vários metros à frente.
Arrancou uma energia que talvez estivesse escondida no fundo do seu ser e correu. O que de longe parecia um pedaço de pedra se mostrou na realidade uma grande tampa, que jazia inclinada revelando parte de um acesso para o que ele suspeitava fosse o esconderijo de mais um Lar da Pedra.
Conseguiu alavancar a tampa com um pé de cabra que trazia preso a rahla, um tipo de sela especial que se adaptava ao dorso do camelo, que apesar de incomum naquela região conseguira adquirir por uma barganha.
Uma escada inclinada surgiu e Roi desceu rapidamente os degraus, depois de prender o camelo à alça da tampa, afinal, era sua passagem a salvo para fora do deserto.
Chegou até um corredor escuro e se preparava para acender a lanterna quando uma grande movimentação à frente lhe chamou a atenção. Mais cautelosamente prosseguiu até que chegou num local onde o corredor se alargava para os lados e para cima. Não teve muito tempo para olhar, pois percebeu que várias rachaduras apareciam e cresciam rapidamente no teto de pedra, cerca de vinte metros de onde se encontrava. Voltou correndo por aonde viera, enquanto a areia descia como a água de uma corredeira para dentro do lugar.
De novo ao ar livre viu que uma clareira se abrira no deserto, bem onde minutos antes se encontrava. Precisa agir rápido, em pouco tempo o vento encobriria tudo mover as dunas de areia, enterrando de vez a possibilidade de Roi concretizar sua missão.
Ficou admirado com o que viu ao chegar até a clareira. Havia encontrado o refúgio de uma das partes da pedra Hiphitusi, mas o templo estava todo destruído, como se um terremoto tivesse atingido o local.
Antes de prosseguir procurando o que viera buscar, outro tesouro chamou a sua atenção: uma mina de água brotando do solo num ponto onde várias pedras lisas e pequenas se amontoavam. Acreditou que aquele seria o maior prêmio por tudo que passara até ali.
Nos escombros do templo, conseguiu encontrar primeiro uma sacola contendo três mapas inteiros e outro pedaço de mapa que fora divido em quatro. Conferiu e descobriu que um dos mapas era idêntico ao que carregava.
Abaixo do local onde encontrara os mapas, desenterrou um baú similar ao que acharam antes no Peru, mas o mesmo estava esmagado. Dentro dele partido também em mil pedaços estava o Último Quarto.
Guardou tudo cuidadosamente, abasteceu seu cantil e partiu, rumo a Ramibe. Dois pensamentos passaram por sua mente: o primeiro era que não queria ver mais um deserto por um bom tempo.
O segundo pensamento foi mais sério: será que tinha vindo até longe e quase morrido por nada?
Não tinha resposta para isso!
Clique abaixo para ler a continuação:
17. O reencontro do grupo
Abraços!
www.jgcosta.prosaeverso.net/
A lenda de Hiphitusi
16. O deserto da Namíbia
Roi já estava desconfiado dos homens que contratara a duas noites. E na terceira, quando o tentaram dominar, fugiu para os confins do deserto árido, levando consigo uma mochila contendo pão e água, seu precioso mapa e um camelo velho.
Desde que ingressaram no deserto da Namíbia, na costa africana, percebia os olhares e cochichos dos três homens, em sua própria língua. O que eles não sabiam é que o agora aventureiro tivera contato antes com alguns turistas da África que lhe ensinaram muitas palavras do seu dialeto e com isso Roi teve certeza de que eles planejavam transforma-lo em comida para abutre, enquanto lhe mostravam sorrisos cheios de dentes tortos e alguns dourados.
Sendo assim todos os dias em que acamparam, ficava um pouco distante deles e colocava um corpo falso embaixo de um pano fino que se utilizava para dormir e ficava à espreita. Então na terceira noite eles vieram sorrateiramente e ao tirarem o pano, depararam-se somente com uma escultura mal feita de areia molhada. Procuraram por todos os lados, mas não encontraram Roi, que assim que teve certeza de sua desconfiança, saiu em disparada pela noite do deserto, seguindo as estrelas em direção ao sul.
Ele acredita que havia ficado com a pior das missões do grupo, pois além da tremenda dificuldade de não se perder nas dunas que constantemente mudavam de lugar, a área a ser coberta também parecia ser a mais extensa. E depois de dias sem se alimentar direito, com a água no fim, tinha certeza que havia encontrado o seu fim.
Rogou diversas pragas contra Kedaf, que era o seu maior estímulo para continuar nesse momento. Queria voltar a vê-lo para destruí-lo, denunciá-lo ao mundo acadêmico, fazer com que ele pagasse por tamanha traição. Sua mente agora entorpecida pelo calor lhe mostrava diversas maneiras insanas de fazer isso.
Conseguiu seguir assim por mais um dia, sem parar a noite. Ao amanhecer descansou um pouco e continuo sua jornada por alguns metros e como não viu nada no horizonte além de duas grandes dunas e uma infinita massa de areia, deixou-se levar pelo cansaço, praticamente caindo camelo.
Ao acordar o sol já estava a pique, mas o camelo lhe fazia uma sombra, talvez com medo que seu cavalheiro falecesse e ele ficasse perdido para sempre. Conseguiu heroicamente se levantar, as dunas haviam mudado de posição e avistou algo aparecendo no solo vários metros à frente.
Arrancou uma energia que talvez estivesse escondida no fundo do seu ser e correu. O que de longe parecia um pedaço de pedra se mostrou na realidade uma grande tampa, que jazia inclinada revelando parte de um acesso para o que ele suspeitava fosse o esconderijo de mais um Lar da Pedra.
Conseguiu alavancar a tampa com um pé de cabra que trazia preso a rahla, um tipo de sela especial que se adaptava ao dorso do camelo, que apesar de incomum naquela região conseguira adquirir por uma barganha.
Uma escada inclinada surgiu e Roi desceu rapidamente os degraus, depois de prender o camelo à alça da tampa, afinal, era sua passagem a salvo para fora do deserto.
Chegou até um corredor escuro e se preparava para acender a lanterna quando uma grande movimentação à frente lhe chamou a atenção. Mais cautelosamente prosseguiu até que chegou num local onde o corredor se alargava para os lados e para cima. Não teve muito tempo para olhar, pois percebeu que várias rachaduras apareciam e cresciam rapidamente no teto de pedra, cerca de vinte metros de onde se encontrava. Voltou correndo por aonde viera, enquanto a areia descia como a água de uma corredeira para dentro do lugar.
De novo ao ar livre viu que uma clareira se abrira no deserto, bem onde minutos antes se encontrava. Precisa agir rápido, em pouco tempo o vento encobriria tudo mover as dunas de areia, enterrando de vez a possibilidade de Roi concretizar sua missão.
Ficou admirado com o que viu ao chegar até a clareira. Havia encontrado o refúgio de uma das partes da pedra Hiphitusi, mas o templo estava todo destruído, como se um terremoto tivesse atingido o local.
Antes de prosseguir procurando o que viera buscar, outro tesouro chamou a sua atenção: uma mina de água brotando do solo num ponto onde várias pedras lisas e pequenas se amontoavam. Acreditou que aquele seria o maior prêmio por tudo que passara até ali.
Nos escombros do templo, conseguiu encontrar primeiro uma sacola contendo três mapas inteiros e outro pedaço de mapa que fora divido em quatro. Conferiu e descobriu que um dos mapas era idêntico ao que carregava.
Abaixo do local onde encontrara os mapas, desenterrou um baú similar ao que acharam antes no Peru, mas o mesmo estava esmagado. Dentro dele partido também em mil pedaços estava o Último Quarto.
Guardou tudo cuidadosamente, abasteceu seu cantil e partiu, rumo a Ramibe. Dois pensamentos passaram por sua mente: o primeiro era que não queria ver mais um deserto por um bom tempo.
O segundo pensamento foi mais sério: será que tinha vindo até longe e quase morrido por nada?
Não tinha resposta para isso!
Clique abaixo para ler a continuação:
17. O reencontro do grupo
Abraços!
www.jgcosta.prosaeverso.net/