... Continuação.
 
A lenda de Hiphitusi

8. O Lar da Pedra
 

Dois dias depois o grupo já se encontrava novamente em outro trecho da mata fechada, muito mais próximo ainda de solo brasileiro, precisamente quase na fronteira com o Acre.
Agora seguiam instruções de Kedaf quanto ao itinerário a seguir, pois ele passara somente o nome e a descrição do local no papel que entregara para Roi e Vanuzia. O caminho a ser seguido ele anotou em outra folha, que levava consigo.
A palavra Mesfeqifse, traduzida a através do código Hiphitusi, significava “lardapedra”, o que foi de encontro com as suspeitas de Kedaf que, todos perceberam, estava eufórico.
Seguiram por quase todo o dia até que finalmente alcançaram ao anoitecer um descampado em formato oval, com um pequeno lago no centro. Resolveram montar acampamento e explorar somente na manhã seguinte, sob a luz do sol.
Roi e Vanuzia se afastaram do grupo, que acamparam próximos a umas pedras quadradas e montaram uma barraca bem junto a uma das extremidades do lago, mas nem chegaram a entrar nela, ficando sentados a observar o escuro da noite, aquecidos pelo calor de uma pequena fogueira.
Perceberam a distância que já não havia qualquer tipo de movimentação no acampamento e verificaram a localização dos dois seguranças de plantão, que se revezariam durante a noite com os outros dois, circulando em toda a volta do local, tendo como objetivo principal espantar qualquer animal selvagem que viesse a querer entrar no descampado.
Como o casal se encontrava aproximadamente no centro do local, isso conspirado com a noite escura, nesse momento de um céu um pouco nublado, os dois aproveitaram para fazer algo que desejavam já há algum tempo: se amar!
Começaram de forma tímida embaixo dos panos grossos que os protegiam da pequena queda de temperatura propiciada pelo início do outono, mas logo se desvencilharam de tudo e somente alguns raios do luar que conseguiam passar por entre as nuvens cobriam os seus corpos, que incendiavam e chegavam a brilhar devido o suor.
Após mais de uma hora de amor intenso, desabaram exaustos sobre a relva macia, mas logo se sentaram ficando abraçados o reflexo da lua que resolver aparecer, caminhando cheia e lentamente sobre o espelho que se transformara a superfície do lago.
Dormiram um nos braços do outro, sendo acordados pela manhã devida a forte luz do sol em seus rostos, aliado ao barulho dos integrantes da expedição, que já se movimentavam. Vestiram-se apressadamente entre sorrisos, trocaram mais alguns abraços e beijos apaixonados e enfeitados por juras de amor, e se uniram aos demais.
O grupo já fora dividido em três, seguindo orientações de Kedaf e cada um deles liderava uma equipe . Não parecia a princípio, mas o lugar se mostrou maior do que o esperado e pela parte da manhã nenhuma novidade foi descoberta, nem um mero vestígio sequer.
Não sabiam ao certo o que procurar, já que todo o descampado era plano feito um enorme tapete. Haviam imaginado se deparar com uma gruta, ruínas ou até uma caverna, mas somente alguns restos de construções antigas foram localizadas, as quais não valiam o desperdício de tempo numa investigação mais minuciosa. E mesmo nessas ruínas nenhum sinal do código Hiphitusi foi detectado.
Pararam para comer e alguns carregadores resolveram se divertir nadando um pouco. Um deles deu um grito, chamando a atenção dos líderes até uma borda do lago.
-- Eu vi algumas palavras numa pedra, lá embaixo!
-- Tem certeza? – Berrou Kedaf assustando os demais.
-- Tenho sim, mas não são palavras comuns.
Os demais integrantes do grupo não tinham conhecimento sobre o código e nem precisavam saber, segundo sugeriu Kedaf. Apenas cumpriam ordens, pelas quais eram bem pagos.
Imediatamente o príncipe tirou o casaco que usava e todos os papeis dos bolsos da camisa e da calça, mergulhando a seguir sem ao menos pensar duas vezes.
O lago era profundo e ele teve que retornar à superfície por duas vezes para encher de ar os pulmões, antes de achar na parede de terra uma grande pedra que se destacava, onde a inscrição citada pelo carregador estava talhada.
Lá estava ela, com um musgo esverdeado contornando os caracteres, formando palavras que brilhavam diante dos olhos dele: MES FE QIFSE.
Analisou a pedra de cima a baixo e quando estava ficando quase sem ar, retornou em poucas braçadas até a superfície e saiu do lago, satisfeito.
Chamou os dois líderes e foi caminhando no meio deles. Passou um braço pela cintura de cada um e exclamou sorrindo:
-- Achamos amigos! Achamos o Lar da Pedra!
 

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9. O templo submerso
JGCosta
Enviado por JGCosta em 05/01/2010
Reeditado em 11/01/2010
Código do texto: T2011872
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