SUBLIMAÇÃO.

SUBLIMAÇÃO.

Pessoa de forte poder de opinião, porte atlético invejável, vida saudável sem excessos, inclinação para a formação de amizades, coração sem maldades e com testemunhos reais de ajuda ao próximo.

Repentinamente, em um acidente automobilístico, sua vida foi ceifada,

deixando parentes e amigos inesperadamente sem a sua companhia.

A inexplicável ausência foi sentida por todos seus companheiros de vida tranquila, intensa e afortunada.

Sua alma, imediatamente à ocorrência, não acreditou no acontecido,

permaneceu inerte, em dúvidas, calada e atônita, no local, rigorosamente dentro do veículo acidentado, totalmente destruído e em chamas, pela violência da colisão que se deu.

Minutos após, levantou-se do banco do carro, tentando desvencilhar-se das ferragens retorcidas e do calor insuportável que sentia, fruto do incêndio que se iniciava.

Por estar dirigindo só, procurou ajuda de terceiros, mas sem êxito, por estar em local ermo, apenas visualizando seu automóvel diante daquela árvore em que colidiu.

Tentou pegar o celular, para comunicar-se com familiares, no sentido de obter ajuda, sem sucesso, pois apenas estava com as vestimentas rasgadas. Saiu do local, em desabalada carreira, em busca de socorro, visto que já era madrugada naquele momento, não encontrando nenhuma pessoa que lhe desse ajuda. Observava luzes de casas e veículos que passavam em alta velocidade, sem sequer parar para saber o que tinha acontecido.

Deparou-se com aquela situação e em atitude desesperada, posicionou-se no meio da estrada, retirando a camisa rasgada e fazendo movimentos circulares com as mãos, tentou chamar a atençao dos motoristas que trafegavam naquela rodovia.

Um caminhão que transportava telhas, em pequena velocidade, se aproximava e ao chegar próximo, não diminuiu a marcha para parar, sentindo que seria atropelado, deu um salto para fora da direção do veículo, que continuou viagem, sem ao menos acenar para aquela pessoa que se encontrava exatamente no meio da via. O desespero e a ansiedade aumentaram e sem mais nenhum senso de tranquilidade, resolveu permanecer ali, parado, no centro de uma rodovia deserta e escura. Alguns minutos depois, viu ao longe um brilho intenso de faróis que se aproximavam rapidamente. Era uma possante carreta que transportava eletrodomésticos, em velocidade extrema. Não arredou pé de onde estava e em movimentos frenéticos tentava estabelecer comunicação com o motorista, que se aproximou perigosamente daquela pessoa e continuou o seu itinerário normalmente, sem nada acontecer.

Foi neste momento que ao ser transpassada pela carreta que aquela pessoa sentiu um enorme congelamento em suas entranhas. Voltou ao local do acidente, para procurar novamente o celular e aí sim, viu seu corpo em chamas, já totalmente carbonizado, tanto quanto o seu carro.

Ajoelhou-se diante daquela cena e orou a Deus para que aquilo não fosse verdade, para que tudo não passasse de um sonho, para que voltasse ao convívio de seus familiares, amigos e pessoas que precisavam dela, para que voltasse à vida normal. Não acreditando, retornou à BR e deitou-se no mesmo local, na pista, para certificar-se de sua morte. Já se iniciava a manhã, o fluxo de veículos aumentava e ela permanecia ali, deitada, sendo "atropelada" por carros, ônibus e caminhões que seguiam seus destinos. De repente, tudo escureceu por alguns segundos e logo após luzes cintilantes piscavam como admiráveis Árvores de Natal, anunciando o nascimento de Jesus. Foi asim que aquela alma foi recebida no além do universo. De lá viu seus entes-queridos, tristonhos mas resignados na certeza de que sua alma estava em bom lugar. Sentiu um alívio impensável, suas vestes tornaram-se da côr cinza que significa a ausência e a união de todas as cores, sua voz se fazia ouvir por todos os espaços porém de maneira suave como todas as outras vozes, comunicava-se com todas as pessoas do cosmo através de sinais, sentia a brisa do ar, o calor do sol e podia se deliciar com a beleza da lua.

Era a pura sublimação.

Por: Jaymeofilho.

09/12/2009.

Jaymeofilho
Enviado por Jaymeofilho em 10/12/2009
Reeditado em 22/07/2011
Código do texto: T1969762
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