A RECONCILIAÇÃO
Por muitos anos tenho tido um sonho. É um sonho que eu almejo acima de todos os outros. Tem sido um sonho sonhado e tem sido um sonho acordado. Nessa época do ano – final de ano – esse sonho se renova. Afinal, de que sonho estou eu falando?
É o sonho do encontro "tête-à-tête" entre Deus e o Diabo. Vejo os Dois – não em um dia apocalíptico – mas em um dia em que o AMOR será posto a toda prova. O dia em que o Diabo – já completamente desfigurado e esquálido por levar em si o peso dos remorsos de consciência acumulados em centenas de milhares de anos –esvaindo-se em amargura e solidão, exausto da ausência do Criador, anelando a morte das mortes, tem uma réstia de esperança de estar – nem que seja pela última vez – diante de Deus e clamar por misericórdia e pedir o perdão. A cena que vislumbro é a de um casal de amantes que estão brigados e anseiam ardentemente pela chance de voltarem a se amar.
Vejo o Diabo percorrendo os quatro cantos do Universo numa busca desesperada pra encontrar Deus. E nesse dia, o Diabo com suas mãos frias e trêmulas, voz embargada, olhos derramando rios de lágrimas e um CORAÇÃO a ponto de infartar de ARREPENDIMENTO aproxima-se do Deus que também já estava cansado de procurá-lo e os Dois se miram por alguns instantes.
Olhos nos olhos e nenhuma palavra é sussurrada; Deus e o Diabo não conseguiram falar (ou não quiseram); ABRAÇARAM-SE pela eternidade e um GRANDE BEIJO NA BOCA foi visto e o UNIVERSO EMUDECEU diante de tamanha RECONCILIAÇÃO.