O Vinho

Andando pela noite sozinha

De longe avisto um abrigo.

Dele exala um cheiro

Cheiro de tempo antigo.

No caminho ouço as vozes

Daqueles que, por ele, foram fascinados.

Hipnótico e muito envolvente

Todos assassinados.

Lá dentro a púrpura reina

Cada qual em seu lugar, tudo divino.

Desde o hall da entrada

Até a mesa posta, e um delicioso vinho.

Na taça, ainda está quente

O drink puro e imaculado.

Que me foi servido humildemente

E com cuidado foi ceifado.

No primeiro gole a surpreza:

Na boca é doce como mel.

Quando chega em minhas entranhas

É amargo como féu.

Vou sentindo pelo corpo

Vai correndo por minhas veias.

Se a bebida é assim

Quem dirá a ceia.

Na sala a mesa farta

Cabeças, braços, há muita opção.

Mas o que mais anseio

É um pulsante coração.

Em cada pedaço, uma lembrança

Em cada lembrança, uma dor.

A dor de alguém que nunca na vida

Soube o que é amor.

Essa dor contagia meu corpo

E alimenta minha alma.

Pobre criatura infeliz

Mas para mim não faz falta.

O casarão, em mim, não pode tocar

Pois meu ser vivo não é mais.

Sou apenas um espírito perdido

Que nunca mais terá paz.

Lady Charisthy
Enviado por Lady Charisthy em 02/12/2009
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