Relaxamento (miniconto)

Estresse, depressáo, melancolia. Feliciano não suporta mais ouvir falar sobre o assunto. Radicaliza geral! Se inscreve em uma oficina de relaxamento. Um casal simpático o espera na porta. Estão vestidos de branco. O mestre explica: “Relaxamento é o definitivo na vida. É o momento quando uma pessoa se torna iluminada. Relaxe. Diminua a velocidade. Não tenha pressa. A tensão é o mesmo que ter pressa, medo, dúvida. Relaxe todo o seu corpo. Relaxe. Mas, não durma. Fique consciente. Feche os olhos e escute o seu corpo. Converse com cada parte do seu corpo. Peça para relaxar. Então, relaxe.” A voz do mestre foi ficando longe, muito longe. Feliciano, quase não ouve mais a respiração dos participantes. Suas pálpebras estão pesadas. Ele é o único a experienciar o tal do relaxamento pela primeira vez. E como é bom relaxar. Parece que o tempo, para! O corpo se transforma. O pulmão se expande. O coração dança dentro do peito. De repente, um barulho ensurdecedor. Ruááááááááronruáronruá... Abre os olhos e fica perplexo ao visualizar os participantes em pé. Alguns de braços cruzados, outros com o rosto fechado. Todos ao seu redor. Feliciano dormiu. Roncou tanto e tão alto, que foi impossível continuar a meditação.