Superando obstáculos. (conto)
Gira como o mundo gira,
na liga da vida,
nos alçapões do dia e da noite;
nas vias reflete,
como a luz que acende,
e que também se apaga.
Com fábulas e ilusões,
busca a realidade,
que esbarra,
muitas vezes em fatalidade,
julga-se se condena,
cala-se.
A angustia, o medo à dor,
trabalha na mente,
na disciplina, na transformação.
Na canção, nuns poemas;
o lenitivo.
Com as mãos pro céu,
agradece esmorece diante a grandeza,
chora, para lavar a alma,
ora por cada momento que se supera,
por ser tão comum,
homem do povo,
não é conhecido, nem aplaudido,
mais tem uma grandeza de alma,
é um trabalhador, batalhador,
tem as mãos calejadas,
um corpo cansado,
uma alimentação pobre,
não tem como se cuidar,
sempre foi assim,
desde que nasceu
vem sofrendo para sobreviver,
o seu dia a dia, não é fácil,
tem que se superar.
Sempre fora honesto,
tem que haver uma recompensa,
ele foi sempre um exemplo.
Não deixava se abater,
diante do jogo da vida,
que o afrontava,
sempre dava um jeito de vencer,
tornava-se mais forte, astuto é sábio;
a vida lhe ensinara,
muitos conhecimentos,
experiências adquirira,
sabia escolher,
compreendia os bons e os maus caminhos.
Já não se perdia,
a mente clara,
como um raiar de um belo dia,
era assim que se sentia.
Sem medo, com objetivos, seguro de si,
amava se amava, aprendera a ser amante,
da terra,
dos astros do universo,
da vida.
Sentia-se leve, forte,
um vigor, uma alegria, uma alma cândida nele resplandecia.
sentia-se um homem de sucesso,
aprendera com o sofrimento, com a pobreza,
com a humilhação, com o preconceito,
com tudo de negativo que há nesse mundo.
nada mais o abatia,
sua coragem era insuperável,
e o seu trabalho um sucesso.
Sentia-se renascer a todos os momentos,
sua mente clara e objetiva,
via o horizonte sempre azul, promissor,
sempre mais longe ele via.
A sua jornada não tinha limite,
por que ele superou todas as barreiras,
sempre conseguia um bom lugar,
muitas vezes vencia em primeiro.
Sai da casa dos seus pais quando tinha 12 anos,
menino irrequieto, não se contentava com a pobreza onde vivia.
Seus pais lavradores lutavam numa terra seca infértil,
lá quase não chovia, a água era um tesouro e muito pouco conseguiam;
só o necessário para a alimentação, beber menos que o necessario
e as vezes tomar um meio banho.
Raramente havia alguma coisa para comerem.
Com 7 irmãos, levavam uma vida miserável.
Com 12 anos só tinha ido a escola os dois primeiros anos primários,
suficiente para aprender um pouco escrever, ler algumas palavras.
Tinha ganhado um único presente de sua professora, único da sua vida, até aquela idade,
um livro de poesia, que ele sempre folheava as páginas soletrando pouco a pouco,
assim aprendendo novas palavras novas letras, melhorando sua leitura,
com o passar do tempo já lia desembaraçado, talvez por que repetia todos os dias,
varias páginas do livro.
Adorava aquele livro, amava aquelas poesias.
Tinha uma que ele amava demais e por isso decorava.
“A poesia se chamava.”
Glorioso todos os dias.
É assim como o sol,
tão glorioso, iluminador,
majestoso;
que vem lá do alto,
para alimentar a nossa terra,
dá vida, alegria,
fortificar as raízes.
É um sol que ninguém pede para vir,
mais vem por vontade própria,
vem para ajudar,
para que o dia,
seja iluminado com sua luz.
Assim eu serei como um sol,
sempre disposto,
com a vida,
quero sempre iluminar,
ninguém precisa me chamar,
todos os dias eu renascerei,
aqui,
em boa parte da terra,
o meu calor eu projetarei.
Quero ser assim como o sol,
deixar uma parte da terra iluminada,
enquanto a outra parte descansa a noite,
e depois eu me mudo,
aqui ficará noite,
e onde é noite ficará dia.
Faço um reverso,
quando eu dou as costas,
uma parte fica no escuro,
mais quando estou de frente,
eu ilumino.
O sol se esconde atrás das nuvens,
quando a chuva quer cair,
ele sai de mansinho,
deixando a água vir,
molhar a terra,
ele sabe que é necessário,
sem a chuva não nasce plantas,
nada vive sem água.
Quero ser como o sol,
mais bondoso ainda
de vez em quando sair
deixar as nuvens carregar
deixar que a chuva caia.
Glorioso todos os dias,
virtuoso,
andarei sempre de frente,
a iluminar,
só ficarei de costas para descansar,
para deixar a chuva cair
quando for noite,
e for dormir.
Uma coisa ele tinha, a fé, aprendera com seus pais; no meio de todo aquele sofrimento,
eles tinham muita fé em Deus, em nossa senhora, nunca deixaram de acreditar,
de rezar todos os dias agradecendo por mais um dia.
João naquela noite não dormia esperava que todos se recolhessem para sair, fugir.
E assim fez, quando percebeu que todos dormiam, ele pegou o livro de poesia,
e só com a roupa do corpo fugiu.
Depois de algum tempo andando no escuro chegou à estrada que levava a vila mais próxima, ia até um posto a um seis quilômetros a diante tentar pegar uma carona.
por sorte quando chegou ao posto um caminhoneiro estava para sair, viajar para São Paulo.
Más como? Quem em sã consciência iria levar o menino foragido, ele já sabia disso que ninguém daria uma carona para ele. Muito esperto averiguo para ter a certeza que aquele caminhão iria para o destino que ele queria. Estudou uma maneira de entrar no caminhão sem que ninguém percebesse, e como era noite, entre as sombras conseguiu subir na carroceria que estava coberto por uma lona e se escondeu.
Ficou quietinho, cansado deitou em cima de uns papelões, logo adormecendo.
Dormiu todo o trajeto, graças que não houve nenhuma fiscalização no caminhão.
Um barulho de vozes de transito o acordou, olhando por uma fresta de soslaio, viu muita gente carregadores, caminhões sendo descarregados, pensou então aqui deve ser São Paulo, procurou sair muito sutilmente, para ninguém perceber, conseguiu num pulo ligeiro, hábil saiu a procurar a rua.
Para onde iria, estava com um pouco de fome, sabia que São Paulo era perigoso, tinha que se cuidar com os bandidos, os traficantes, o que fazer? Pedir: estava numa avenida, estava com medo, medo dos predios que pareciam não ter fim do transito infernal do barulho e mais ainda de muitas pessoas que iam para lá e pra cá; sentiu-se meio tonto zonzo, sentou-se mais logo notou alguém abrir as portas de uma loja; era um senhor de uns 50 anos mais ou menos, homem branco, cabelos grisalhos, parecia um senhor amistoso, arriscou, olá, bom dia, o senhor precisa de ajuda, se quiser eu trabalho para o Senhor Só pela comida.
Não precisa dá dinheiro, eu só quero um pedaço de pão. O dono da loja olhou analisou, e disse, não, não preciso de ninguém muito menos um moleque de rua, eu conheço vocês só servem para aprontar incomodar, não querem nada com nada. O menino insiste, por favor! eu não sou vagabundo, eu vim da roça, olha minhas mãos, todas calejadas pela enxada, até ontem eu trabalhava na roça com meus pais, pelo amor de Deus, me ajude eu vim de muito longe e não sei o que fazer. Nessas alturas o homem que tinha um coração bondoso se emocionou com o menino e disse: está bem, está vendo esses vasos de flores coloca ali na frente, essas mudas também. Olha lá atrás no galpão tem que varrer o piso e depois molhar as plantas, quando terminar volta aqui para tomarmos café.
João esperto, acostumado a trabalhar fez tudo direitinho, colocou os vasos e as plantas na frente da loja, varreu tudo, regou as plantas e flores. Nunca tinha visto tantas flores tão bonitas; estava feliz com aquele trabalho, embora cansado, estava radiante feliz.
O Senhor Luiz olhava por baixo das lentes dos óculos, ficando admirado com a destreza do menino no trabalho, viu que o garoto aprontou as tarefas e o chamou, o! menino pode vir tomar um café.
O Senhor Luiz o levou para trás da loja a uma escada, subiram para o andar superior.
Passando por uma sala que dava acesso aos demais cômodos indo até a cozinha, chamou sua esposa, Maria eis aqui um ajudante, quero te apresentar: como é o seu nome menino? João, o meu nome é João, há sim João essa é Maria minha esposa, Maria sirva um bom café a ele que ele merece, volto lá pra loja deixei tudo sozinho, podem me roubar, trate bem o menino e depois vamos conversar.
O menino envergonhado tímido, nunca tinha visto tantos alimentos apetitosos, sentia o cheiro do café dos doces, via as frutas que certamente eram deliciosas.
Dona Maria mandou que comesse o que quisesse que ficasse a vontade; João por sua vez educadamente pediu licença para agradecer a Deus, fez uma oração agradecendo o alimento, ao Sr. Luiz e a Sra. Maria, pelo acolhimento, pela bondade; Maria comovida com o gesto do menino deixou cair as lagrimas, vendo a simplicidade, a humildade daquele menino que parecia tão perdido, desesperado, e tão inocente.
Maria baixou os olhos e também agradeceu pela primeira vez na hora do café. Ela agradecia, sentia-se como uma mãe, um sentimento que nunca teve, pois nunca tiveram filhos.
Após o café Maria preparam um lanche para o Sr. Luiz, uma garrafa térmica com café e leite, pães e doces. Dirigem-se para o andar térreo, para a loja ela e João.
O Sr. Luiz pede para que os dois sentem para conversarem enquanto ele toma café nos fundos da loja. Diz a Maria, Maria, você sabe que precisamos de um ajudante, não estamos dando conta do serviço, e esse menino parece ser o que precisamos, é educado trabalhador, prestativo. Acho que podemos deixá-lo ficar. Temos quartos de sobra, portanto penso que ele chegou à boa hora.
Maria diz: Luiz! creio que você tem razão, más sabemos da historia de João, isso pode nos dá problemas, temos que comunicar aos pais do João que devem estar preocupados com o sumiço do menino. Sinto que esse menino é uma pessoa boa, bem educado, apesar de serem muitos pobres seus pais lhe ensinaram boas maneiras, o amor a Deus e a fé, atributos que não é qualquer criança que tem, acredito nesse menino.
Luiz: vamos escrever uma carta avisando sobre o João, que ele está bem, que está aqui conosco, e nos comprometemos de cuidar do menino, se eles aceitarem podemos ficar com ele, ou então temos que mandá-lo de volta.
Maria: sim espero que não tenhamos problemas com a justiça; por hora vamos ficar com ele.
D. Maria e o Sr. Luiz nem mesmo sabiam por que faziam aquilo, não eram do feitio deles esse tipo de caridade, não sabem por que aquele menino o haviam lhe tocado a alma, talvez a fé a religiosidade daquele garoto, os olhinhos suplicantes cheios de esperanças, tocavam a alma de D. Maria e do Sr. Luiz.
O garoto por sua vez encheu-se de alegria, com os olhos brilhante, cheios de lágrimas ajoelhou-se e agradeceu por ter caído em tão boas mãos, por Deus ter colocado em seu caminho um casal de pessoas bondosas.
Depois de agradecer recitou o seu poema favorito:
É assim como o sol,
tão glorioso..........
majestoso............
E por fim disse eu serei como o sol,
iluminarei sempre.....
Igual o sol.
Os pais de João receberam a carta do Sr. Luiz, suspiraram agradecidos a Deus.
Tinham procurado por João nos arredores na vila e não o tinham achado. Graça a Deus,
ele estava em boas mãos, o anjo de guarda cuidara bem do seu filho o guiara para uns braços afetuosos, pessoas, de bom coração.
Rezaram muito, aliviaram a alma do desespero, da angustia, e da perda.
Escreveram também para o Sr. Luiz autorizando a ficar com o seu filho, contando toda a sua história de vida, a miséria, a fome, todas as necessidades pela qual eles vivem, e por isso sentem um desespero enorme; aceitam que João fique com O Sr. Luiz e D. Maria, talvez o filho tenha uma boa sorte, um futuro melhor sem muito sofrimento.
João fica deslumbrado com tudo que vê, nunca tinha experimentado tanta comida boa, nunca tinha visto televisão, tudo era novidade, o luxo, ele se maravilhava com tudo.
O Sr. Luiz e D. Maria, também estavam contentes, felizes, sentiam-se como pais desde aquele dia que João apareceu, a casa ficara mais alegre, jovial, davam ao João muito carinho, presentes, brinquedos. João estava vivendo em um outro mundo, um mundo encantado.
João começara a estudar, era orientado, educado aprendeu a desviar das más companhias, era um garoto especial.
Trabalhava, ajudava em tudo que podia; um dia teve a boa idéia de vender rosas nos restaurantes da rua onde mora, pedia paro o Sr. Luiz e D. Maria deixar; ele queria ganhar o seu próprio dinheiro. O Sr. Luiz achou melhor, deixar o menino vender as rosas, isso iria fazer bem para a auto estima de João.
Indo primeiro falar com todos os donos dos restaurantes que conhecia.
João começaria a vender as rosas lá por volta das dezenove horas ate as vinte e três hora.
Quando ligaria para o Sr. Luiz para ir buscá-lo.
Assim era feito todos os dias, e João havia se revelado um grande vendedor.
João começara a economizar dinheiro, para mandar para seus pais.
Todo o mês conseguia uma boa quantia que dividia com sua família, mandava sempre pelo correio.
Ele ia bem aos estudos, queria agradecer a sua nova família por isso caprichava,
trabalhava, estudava, fazia o possível e o impossível.
Teve uma boa idéia, pedia ao Sr. João que lhe deixasse ficar com mais um quarto, queria transformar num escritório de vendas.
Os comerciantes da rua ficaram admirados com João como ele era bom com as vendas, ofereciam a ele produtos de suas lojas, queriam que João representasse os seus negócios.
O Sr. Luiz aceitou, diante do entusiasmo de João, deixou mais um quarto a disposição. Um telefone, um computador.
João já tinha feito um curso de informática, era um dos melhore alunos, entendia muito,
assim usando a internet para ampliar suas vendas.
Em pouco tempo João se tornara um eximo vendedor, ganhando mais e mais clientes,
fez diversos cursos, ampliando seus conhecimentos, nessa área.
Foi sucesso. Em um ano João ampliou seus negócios, tornou-se conhecido, um rapaz carismático, honesto, dinâmico, logo já era um micro empresário.
João iluminava como aquele poema que tanta amava, era um sol, era uma luz, um vencedor.
João continuava a estudar, fez faculdade de administração, de letras,
Escreveu por enquanto dois livros, um que se chama; “eu sou como o sol”, outro, “não existe barreira para quem tem fé.”
Ele continuava o horizonte não tinha final, se tornara um grande empresário.
Palestrava: ensinado as táticas de vender, orador nas faculdades nas indústrias,
nas escolas, nos colégios, professor, catedrático.
Tira os seus pais da miséria, da fome, da ignorância.
O menino pobre, que com a fé e a disciplina vencia todos os obstáculos.
Cláudio Domingos Borges. 02-07-2009.